Em um outro país, a brasileira teve a ajuda da cannabis cultivada em casa para tratar um câncer de mama
A brasileira Paula Gandolfi, de 50 anos, mora na Argentina há 20 anos. Foi lá que ela descobriu dois problemas de saúde que a deixaram desestabilizada. Mas foi lá também que ela pode utilizar a cannabis como tratamento e até cultivar de forma legal.
A advogada descobriu um câncer na mama direita há cinco anos. A princípio, o tumor era pequeno e como havia sido descoberto a tempo, não seria um problema tão grande. Mas a má notícia veio depois.
Ao fazer a biópsia, a médica revelou que a brasileira tinha um câncer triplo negativo, um tipo de tumor mais agressivo e que não não responde aos métodos hormonais de tratamento convencional.
Foi então que se iniciou uma jornada entre sessões de quimioterapia e radioterapia para conter o avanço da doença. Perdeu os cabelos, teve enjoos e fraqueza. Mas a advogada tinha uma carta na manga: A cannabis medicinal.
“Eu tive na cannabis uma aliada incrível, me deu forças. (…) eu tive a oportunidade de tirar licença, mas eu me sentia forte pra não tirar. Fiquei um ano trabalhando de casa”, acrescenta.
Atualmente, a cannabis é utilizada para câncer não só na Argentina, mas também no Brasil, nos Estados Unidos e em vários outros países ao redor do mundo, pois ajuda a conter os efeitos colaterais do tratamento, como enjoos e fraqueza.
Nos EUA, há até um remédio específico para usar no tratamento contra o câncer.
Atualmente, também já há evidências de que a planta pode conter substâncias que matam células tumorais.
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Embora ainda precise de mais pesquisas, o assunto tomou repercussão nos EUA depois que o próprio Instituto Americano do Câncer admitiu que a cannabis pode matar as células cancerígenas, além de impedir o crescimento de novas.
A posição veio depois de um estudo de dois anos em ratos com câncer, onde a princípio, foi percebido uma diminuição do tumor dos bichos.
Ao que parece, a cannabis atua como um antiinflamatório, bloqueando o crescimento das células além de prevenir o crescimento de vasos sanguíneos que alimentam o tumor. Também lutando contra os vírus e aliviando dores musculares.
Embora não soubesse disso na época, Paula Gandolfi conhecia muito bem a cannabis. Usuária de maconha desde os 14 anos, não deixou os seus hábitos depois que mudou de país.
Antes do câncer, a advogada havia descoberto fibromas uterinos, que também foram tratados com a cannabis. Tratamento, inclusive respaldado pelo médico, que a acompanhou durante todo o tempo.
Foi nessa época que Gandolfi conseguiu um registro do Ministério da Saúde para poder plantar. Sancionada em 2020, a lei permite que os pacientes possam se inscrever em um programa para ter acesso à cannabis medicinal de várias formas diferentes.
“Você tem três possibilidades: O paciente auto cultivador, que é o meu caso; Você também pode receber de uma associação civil que está registrada nesse programa ou receber de um cultivador solidário”, explica.
Com o plantio em dia e devidamente regulamentado, não foi difícil falar para os médicos que ela já utilizava a cannabis, quando descobriu o câncer. De acordo com a advogada, os médicos até a incentivaram, recomendando doses e a forma de usar.
Mas fazer tudo certinho, não a livrou do preconceito, que vinha da própria família. “A minha tia falava, ‘você tem filho adolescente, como vai ter planta em casa?’ (…) e eu tinha que explicar. Tem que sair desse paradigma autoimposto, que é uma planta nociva.”, acrescenta.
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Mas os pensamentos da tia acabaram no dia que precisou da cannabis medicinal também. Depois de um problema de artrose, em que quase não pode andar, a advogada levou o óleo de cannabis para tratar a desinflamação. “Ela viu a diferença e foi mudando a cabeça”, acrescenta.
Sobre o seu filho, Paula Gandolfi acrescenta que sempre teve uma conversa franca sobre a cannabis. Mas mesmo com a mãe fumando diariamente, o menino nunca aderiu ao uso. Hoje, com 25 anos, o menino não utiliza a cannabis, mas ajuda a mãe a cuidar das plantas.
No Brasil, a cannabis é aprovada apenas para fins medicinais e só pode ser comprada com receita. Atualmente, ela pode ser adquirida através de importações, nas farmácias e até por associações de pacientes.
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Tainara Cavalcante
Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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