A apreensão escancara o despreparo das autoridades e a necessidade de uma reforma abrangente da cannabis no cenário europeu.
No último 13/04, as autoridades espanholas anunciaram a destruição de 415 mil plantas de cannabis no valor estimado em 108 milhões de dólares.
A polícia alegou que este foi um ataque vital contra a “maior plantação de cannabis” da Europa.
Aproximadamente 50 toneladas de plantas estavam sendo secas em um armazém na região rural de Navarra. A plantação ocupava mais de 600 mil metros quadrados. Os proprietários enfrentam agora acusações criminais.
Porém, a história começa a ficar estranha agora. As plantas eram todas de cânhamo com baixo teor de Tetrahidrocanabinol (THC) – uma substância que, pelo menos a nível europeu, não é mais considerada um “narcótico”. Mesmo na Espanha, a venda e consumo de Canabidiol (CBD) é legal.
Este caso é um dos mais confusos dos últimos tempos no cenário da cannabis mundial, porque escancara a desinformação legal sobre o status da cannabis e do cânhamo em toda a União Europeia.
Legalmente, o cultivo de cannabis na Espanha (incluindo CBD) só é permitido quando o cultivador está plantando “cânhamo industrial”. Cultivar cânhamo para converter em CBD continua sendo crime.
Ainda efetivo nos dias de hoje, o artigo 368 do Código Penal espanhol criminaliza o cultivo de cannabis quando promove, favorece ou facilita o consumo ilegal de “drogas” com pena de prisão de 3 a 6 anos.
A lei europeia, a qual obviamente a Espanha está em desacordo, não define o cânhamo com mais de 0,02% de CBD como narcótico.
Nesse caso, o agricultor aparentemente planejava exportar a planta para outros países ao utilizar esse processo de extração.
Além disso, as empresas estão autorizadas a exportar flores de cânhamo e produtos com baixo teor de THC através das fronteiras do país para venda quando produzidos legalmente no país de origem – o que também parece se aplicar neste caso, pois o agricultor alegou que é isso que ele estava fazendo.
Tudo indica que, embora a cultura tenha sido designada como cânhamo industrial na Espanha, a intenção de exportar e depois extrair foi o que desencadeou a ação policial.
São casos assim que demonstram a necessidade crescente de uma abordagem, região por região, para a reforma abrangente da cannabis.
O problema visto na Espanha (caso de clubes de cannabis, onde a flor com alto nível de THC pode ser obtida) também está ocorrendo em outros países.
Toda a indústria europeia está ficando realmente mais perigosa — e não menos —, visto que o assunto da reforma geral começa a borbulhar em determinados países.
A realidade é perigosa até mesmo na Holanda, sede dos famosos coffeeshops, país em que a legalização geral começou a tomar forma. Ao mesmo tempo, o prefeito da capital Amsterdã quer proibir os turistas de entrar nos cafés, além de fechar mais da metade deles.
O obscurantismo é uma ameaça real em vários setores, a questão canábica inclusa.
Arthur Pomares
Jornalista e produtor de conteúdo da Cannalize. Apaixonado por café, futebol e boa música. Axé.
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