A Maconha e a Acessibilidade Social: O projeto legalista brasileiro é acessível a todas as classes?

A Maconha e a Acessibilidade Social: O projeto legalista brasileiro é acessível a todas as classes?

Sobre as colunas

As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

A erva sempre esteve presente na sociedade brasileira. Prensada, fruto in natura, produtos à base de CBD, óleos e o cânhamo fazem parte do vasto universo da cannabis. 

Mesmo ainda existindo um forte proibicionismo, aplicado a substância no país, a cultura maconheira se faz presente. 

Mas será que essa cultura é realmente acessível a todas as camadas sociais existentes no Brasil? O acesso à informação é democrático?

Falta de compreensão

Em um meio proibicionista, a questão social é primordial para a legalização. Quanto mais apoio popular o projeto legalista obter, mais rápido ele poderá acontecer.

Porém, a falta de compreensão da sociedade sobre os benefícios da maconha e do nosso próprio meio em relação a aplicação da proibição em solo nacional, gera conflitos de informações. 

A democratização do assunto maconha, para que o tema consiga virar debate de todas as classes, igualitariamente, é necessário para um apoio a causa mais objetivo e em benefício de todos ao mesmo tempo.

Inclusão social e a constituição brasileira

Em 10 de dezembro de 1948, em Paris, na França, foi proclamada pela Assembleia Geral Das Nações Unidas, a Declaração Universal dos Direitos Humanos. 

Democracias devem seguir os artigos desse importante documento que define os direitos básicos para a dignidade humana. 

Quando ouvimos falar em nosso país sobre direitos humanos e maconha, logo vem à mente o discurso preconceituoso perpetuado por proibicionista,  de que as pessoas envolvidas em garantir os direitos básicos universais só aparecem para proteger aqueles que muitas vezes perdem a vida em meio a guerra do qual a maconha está inserida.

Contudo, através dos debates sobre a declaração universal dos direitos humanos, muitas leis foram criadas em nosso país. 

Como cotas raciais baseadas em fatores históricos de exclusão social, leis ligadas ao direito das mulheres e da comunidade LGBTQIA+ e também ligada às pessoas portadoras de deficiência fazem parte da chamada inclusão social impulsionada por esse importante documento da Organização das Nações Unidas.

Como promover a inclusão social em meio a proibição?

 A planta maconha não é tão complexa quanto parece: uma erva medicinal de controle internacional.

Assim, podemos resumir a presença da substância em nossa sociedade. Porém o proibicionismo extremo aplicado aos canabinoides, desde a Convenção de Nova York em 1961, faz o tema se tornar bem difícil de ser decifrado por nossa população. Principalmente pelo povo periférico que carrega todo o peso da proibição.

 A cada dia usamos mais termos em inglês para se distanciar do peso que é tratar o assunto no Brasil proibicionista. 

Em contrapartida, também distanciamos o entendimento amplo sobre o assunto às camadas mais pobres de nossa população.

Assunto simples

O assunto de simples entendimento pode gerar uma aderência maior e melhor da sociedade a tão necessária pauta da maconha. 

Termos mais simples, entendimento básico sobre proibição e a inclusão da erva baixa renda pode ser um assunto não somente explorado negativamente, mas como forma de integração.

É possível gerar um movimento positivo de incentivo para que as pessoas  abordarem mais em seu dia a dia. 

O marketing boca a boca sempre será o melhor. Porém, para viralizar na boca do povo, rompendo a barreira das classes sociais, a mensagem tem que ser simples e objetiva. 

Devemos estudar mais essa objetividade na luta brasileira e saber distribuir a informação de maneira igualitária, em prol de planta livre.

A inclusão social e o mercado canábico do uso adulto

 A inclusão social também vale para o mercado do uso adulto da erva, que também deve se alinhar para tentar promover acesso igualitário em seu nicho. 

O mercado dos eventos ligado ao assunto está a todo o vapor no Brasil, mas ainda não conseguiu se adequar a promover projetos de acessibilidade social.

A pauta da reparação de danos gerada pelo proibicionismo, também deve fazer parte do planejamento de qualquer tipo de evento no meio, seja no uso adulto ou no medicinal.

O acesso democrático faz total diferença em relação à projeção do ideal final do evento e também a sua popularização.

Rompendo barreiras sociais

A lei federal de N° 12922/2013, conhecida como a lei da meia entrada, garante o pagamento de metade do valor de entradas em eventos no Brasil para estudantes, pessoas com deficiência e jovens de baixa renda, com idades entre 15 e 29 anos. 

Mesmo muitos eventos aplicando a legislação, os valores relacionados a meia entrada ainda são bem acima da média do que o assalariado pode pagar e em alguns eventos esquecem completamente desse direito constitucional e a acessibilidade social acaba não existindo. 

Temos que romper a barreira social e engajar uma luta igualitária e inclusiva a aqueles que carregam o máximo da proibição.

Reparação histórica

Mas para que isso possa ocorrer de maneira que gere realmente impacto na reparação histórica, é necessário uma visão não baseada em pena, necessidade ou caridade.

Temos que promover a inclusão social na luta com a meta de garantir direitos e local de fala. 

O proibicionismo é aplicado ao canabinoide e não faz qualquer distinção social. Quanto mais acessível for tratado o tema, mais pessoas irão aderir e agregar, cada um de sua maneira, mas somente em um só objetivo, o da queda da proibição.

Derrubar as barreiras do preconceito

Podemos nos basear também na declaração universal dos direitos humanos e aplicá-la em meio a proibição. 

Projetos em todos os setores explorados na planta podem trabalhar de uma maneira integrada em busca da acessibilidade social, mas primeiro temos que derrubar a barreira do preconceito, aplicado principalmente a maconha da população baixa-renda. 

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