Mas será que todas essas vantagens são visualizadas também quando se está chapado?
Fumar maconha e treinar: faz sentido?
Foto: Freepik
De acordo com um estudo publicado em 2021 pela revista Preventive Medicine, usuários de maconha que utilizam a substância em suas rotinas de exercícios relataram treinos mais consistentes e em maior volume, melhor saúde mental e melhor imagem corporal em comparação com os não usuários.
Uma possível explicação para esses relatos positivos é que os fitocanabinoides, isto é, as moléculas presentes na planta da maconha, como o THC (tetrahidrocanabinol) e o CBD(canabidiol), exercem no nosso corpo um efeito similar ao dos endocanabinoides – as moléculas que agem no sistema endocanabinoide e são produzidas pelo nosso organismo.
Esse efeito, muito estudado, é o “runner’s high”, a famosa sensação de bem-estar, euforia e relaxamento que o exercício físico de moderada a alta intensidade causa.
O “runner’s high” mediado pelo uso inalatório da cannabis é tão importante na comunidade esportiva que já foi relatado em outro estudo de 2019, da Frontiers in Public Health.
Foi demonstrado que nos estados norte-americanos em que o acesso à cannabis é legalizado, os praticantes de atividades físicas e exercícios regulares que faziam uso da substância, antes ou após os treinos, tiveram um aumento na motivação, no prazer e na recuperação muscular.
Apesar dessas evidências positivas, ainda há a questão do fumo que é tão desvinculado de uma rotina de saúde e bem-estar. Será mesmo que o uso inalatório da cannabis é tão prejudicial assim?
Ainda não temos todas as respostas para essa pergunta.
Pensando nos benefícios do uso da cannabis fumada em comparação às outras formas de uso, o fator mais evidente é a absorção e consequentemente o início do efeito mais rápido.
Ou seja, o controle de sintomas agudos como crises de ansiedade, estresse, dor, insônia, com o uso inalatório é eficaz. Flores de cannabis que possuem genéticas mais estimulantes, auxiliando na motivação e na sensação de euforia, a rigor, poderiam também ter uma aplicação no pré-treino.
Alguns atletas profissionais, inclusive, como o ultramaratonista Avery Collins e o jogador aposentado da NFL, Ricky Williams, fazem o uso das flores de cannabis com esse intuito.
Um fato ligado à diminuição da performance esportiva e que preocupa em relação ao uso fumado da planta, é que o ato de fumar em si gera um processo de combustão com a liberação de substâncias que podem ser prejudiciais para as vias aéreas.
Entretanto, algumas pesquisas recentes mostraram que, ao invés de afetar negativamente a capacidade respiratória, o uso inalatório da cannabis pode até aumentar essa capacidade.
A causa disso não é clara, mas os efeitos broncodilatadores e anti-inflamatórios da cannabis podem ser relevantes.
Obviamente, mais trabalhos são necessários para abordar os efeitos, a longo prazo, da cannabis fumada na função pulmonar e seus reais benefícios e riscos.
Atualmente, existem diversos produtos à base de cannabis, em diferentes formas de uso – óleos, tinturas, gummies, cápsulas – que podem substituir o uso fumado da planta.
À despeito disso, caso você queira fumar e acredite que isso ajude mesmo na sua performance esportiva, o ideal é sempre procurar flores de qualidade, legais, com os fitocanabinoides adequados para você e tentar optar pela vaporização, que apresenta menos riscos para as vias aéreas e um maior aproveitamento dos produtos.
As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.
Jessica Durand
Médica graduada pela Universidade Cidade de São Paulo, pós-graduada em Medicina Esportiva pelo Instituto Vita e em Cannabis Medicinal pela Unyleya. Possui certificação internacional em terapias à base de cannabis pela Green Flower. Atleta amadora, enxerga na prática clínica o potencial da cannabis medicinal na qualidade de vida e bem-estar dos pacientes, com foco especial em praticantes de atividades físicas e atletas amadores, semiprofissionais ou profissionais. Compõe o núcleo de medicina esportiva da Gravital, atuou como consultora de assuntos médicos do Atleta Cannabis.
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