“A cannabis foi um presente de Deus” afirma Lola, influenciadora digital

“A cannabis foi um presente de Deus” afirma Lola, influenciadora digital

Sobre as colunas

As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

A Síndrome de Tourette é um transtorno que afeta o corpo, física e mentalmente. A influenciadora Lola, que tem a síndrome, comentou com a gente como a cannabis salvou sua vida. 

 

Lola sempre teve Tourette, além de ter Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), depressão e ansiedade desde pequena. Contudo, o diagnóstico foi uma tarefa difícil. 

Indo à psicóloga, a resposta era sempre a mesma. “Isso é estresse pós-traumático, é tal coisa”, os médicos sempre sugeriam mil coisas para os problemas que ela tinha. 

O diagnóstico de fato era a Tourette e todas as comorbidades que ela carregava. 

Só em 2017, aos 18 anos, quando foi consultar com um novo psiquiatra, é que foi diagnosticada de forma correta.  

De cara, o doutor notou que a menina tinha a síndrome. “Ele viu meus tiques no braço, eu não conseguia parar. Ele falou que era Tourette, eu nunca tinha ouvido falar antes”, disse a influenciadora. 

O que é Síndrome de Tourette? 

A condição é um transtorno que se manifesta por tiques motores ou vocais. Os indivíduos que sofrem dessa condição relatam que esses comportamentos são inevitáveis e que sentem como se tivessem a necessidade de realizá-los.

Descoberta no século XIX pelo francês Georges Gilles de La Tourette, estima-se que uma a cada 2000 pessoas seja afetada por ela.

Seus primeiros sinais surgem cedo, já na infância. Mas quanto mais rápido o diagnóstico, mais eficaz pode ser a intervenção terapêutica. 

Os tiques da Síndrome de Tourette, normalmente, surgem entre os 7 e os 11 anos, começando com movimentos simples, como piscar os olhos ou movimentar as mãos e os braços. 

Mas que depois se agravam, surgem palavras repetidas, movimentos bruscos e sons como latir, grunhir, gritar ou falar palavrões, por exemplo.

A Cannalize bateu um papo com a Youtuber e Streamer Lola, que sofre com a síndrome e encontrou na cannabis a salvação para as crises constantes.

Tratamento convencional 

Depois de diagnosticada, ela começou o tratamento com remédios na esperança de que os tiques e os problemas diminuíssem. Foram dois anos tomando remédios de todo tipo, sem nenhuma melhora de fato. 

Ela comentou que a única mudança era que sem o remédio, era possível sentir quando os tiques iam começar; com eles, não mais. Os medicamentos basicamente mascaravam o transtorno. 

“Existiu um período onde eu cheguei a tomar sete remédios por dia, e isso me fez muito mal. Já cheguei até a tentar suícidio, não sei nem se já falei isso em outro lugar”. 

O vídeo que mudou tudo

Em 2017, pouco tempo depois de ser diagnosticada com a Tourette, ela gravou um vídeo falando sobre o assunto, que até então era meio que uma novidade. 

Em três meses, o vídeo já tinha um milhão de visualizações, e ela deu entrevista até para a Globo. E foi nos comentários da publicação que a maconha entrou na sua vida. 

“As pessoas começaram a comentar no meu vídeo ‘você já ouvir falar da cannabis?’ ‘fuma maconha que vai te ajudar’, e eu fiquei curiosa, pois se é uma dica — quem sabe? —, então comecei a usar”. 

Do convencional para a cannabis

No natal de 2018, Lola se mudou de Curitiba para São Paulo, e tomou a decisão de parar de tomar todos os remédios que ela utilizava, pois aquilo a deixava mal. 

Depois da mudança, o uso de cannabis começou a ficar mais frequente e ela realmente começou a perceber a diferença. E não foi pouca. 

“Faz muita diferença, eu nunca imaginei na minha vida que alguma coisa fosse ajudar, pois nada me ajudava. Eu chegava no desespero de pedir para Deus uma cura, mesmo não acreditando, porque nada no universo ajudava, imagina parar”. 

Hoje, Lola fuma praticamente todos os dias. Os sintomas são 1% do que eram antes. Ela comentou que nos dias de hoje, ela tem uma crise a cada quatro meses, e que isso era inimaginável antigamente. 

Mesmo assim, ela afirma que quer fazer um tratamento medicinal com cannabis, acompanhado, certinho, e não ficar fumando todos dias. 

“Tem gente que acha que eu nem tenho mais Tourette”, disse ela. 

Vida de influenciadora

Hoje, ela tem um público considerável que a acompanha na internet. Seja no Instagram (17 mil seguidores), Youtube (220 mil inscritos) ou Twitch (10 mil seguidores).

Por conta de ter tanta gente a acompanhando (mais a pressão da família), ela fica com medo de falar sobre maconha na internet, mas gostaria. 

“Eu já ouvi muito da minha família, para eu nunca falar sobre isso, para eu nunca mostrar que eu fumo, pois se eu deixar claro, nenhuma empresa vai querer me contratar, eu serei rechaçada por tudo e todos”. 

Ela comenta que o jeito de compartilhar o caso dela, e influenciar mais pessoas, é participando de canais que falam sobre o assunto, como o UmDois ou a Cannalize. 

Também acrescenta que gostaria de postar no perfil dela, mas tem muita criança que a segue, e ela ainda tem medo.

Um recado para a sociedade sobre a cannabis

A conversa foi aberta para que ela falasse diretamente com quem estivesse lendo a matéria. 

“É preciso buscar informação das pessoas corretas e de vários lugares, pois temos muito preconceito com coisas que ainda nem buscamos saber. E ruim é a proibição, pois a maconha, para mim, foi um presente de Deus”, finalizou Lola.   

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