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Histórias Reais

“Eu não sinto mais dores”, diz paciente um mês após o uso do CBD



21/10/2021



No mês da consciência do câncer de mama, conheça a história da Edilaine, que começou a ver os resultados um dia após o uso do canabidiol.

Depois de tirar a mama esquerda, passar por quimioterapias e radioterapias, Edilaine Oening pensou que tinha superado o câncer, mas não foi o que aconteceu. 

Pouco tempo depois da mastectomia ela descobriu um tumor no quadril, do qual não poderia ser operada. Com o recurso do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) negado, ela precisou vender trufas para completar a renda.

 Mas a pior parte eram as dores do novo nódulo, que a incomodavam até para se levantar ou abaixar. 

Contudo, foi depois do uso do óleo de cannabis que ela voltou a ter qualidade de vida. As dores sumiram e a sua disposição voltou. Hoje ela caminha para todos os lugares entregando trufas “As pessoas só sabem que tenho câncer por causa do meu cabelo”, ressalta.

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Foto: Arquivo Pessoal

Câncer de mama

Edilaine descobriu um tumor em agosto de  2018 com apenas 28 anos. O câncer de mama é o câncer mais comum entre mulheres no mundo e também o que mais mata. No Brasil ele é o número dois entre mulheres.

Só em 2019 foram quase 60 mil casos no país. No entanto, segundo uma pesquisa feita pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), a mortalidade no Brasil é baixa, mas desigual do ponto de vista social.

A gaúcha precisou passar por quatro quimioterapias vermelhas e 21 brancas, conhecidas por seus efeitos colaterais bastante intensos. Os mais característicos, por exemplo, são a queda de cabelo e a anemia. 

Em abril de 2019 ela fez uma mastectomia radical em que tirou a mama do lado esquerdo e na mesma cirurgia ela já colocou uma prótese de silicone para substituir o seio arrancado.

Depois de todos estes processos, Edilaine ainda teve que passar por 28 radioterapias e em maio de 2020 foi liberada pelo INSS para voltar a trabalhar.

Descobrindo novas dores

 Mas o alívio não durou muito tempo. Depois que voltou a trabalhar, ela começou a sentir dores no quadril, mais especificamente no encaixe da pelvis. O desconforto não deixava ela se mexer direito, até se abaixar ou se levantar era difícil. 

“Passei com o meu médico oncologista, Bruno Ramos, que me pediu alguns exames. Mas nós achávamos que era por conta de eu estar muito tempo parada sem trabalhar”, completa.

Os exames vieram com uma alteração no quadril, como se ela tivesse fraturado o local e agora estivesse crescendo os ossos de forma desordenada. Foi através de uma ressonância magnética em novembro de 2020 que ela descobriu uma metástase. 

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Foto: Arquivo Pessoal

O que isso significa?

O câncer  de mama pode se manifestar de duas maneiras: Se ele não for invasivo, ele estará contido em uma das mamas sem a possibilidade de se espalhar para o corpo.

Neste caso, o nódulo é revestido em uma membrana onde as células ruins ficam contidas lá dentro.

Porém, se o tumor for invasivo (também conhecido como maligno), tende a romper as membranas e células cancerosas e se espalhar em outras áreas do organismo.  

Foi o que aconteceu com Edilaine. Assim como a remoção do nódulo no seio, ela e o médico ainda cogitaram fazer uma cirurgia para remover o tumor do quadril. 

Seria uma cirurgia bastante complicada, em que  a cabeça do fêmur seria trocada por uma prótese e também iriam  encurtar a perna. Isso tiraria o foco principal, uma vez que o tumor do seio já havia sido removido.

Contudo, os exames também mostraram outros focos, como outro alojado também na pélvis e um no crânio. Por isso, a cirurgia não adiantaria muita coisa e inclusive, poderia ser prejudicial.

“Como é um procedimento bem demorado e minha imunidade iria abaixar, isso exigiria muito do meu corpo. (…)Eu posso ter outros focos pelo corpo que podem acordar com um procedimento assim, mais agressivo.” acrescenta. 

De acordo com o Breast Cancer, cerca de 30% dos cânceres, mesmo descobertos em estágio inicial, podem ser malignos, ou seja, desenvolver metástase. 

Mama rejeitada e retirada do ovário

Como se não bastasse, o seu corpo rejeitou a prótese de silicone, que ela teve que retirar em maio deste ano. Agora, ela só possui um seio do lado direito, que pretende remover para não atrapalhar nos afazeres.

Em agosto, ela também precisou retirar os ovários para diminuir a produção hormonal. Infelizmente, a maioria dos cânceres de mama possuem receptores hormonais, número que pode chegar a 70% dos casos. O que não é nada bom.

Isso porque os receptores atraem o hormônio para si, o que ajuda a multiplicar suas células cancerosas e consequentemente, aumentar o tamanho do tumor.

“Então, tirando os ovários, a gente parava com a produção (hormonal) e agora eu vou começar com uma quimioterapia oral”, ressalta.

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Foto: Arquivo Pessoal

Pedido do INSS negado

Quando Edilaine ainda estava fazendo as sessões de quimioterapia branca do câncer de mama, a perícia médica do INSS negou o seu pedido de auxílio-doença.

A justificativa era que ela se comunicava muito bem e dirigia sozinha. Por isso os médicos achavam que ela poderia voltar a trabalhar normalmente. “No laudo apareceu até a placa e a cor do meu carro, então estavam me liberando para voltar a trabalhar”, complementa.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), só entre maio e junho deste ano, cerca de 274 mil pedidos de auxílio-doença foram negados no Brasil. Muitos deles erros de interpretação dos peritos. 

Ela entrou com um advogado para conseguir o valor, mas ainda assim, o processo demorou 9 meses.

“Na época eu voltei para casa e fiquei pensando que o pagamento não ia cair e as contas iam chegar, passei a noite em claro pensando no que ia fazer porque eu não podia voltar a trabalhar. Eu não tinha terminado o meu tratamento ainda, não estava bem.”, ressalta.

Edilaine tem uma filha e o seu marido não poderia arcar com todas as contas sozinho. Por isso, ela pensou em vender alguma coisa para complementar a renda.

“Eu pensei: vou vender bala de goma na sinaleira ou algo assim. Então eu lembrei que tinha ido em uma loja de R$1,99 e tinha comido uma trufa que era muito gostosa.” Conta.

Edilaine descobriu que a fábrica do doce era perto da sua casa e começou a comprar e vender. Foi vendendo para conhecidos, depois a notícia foi se espalhando e ela conseguia tirar o valor do salário pago pelo INSS.

Tratamento com o canabidiol

A gaúcha precisava conviver com as dores causadas pelo tumor no quadril. Apesar do tratamento, o desconforto e as sessões de quimioterapias tomavam boa parte do seu dia. 

“Precisei ter muito jogo de cintura para não cair em uma depressão”, ressalta.

Assim como vários pacientes, a adesão ao tratamento com a cannabis foi por meio de indicação de amigos. Edilaine tinha um conhecido que a indicou um filme chamado “Maconha Medicinal, Cura ou Crime?

 O longa metragem independente acompanha a vida de várias crianças diagnosticadas com câncer, muitas enquanto também fazem quimioterapias e tratamentos convencionais, e outras que recorreram a cannabis porque todas as outras opções falharam.

O documentário disponível na Netflix, foi lançado em 2018 e venceu cinco prêmios, entre eles, o South by Souhwest (o SXSW), um importante festival que acontece nos Estados Unidos.  Na plataforma streaming, ele está em inglês, mas com legendas disponíveis.

Resultados rápidos

Edilaine conta que comprou o óleo artesanal há pouco mais de um mês, no dia que o produto chegou já começou a fazer o uso. As três gotas três vezes ao dia já fizeram uma grande diferença em pouco tempo.

“Lembro que o óleo chegou em uma sexta-feira, ao meio-dia e eu já tomei,  Á noite eu tomei de novo e no outro dia eu já me sentia muito bem.” Conta. 

Antes, fazer qualquer atividade física já era bastante cansativo. Contudo, a gaúcha acordou revigorada. Começou a fazer coisas em casa que não fazia antes, como mexer em uma pequena obra em volta de casa.

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Foto tirada pela filha no dia seguinte ao início do tratamento Foto: Arquivo Pessoal

Ela começou a trabalhar às duas horas da tarde e só parou às 10h da noite. As dores praticamente desapareceram e o desconforto também.  Edilaine conta que até as suas noites de sono melhoraram. 

“Agora, dor eu não tenho praticamente nada, só quando eu me esforço muito mesmo. Que nem agora, eu estou conseguindo vender as trufas, saio bem cedo de casa, volto mais tarde e sinto um leve desconforto, mas dor não. Tenho disposição”, complementa.

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Tainara Cavalcante

Jornalista pela Fapcom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós graduanda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.