Atletas utilizam a cannabis para equilibrar as funções do organismo 

Atletas utilizam a cannabis para equilibrar as funções do organismo 

Sobre as colunas

As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

A experiência, que virou até parte de um Reality Show,  não foca no tratamento de doenças, mas em uma maior qualidade de vida

Atletas como Maguila e Éder Jofre já falaram abertamente sobre o uso da cannabis como tratamento médico. Ela já ajudou vários atletas no controle das dores, inflamações e até em condições do cérebro, como no caso dos boxeadores, a demência pugilística. 

Nos Estados Unidos, onde o óleo de Canabidiol (CBD) é vendido como suplemento, Ligas como UFC E NBA já declararam que o uso da cannabis tem servido de alternativa para a maioria dos seus atletas. 

Tanto é que o comitê de controle da dor da NFL(liga esportiva de futebol americano, sigla em inglês) e da NFL Players Association irão financiar pesquisas sobre o controle da dor com os canabinoides da planta.

Isso porque ultimamente o extrato da cannabis é visto até como uma alternativa a opioides. No Canadá, por exemplo, a legalização da cannabis abriu caminho para um declínio nas prescrições dos remédios. 

Peu Guimarães – Arquivo Pessoal

Não é um tratamento específico

Mas a novidade é que o uso do óleo da planta é cada vez mais frequente em pacientes sem uma queixa específica. Eles têm usado a cannabis para melhorar a qualidade do sono, relaxar os músculos e até como tratamento precoce contra dores. E parece estar dando certo. 

Como no caso do Fernando Fernando Paternostro. Triatleta, só conheceu a cannabis lá fora. Morando nos Estados Unidos, ele passou a utilizar o óleo derivado da planta para regular a homeostase do corpo. 

A cannabis atua no nosso organismo através do chamado Sistema Edoncanabinoide, que ajuda a equilibrar várias funções do corpo, como humor, sono, fome, sistema imunológico e até o sistema nervoso central. 

Quando algo não está funcionando corretamente, o próprio sistema fabrica os cananbinoides, pequenas moléculas que através de receptores ajudam a ajustar a homeostase. 

Felizmente, a cannabis também possui os canabinoides que podem servir de reforço aos nossos. 

“Como eu não tenho nenhuma patologia, eu me beneficio de forma indireta melhorando a ansiedade e a insônia, que tem esse desbalanço.” diz o atleta.

 

Ele ainda acrescenta que depois que começou a fazer o uso do óleo sentiu melhoras por todo o corpo, além de entender melhor o seu funcionamento. Descobriu, por exemplo,  que come menos porque está menos ansioso.

Paternostro também acrescentou outras melhorias, como uma melhor qualidade de sono, recuperação muscular e diminuição das inflamações de atleta, o que também ajudou na sua performance.

“Não é nem um estimulante e nem um calmante, você fica como deve ser. Você fica mais você”, acrescenta.

Atleta Cannabis 

Paternostro percebeu que a cultura da cannabis no esporte era bastante limitada no Brasil. Além de ser restrita apenas ao uso de comorbidades, o processo de aquisição dos óleos é bastante burocrático. 

Para obter o óleo importado, por exemplo, é necessário ter uma autorização especial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Aval que só é autorizado com um laudo e prescrição médica.

Foi pensando nisso que ele resolveu ajudar esportistas aqui no Brasil. O triatleta auxilia na busca por médicos prescritores e até na importação do óleo. “O projeto surgiu de forma orgânica, as pessoas estavam focadas só nas patologias e no recreativo, aí eu entrei com esse discurso de qualidade de vida e bem estar no esporte e teve uma aceitação boa. Está indo contra  indo contra o estigma da maconha.” acrescenta.

Com um grande engajamento ele se tornou uma ponte entre os atletas e o mercado de cannabis.

Fernando Paternostro – Arquivo Pessoal

Melhorar a qualidade de vida

O projeto auxilia mais de 20 atletas, sem contar com 13 que são patrocinados. Como o atleta olímpico Daniel Chaves, escalado para as Olimpíadas de Tóquio.  

Segundo os organizadores, esta é uma maneira de promover a cannabis não só para tratamento de comorbidades, mas para uma melhor qualidade de vida. 

Junto a Paternostro, o projeto também conta com o atleta de esporte e aventura Peu Guimarães. Embora fizesse o uso recreativo, ele viu os benefícios do óleo na sua mãe em um tratamento contra o câncer.

Passou a fazer uso do extrato no final de dezembro do ano passado e demorou cerca de dois meses para encontrar a dosagem correta.

O que muita gente não sabe, é que a cannabis funciona de forma única em cada um. Entender a dosagem e a concentração de canabinoides corretos é  essencial para que o tratamento dê certo. 

“A primeira melhora que eu vi foi no sono. Eu sou uma pessoa que acordava por qualquer coisa, o que me deixava bastante cansado. Cinco dias depois, eu consegui dormir uma noite inteira por sete horas”, acrescenta.

Peu Guimarães e Fernando Paternostro – Arquivo Pessoal

Guimarães também conta que viu os resultados nos treinos também. A maior recuperação ajudou na sua performance e no alívio das dores. Ele ainda acrescenta que já rodou mais quilômetros que o ano passado inteiro.

“A gente entendeu que o Atleta Cannabis é muito mais que uma marca, mas uma plataforma onde a gente quer produzir conteúdo para pessoas que buscam uma qualidade de vida através da cannabis medicinal. E a ferramenta que nós escolhemos para isso é o esporte.” completa. 

BJJ Star

O projeto ganhou notoriedade depois que fez parte de um reality show de jiu jitsu, o The New Star. Uma competição que terá a final ao vivo no dia 26 deste mês.

Transmitida pelo youtube, ao todo são 16 atletas confinados em uma casa que separados por equipes, disputam lutas eliminatórias. 

12 participantes toparam a experiência com a cannabis. O tratamento é patrocinado por uma clínica brasileira especializada na planta e uma importadora, que dão todos os suportes.

Peu Guimarães acrescenta que a modalidade foi escolhida por ser uma das que mais precisa do óleo.  Após agendamento?utm_source=cannalize&utm_medium=textoancora&utm_campaign=agendamento” target=”_blank”>consultas e autorização da Anvisa, eles começaram a fazer o uso do fitofármaco durante o reality. “Tivemos uma aceitação da comunidade de jiu jitsu enorme”, acrescenta.

A CEO da Usa Hemp, Corina Silva, uma das empresas que participam desse incentivo, acrescenta que é notório a comparação de antes e depois dos esportistas. “Eles dizem que as dores depois do treino, que eram insuportáveis, agora estão menores.” acrescenta.  

Corina também acrescenta que o CBD não é um analgésico, mas é um canabinoide regulador. Para ela, a cannabis serve para regular todas as células do organismo, não para tratar uma doença específica. 

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