Mais uma família obteve o salvo-conduto para o cultivo de cannabis medicinal. Dessa vez, foi a família da Andreia Rodrigues, uma mãe evangélica que defende a planta como tratamento.
Já contamos a história dela aqui. Moradora de Mogi das Cruzes, em São Paulo, Andreia tem três filhas, duas delas são gêmeas, têm seis anos e são especiais.
A Isadora é autista, tem epilepsia refratária e também tem apneia do sono; e a Isabela também sofre com epilepsia, que começou depois de uma paralisia cerebral por erro médico.
As meninas tomavam oito tipos de anticonvulsivantes, mas as crises persistiam. Os remédios também causavam reações adversas que preocupavam a mãe.
Além das reações, a Isabela tinha crises uma atrás da outra, e a Isadora, tinha convulsões que só paravam no hospital.
Ela conheceu a cannabis no curso da Paróquia de Ermelino Matarazzo, idealizado pelo Padre Ticão. Foi lá que a família soube que poderia usar a planta para o tratamento de epilepsia das gêmeas.
Uma das pessoas do curso doou um frasco de canabidiol (CBD) para Andreia, que resolveu testar nas filhas.
Depois da introdução do óleo, as meninas nunca mais tiveram crises. A mãe conseguiu retirar todos os remédios que as gêmeas tomavam.
Essa foi a primeira decisão favorável para o cultivo de cannabis na cidade de Mogi das Cruzes. “A defensora ligou para dar a notícia e eu até brinquei dizendo que esse seria o primeiro de muitos que virão”, acrescentou Andreia.
A mãe acrescenta que o direito de cultivo também foi um alívio, pois em tempos de pandemia, várias famílias estão com dificuldades de comprar o óleo.
Quem deu o aval favorável, foi o juiz Tiago Ducatti Lino Machado, da 3ª Vara Criminal de Mogi das Cruzes, que determinou que a família poderia cultivar, semear, colher sementes, flores e plantas para fazer o óleo.
A decisão foi também um alívio para o bolso da família. Eles até tinham a autorização da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a importação do produto, mas o custo ainda era alto.
Cada frasco saía no valor de R$1.000,00 e a família precisava de três durante o mês. “Na verdade, nós nunca conseguimos comprar, conseguimos anjos na terra que nos ajudaram”, ressalta.
O processo demorou pouco mais de um ano e garantiu não só que a família não fosse presa com as plantas (habeas corpus), como também o salvo-conduto, que dá autorização para o cultivo de uma quantidade de plantas.
“Espero que a gente venha ser uma inspiração para outras famílias, que eles venham utilizar e tire um tabu que a maconha é droga, é coisa do demônio. Muito pelo contrário, é uma erva santa é coisa de Deus. As pessoas precisam entender que a cannabis salva vidas”. Conclui.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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