Bruna e o marido foram os percussores para que toda a família experimentasse os benefícios da cannabis
Hoje em dia, não só Bruna Bonavita, de 40 anos, se trata com a cannabis, como também toda a sua família. O marido, a sogra, a irmã e até a cadela. Bem como a sua mãe e o seu cunhado até pouco tempo antes de partir.
Cannabis que é cultivada nos fundos da casa. Ela e o marido, Adir Mauad, que tem a mesma idade que ela, possui o chamado salvo-conduto, um direito obtido na justiça para plantar em casa e extrair o óleo.
O casal faz o óleo e ainda sobra para enviar o excedente para pesquisa. Foi graças à cannabis que a sua mãe, com várias patologias e o seu cunhado que tinham câncer conseguiram viver bem até o último dia de vida.
Em 2018, a dona Neide, na época com 65 anos, foi morar com a filha em Curitiba, no Paraná. Como a sua mãe estava doente, Bruna deixou o emprego para se dedicar aos cuidados dela, que precisava ir três vezes por semana ao hospital fazer diálise.
Além da diabetes, a dona Neide também era cardiopata, hipertensa e sofria de depressão. Ainda, estava cega e tinha uma ferida crônica do pé que não sarava.
Bruna conta que a mãe tinha que tomar uma série de remédios, que iam desde às seis horas da manhã até meia noite. Sem poder trabalhar, a administradora resolveu voltar a estudar. Como já utilizava a cannabis de forma medicinal, resolveu fazer uma pós-graduação sobre o tema.
Foi lá que Bruna soube de um colega de classe que tinha uma associação. Ele enviou uma pomada feita de cannabis para a dona Neide passar na ferida exposta. “Em menos de dois meses a ferida estava fechada. Ela fazia o uso do óleo e desse gel no local”, lembra.
Mas não foi tão fácil convencer a mãe a utilizar cannabis. Para dona Neide, maconha era coisa de “vagabundo”. Por mais que a filha utilizasse para tratar asma e o seu genro para um problema na lombar, aquilo não era para ela.
Mas no fim, ela foi vencida. ‘O que quebrou o preconceito foi a nossa história de vida’ diz Bruna.
Conforme foi passando o tempo e ela começou a perceber os benefícios, passou a aceitar e até cuidar das plantinhas da filha. Só não deixava que Bruna dissesse ao médico que ela estava fazendo o tratamento com a cannabis.
“ O médico ficou sem saber o que ela fez, falou que ela ia morrer com o pé aberto e até agora ele não sabe o que aconteceu com o pé da minha mãe, mas sarou.”, lembra Bruna.
A cannabis possui substâncias que podem reduzir a inflamação, a dor e até a coceira do paciente. O uso tópico é útil para tratar feridas abertas, pois ajuda na cicatrização de forma rápida, além de diminuir o inchaço e as dores.
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“A minha mãe tomava quase 30 comprimidos por dia quando ela veio morar comigo. Em alguns meses ela tomava nem um terço disso.Ela reduziu bastante a questão da medicação alopática fazendo o uso da cannabis.”, Lembra.
Em 2022, a família foi pega de surpresa quando veio a notícia que o seu cunhado Samir Mauad, na época com 42 anos, estava com câncer no pâncreas. Trata-se de um tipo raro no Brasil e com uma taxa baixa de sobrevivência.
A doença é silenciosa. Quando os sintomas começam a aparecer, o câncer já está em estágio avançado e no caso do Samir não foi diferente. Ainda mais depois que um exame revelou que ele estava com metástase no fígado. Pouco tempo depois, ainda foi descoberto uma metástase no pulmão também.
“Quando ele foi diagnosticado, a gente já tinha feito nossa extração (de cannabis), três dias depois ele recebeu o óleo lá na casa dele”, lembra Bruna.
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O óleo foi enviado com uma concentração alta de THC (Tetrahidrocanabinol), substância que gera a famosa “alta” da maconha. Apesar dos tabus em torno da substância, ela é um importante analgésico para diminuir dores e inflamações.
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Dores que são muito comuns para pacientes que sofrem com a condição. Isso porque o crescimento do tumor pode causar a compressão dos órgãos e estruturas próximas, trazendo um desconforto enorme na área afetada.
Era 40% do extrato bruto em 30ml de azeite. Como o grafiteiro já utilizava o uso fumado da maconha, o óleo não causou estranheza no seu organismo. Pelo contrário, ajudou a diminuir as dores de forma eficaz.
Durante todo o tratamento, os médicos se recusaram a colocar no prontuário de Samir Mauad que ele utilizava o óleo de cannabis também, mesmo com receita.
As melhoras eram visíveis. Ele tinha apetite, mesmo fazendo quimioterapia, quase não tinha enjoo e sentia que as dores diminuíram com o uso da cannabis. Foi assim que ele viveu durante um ano e dois meses.
“Até no último dia de vida dele nós estávamos lá no hospital e ele tava com o aparelho vaporizador dele. A gente chegou e a primeira coisa que ele pediu foi que a gente carregasse o vaporizador”, lembra Bruna.
Em países como os Estados Unidos, a cannabis é cada vez mais usada para tratar os efeitos colaterais da quimioterapia, como náuseas, vômitos, falta de apetite e cansaço.
Há até remédios específicos para amenizar os sintomas, com o Dronabinol e Nabilone, aprovados pela Food and Drug Administration (FDA). Uma espécie de Anvisa do país.
Ainda há estudos preliminares que mostram que as substâncias presentes na cannabis também podem ter uma ação no controle das células cancerígenas, além de impedir o crescimento de células novas.
No entanto, os estudos ainda precisam de mais investigações para bater o martelo.
Mas a família acredita que a cannabis foi essencial para que Sá vivesse por tanto tempo. “Sim, ele faleceu em decorrência do câncer. Mas dentro desse contexto, ele sofreu muito menos, teve uma qualidade de vida bem melhor e tempo de sobrevida que medicina nenhuma explica o fato dele ter sobrevivido mais de um ano”, enfatiza Bruna.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Fapcom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós graduanda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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