Uma pesquisa britânica descobriu que a utilização da erva não gera alterações na disposição dos seus usuários, ou seja, isso não passaria de um mito.
Um experimento feito pela Universidade de Cambridge, localizada no Reino Unido, analisou os impactos da maconha na força de vontade dos consumidores adolescentes e adultos.
O estudo, publicado na última quarta-feira (31), na revista médica International Journal of Neuropsychopharmacology, descobriu que o uso da planta não traz alterações em níveis de motivação e de disposição.
A constatação surgiu através de questionários com 274 voluntários, entre fumantes e não consumidores de cannabis. Como resultado, ambas as partes demonstraram os mesmos índices na avaliação de apatia e anedonia (dificuldade em sentir prazer na prática de atos cotidianos).
De acordo com os dados fornecidos, agora é possível dizer que esse mito está caindo por terra.
Outro estigma sobre a maconha é a comparação dos efeitos entre adolescentes e adultos. Culturalmente, a visão passada é a de que os jovens são mais vulneráveis e têm o seu desenvolvimento prejudicado pela planta.
Apesar de não ser aconselhado para essa faixa etária devido ao cérebro ainda estar em formação, em testes de força de vontade, por exemplo, os adolescentes não demonstraram ter maiores dificuldades em relação aos mais velhos.
“Há muita preocupação de que o uso de cannabis na adolescência possa levar a resultados piores do que na idade adulta. Nosso estudo sugere que eles não são mais sensíveis aos efeitos nocivos na motivação, experiência de prazer ou na resposta do cérebro à recompensa”, afirma Will Lawn, pesquisador e médico psiquiatra responsável pelo experimento.
Porém, vale ressaltar que o uso não é indicado por questões de saúde em longo prazo, que incluem maior incidência à depressão.
Confira: “A cannabis é muito mais para pessoas mais velhas do que para jovens”
Os pesquisadores fazem questão de ressaltar o quanto o rótulo de “maconheiro preguiçoso” é prejudicial para a sociedade. Além de não ser verídico, ele afasta a população da possibilidade de conhecer as reais capacidades da planta.
“Suposições injustas podem ser estigmatizantes e atrapalham as mensagens sobre redução de danos. Precisamos ser honestos e francos sobre quais são as consequências prejudiciais do uso de drogas”, ressalta Martine Skumlien, a autora principal do estudo.
Apesar do estudo evidenciar que a cannabis não torna os seus usuários preguiçosos, os responsáveis pela pesquisa adotam cautela e afirmam a necessidade de mais estudos sobre o tema, para descobrir todas as ações da erva nos índices analisados.
Em 2021, um estudo conduzido por especialistas das universidades Temple e Johns Hopkins descobriu que o uso de maconha aumentou a produtividade dos trabalhadores nos Estados Unidos.
A pesquisa concluiu que os pacientes que moram em estados legalizados sofrem 4,8% menos dor em relação aos de lugares que não liberaram a utilização da erva.
A diminuição dos sintomas permitiu um desempenho maior durante o expediente e registrou uma melhora no sono e na disposição.
Veja mais: Qual a ligação entre o uso da cannabis e a preguiça?
É importante ressaltar que só há a regulamentação do uso medicinal no Brasil. Contudo, qualquer produto feito com a cannabis precisa ser prescrito por um médico, que inclusive, poderá indicar qual o melhor tratamento para a sua condição.
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Gustavo Lentini
Jornalista e produtor de conteúdo da Cannalize. Apaixonado por futebol e pela comunicação.
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