A cadelinha Mel, de apenas 8 meses, caiu de uma sacada enquanto brincava com outros cachorros em Bertioga, cidade litorânea de São Paulo.
A cachorra da raça pitbull fraturou a vértebra T13, por isso, precisou passar por uma cirurgia e está na clínica veterinária até hoje. Agora, parte do seu tratamento inclui o uso do canabidiol (CBD) para ajudar na recuperação.
Ao contrário do que muitos pensam, o uso de cannabis para o tratamento veterinário é cada vez mais comum no mundo e até no Brasil.
Na Universidade Federal de Santa Catarina, por exemplo, o estudo do Sistema Endocanabinoide, sistema do corpo por onde a cannabis funciona, já entrou na grade dos alunos de veterinária.
Eles são úteis para uma variedade de condições, sobretudo dores, inflamações e possui uma ação antioxidante.
A tutora da Mel é a Natallyany Brasil de Macedo, que junto com o seu marido, levou a cachorrinha para casa com apenas 45 dias de vida.
Desde então, ela convive com a família, que também tem mais um cachorro e um gato, ambos de dois anos.
No dia 24 de abril, Natallyany e o esposo foram visitar alguns amigos na mesma cidade. Para não deixar os pets sozinhos, eles também foram e ficaram brincando na varanda, enquanto os colegas conversavam.
Foi por volta das 22 horas que a pequena Mel, sem saber exatamente o que estava fazendo, pulou da varanda. Com a queda ela fraturou a vértebra e já não mexia as patas.
Os pets geralmente não têm muita noção do perigo, principalmente filhotes, e isso pode resultar em acidentes domésticos.
Por isso, é aconselhado colocar portões em escadas, manter as plantas fora do alcance e telas de proteção.
“A Mel pulou rápido demais e não deu tempo de fazer nada e naquele momento eu só pensei em ligar para o número de uma veterinária que estava no meu celular”.
Na clínica, não demorou para a médica perceber que a cadela precisava de uma cirurgia.
Atualmente, Natallyany não está trabalhando e quem cuida das finanças da casa é o marido que é tatuador.
Ele havia obtido R$600,00 de um trabalho, e os dois planejavam usar o dinheiro para fazer o mercado. Contudo, com o acidente da Mel, eles tiveram que mudar os planos e usar o dinheiro para cuidar da cadela.
“O valor era uma coisa que a gente não tinha. Nos dias que ela está na clínica, são R$300,00 a diária. (…) sem contar que ela teve que tomar uma injeção no valor de R$150,00. É uma situação que nunca imaginei passar”, acrescenta.
É graças a ajuda de amigos e vendas de rifas que a cadelinha ainda continua na clínica veterinária.
A maior parte do valor da cirurgia, que custou mais de dois mil reais, foi doada por uma pessoa que se sensibilizou com o acontecimento.
Contudo, o CBD terá que ser usado todos os meses.
Já nos primeiros dias da cadela no consultório, a doutora pediu autorização para a família para administrar o canabidiol. A doutora já avisou que Mel terá que usar pelo menos um frasco ao mês.
Para o alívio da família, enquanto a cadela estiver na clínica, o óleo estará incluso na diária. Contudo, depois que ela sair de lá, Natallyany terá que bancar o tratamento.
Segundo o veterinário João Lourenço, que utiliza a cannabis como tratamento em pets há um tempo, a cannabis é um importante aliado.
“Ela possui ação anti-inflamatória e analgésica. Também tem um efeito neuroprotetor, que facilita a produção de mielina (células que envolvem os neurônios) e de antioxidantes.” acrescenta.
Natallyany conta que o óleo da cannabis ajudou a cadela a se recuperar mais rápido e tem fé que ela ande novamente. “A veterinária falou que desde o momento que ela começou a tomar (o canabidiol), ela ta se recuperando, está mais esperta”, diz.
No entanto, o óleo feito da cannabis não é barato, mesmo àqueles destinados para os animais. A tutora também acrescenta que ainda está pesquisando onde conseguir o óleo de forma barata e segura.
No Brasil, o uso de derivados da cannabis só foi possível em 2015, depois da luta de pais e pacientes que precisavam importar o óleo. Contudo, para os animais ainda é um limbo, não há nenhuma lei ou recomendação que proíba ou permita o uso veterinário da planta.
“O que existe é uma discussão. Quem é contra, diz que não é comprovada cientificamente pelo órgão competente, classificando como tratamento experimental. Por outro lado, os que são a favor como eu, defendemos que devemos usar todas as ferramentas que dispomos a favor para fazer o melhor tratamento possível. Seria antiético da nossa parte desconsiderar a cannabis sabendo que ela pode ser útil em vários casos” explica.
Atualmente há até um projeto de lei que visa a regulamentação da utilização da cannabis para uso veterinário.
A PL 369/2021 foi apresentada no plenário em fevereiro, pelo deputado federal Bacelar (Podemos – BA), e dispõe sobre a aplicação de “Cannabis sativa” e seus derivados na medicina veterinária.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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