Não existem evidências científicas. Será
Não existem evidências científicas. Essa afirmação eu costumo ouvir aqui e ali.
Mas será que é verdade?
Embora essa seja uma pergunta difícil de responder – já que dependendo dos interesses das pessoas, o conceito de evidência científica pode ser enviesado – sabemos que os estudos clínicos, fases 2 e 3 (randomizados, controlados por placebo, duplo cego), envolvendo os usos terapêuticos da Cannabis sativa L. são os considerados mais robustos.
Então eu vou responder a esta pergunta SEM VIÉS.
Num primeiro momento – sem citar os artigos científicos – vamos olhar apenas para os oito medicamentos registrados nas principais agências de saúde de diversos países, incluindo a FDA (Uma espécie de Anvisa dos EUA). Alguns deles já estão nas prateleiras do mundo há cerca de 40 anos*.
Para que estes medicamentos pudessem ter sido registrados, tiveram que passar por aqueles estudos robustos que eu mencionei, ou não teriam sido registrados, certo? E, portanto, eles têm bulas, como qualquer outro medicamento; Rivotril, Dramin, Novalgina, Zolpiden, entre todos os outros medicamentos sintéticos.
O que está escrito nas bulas deles? Quais condições eles vêm tratando no mundo?
Como pudemos ver, eu optei por trazer “a nata” das evidências científicas, por meio desses medicamentos, mas é claro que existem artigos científicos mostrando outras doenças para as quais já existem dados robustos também, embora ainda não estejam disponíveis na forma de medicamentos.
O’Sullivan et al. (2023) nos mostram que estudos robustos já estão disponíveis para estas outras condições abaixo:
– Psicose e esquizofrenia, com 1 ensaio clínico não controlado e 8 controlados por placebo.
– Transtorno do Estresse Pós-traumático, com 2 ensaios clínicos não controlados e 4 controlados por placebo.
– Adição/dependência/transtorno pelo uso de substâncias, com 2 ensaios clínicos não controlados e 3 controlados por placebo.
Então agora que eu trouxe esses dados de forma direta e prática, eu deixo para você a reflexão!
“Será que existem evidências científicas para tratamentos terapêuticos à base da planta? O que você acha?”
E se você tem algum familiar ou amigo que ainda acha que o medicamento à base dessa planta é um baseado, manda essa matéria para ela, e a ajude a sair da ignorância sobre o tema.
O’Sullivan, S.E.; Jensen, S.S.; Nikolajsen, G.N.; Bruun, H.Z.; Bhuller, R.; Hoeng, J. 2023. The therapeutic potential of purified canabidiol. Journal of Cannabis Research, 5: 21.
*para mais informações sobre estes medicamentos, consulte o vídeo “O THC pode ser um medicamento?” Do nosso Canal do Youtube CANABinALL – Tudo sobre canabinoides.
As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo. Além de de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.
Eliana Rodrigues
Bióloga com mestrado em Geografia pela Universidade de São Paulo. Doutorado e pós-doutorado pela Escola Paulista de Medicina. Desde 1995, vem desenvolvendo mais de 40 projetos de etnobotânica entre indígenas, afro-brasileiros, ribeirinhos amazônicos, com foco em substâncias psicoativas; somando cerca de 70 publicações. É professora titular e coordenadora do Centro de Estudos Etnobotânicos na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Atualmente, vem desenvolvendo atividades de divulgação científica sobre a Cannabis sativa L., por meio do Canal do Youtube “CANABinALL: tudo sobre canabinoides", e pelo curso “O Uso Terapêutico da Cannabis sativa L.”, ambos pela UNIFESP. Desde 2004 vem organizando simpósios, cursos, audiovisuais e realizando pesquisas na área desta planta.
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