As propriedades anti-inflamatórias da planta são cada vez mais conhecidas. A cannabis se mostrou eficaz até para o tratamento da COVID-19, onde estudos mostraram que ela é capaz de reduzir a inflamação no pulmão provocada pelo vírus.
A sua ação anti-inflamatória não se limita apenas ao pulmão, mas também para a pele e até para o intestino. Cada vez mais pessoas têm usado a planta para tratar ao que é conhecido como Doença do Intestino Irritável (DII).
O termo DII é usado para qualquer inflamação crônica no trato digestivo, que causa desde desconfortos abdominais a diarreia e perda de peso.
Devido aos alimentos cada vez mais industrializados, a falta de uma alimentação saudável e até o tabagismo, a condição tem aparecido com mais frequência no ocidente e em países em desenvolvimento.
Por isso, qualquer lanche inapropriado, uma comida que cai mal, estresse ou cansaço pode deixar as pessoas com doenças de Intestino Irritável propensas a inflamações, que levam a dores muito fortes e dormência. Em casos mais graves, os pacientes precisam até ser hospitalizados.
Consequentemente, a qualidade de vida costuma ser prejudicada e pode comprometer todas as áreas dos portadores, como trabalho, vida social, alimentação, exercícios e viagens.
Pacientes com DII também são mais propensos a apresentar doenças autoimunes, como reumatóide, por exemplo.
O tratamento pode variar de acordo com vários fatores, como o tipo específico da doença, a gravidade e o paciente. Ela pode ser tratada com medicamentos e até cirurgias.
Geralmente, os tratamentos para as doenças relacionadas ao Intestino Irritável podem trazer efeitos colaterais graves, principalmente se forem usadas a longo prazo.
O uso de corticoide para tratar DII pode provocar infecções e uma incidência ainda maior de doenças de deficiência imunitária.
Se ainda utilizado de forma incorreta, pode acabar gerando úlceras, diabetes é uma série de consequência negativas.
Dessa forma, pacientes com alguma condição tendem a buscar tratamentos alternativos, um deles é a Cannabis. Ela se tornou conhecida por ser uma opção com efeitos adversos menores.
Nos Estados Unidos por exemplo, 15 a 40% dos pacientes maiores de idade alegaram que usam a maconha como tratamento para DII.
A Cannabis pode agir como imunomodulador, ou seja, ela impede o sistema imunológico de liberar proteínas que desencadeiam as inflamações no corpo. Isso porque a Cannabis conversa no Sistema Endocanabinóide, o sistema que ajuda a equilibrar as funções do organismo, entre elas a imunidade.
Apesar da necessidade de mais pesquisas, a planta tem sido associada a redução de agravamentos de DII.
A doença de Crohn, por exemplo, que afeta 150 mil pessoas por ano no Brasil, parece um bom exemplo da ação da cannabis.
A síndrome é caracterizada por uma deficiência do sistema imunológico, trazendo sintomas intestinais graves, sem contar com o tratamento, que costuma ser bastante difícil. Aqui, uma simples inflamação pode ser um gatilho para que os sintomas se tornem perceptíveis.
Em 2013 um estudo testou a planta em 21 pacientes que fumavam duas vezes por dia, metade dos cigarros de maconha com o THC, componente psicoativo da cannabis, e a outra metade sem nada.
Os pacientes que receberam o canabinóide mostraram melhoras significativas nos sintomas, em comparação com as pessoas que não receberam. Três deles também conseguiram sair da dependência dos esteróides e 5 não apresentaram mais reações da doença.
Outro estudo em 2019 comparou pacientes que usavam a planta àqueles que não usavam, no tratamento da doença de Crohn.
As conclusões foram que as pessoa que usavam a Cannabis eram significativamente menos propensos a depender de alguns procedimentos relacionados, como transfusões de sangue e abscessos abdominais.
Mais ensaios clínicos com o CBD e o THC também foram feitos em comparação com placebos, e mostraram uma diminuição nos sintomas, principalmente nas náuseas, dores abdominais e diarréias.
No entanto, foi observado que a cannabis é eficiente apenas na redução das reações adversas,mas até agora, não pareceu apresentar eficiência na raiz do problema.
Por conta disso, até que mais estudos sejam feitos, a Cannabis só deve ser usada como um suplemento, não como um substituto.
Atualmente, há três ensaios clínicos sendo feitos para tratar a planta em doenças relacionadas a DII com canabinóides menos convencionais, como CBC (cannabichromene) e CBG (cannabigerol).
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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