É notável o aumento do número de pessoas com mais idade recorrendo aos tratamentos com cannabis.
Esses pacientes variam de pessoas na faixa dos 60 anos, com insuficiência renal e que não podem mais tomar certos medicamentos, mas ainda precisam controlar a dor crônica, a pacientes na faixa dos 90 anos, que procuram uma boa noite de sono e desconfiam dos efeitos colaterais dos medicamentos convencionais.
Alguns deles se sentem confortáveis com a ideia de fazer o uso medicinal da cannabis; outros preferem tratar em sigilo, muito por conta do estigma que a cannabis infelizmente ainda carrega.
De acordo com um estudo recente do Journal of the American Medical Association, o uso de cannabis entre os mais velhos (definidos como 65 anos ou mais) tem aumentado constantemente.
Nesta pesquisa, a prevalência de uso aumentou de 2,4% para 4,2%, entre 2015 e 2018. O objeto de estudo é embasado por dados de pesquisa e relatos de médicos que prescrevem cannabis.
Uma junção de fatores parece ser responsável, incluindo a diminuição do estigma associado ao uso da cannabis e o aumento do interesse no uso da maconha como tratamento por pacientes mais velhos.
A questão do estigma ainda é muito complicada, mas é visível como esse preconceito em relação à planta vem diminuindo.
Um exemplo claro é o dos Estados Unidos, um dos países mais importantes do mundo, onde uma pesquisa recente mostrou que 94% dos norte-americanos apoiam o acesso legal para o uso medicinal da cannabis.
Estudos mostram que as pessoas mais velhas geralmente usam a cannabis para as mesma condições que pacientes mais jovens:
Dor;
Esta é uma área ainda pouco explorada. Porém, pelo pouco que se sabe, tratamentos com cannabis são “bem aceitos” pelo organismo de pessoas idosas.
Mas, claro, nem tudo são flores: como em qualquer tratamento, existem riscos e efeitos colaterais. Vejamos.
A cannabis é conhecida por aumentar a frequência cardíaca, podendo também aumentar a pressão arterial.
Embora não pareça haver muitas (para não dizer nenhuma) evidências ligando diretamente o uso de cannabis com problemas cardíacos, de acordo com uma revisão recente do Journal of the American College of Cardiology, é recomendável uma triagem de pessoas com problemas no coração para o uso da cannabis.
O cenário que mais preocupa os médicos é quando o paciente mais velho, com algum tipo de doença coronária, ingere uma dose muito alta/forte de cannabis (talvez por engano, via comestíveis), podendo causar uma arritmia ou ataque.
Idosos tendem a ter mais comorbidades e, por consequência, estar tomando mais de um medicamento por vez.
A cannabis possui cerca de 600 substâncias químicas e, em teoria, os dois principais compostos da planta, Tetrahidrocanabinol (THC) e Canabinol (CBD), podem aumentar ou diminuir os níveis sanguíneos de outros remédios que a pessoa estiver tomando.
Isso pode afetar as enzimas do fígado que ajudam a metabolizar o sangue.
É sempre importante consultar o médico sobre a conveniência, ou eventuais riscos, do uso da cannabis com medicamentos convencionais.
O uso da cannabis entre os idosos está crescendo à medida que o preconceito diminui. O uso medicinal da planta é, cada vez mais, vista como uma opção eficaz para controlar a insônia e a dor crônica.
É fundamental conversar com seu médico sobre o tratamento, justamente para que os riscos sejam avaliados, especialmente se você tiver problemas cardíacos ou estiver tomando medicamentos.
Pesquise sobre o tema antes de começar a fazer uso de medicamentos à base de cannabis. A maioria dos efeitos adversos associados ao uso de cannabis está relacionada à concentração da dose ministrada.
Arthur Pomares
Jornalista e produtor de conteúdo da Cannalize. Apaixonado por café, futebol e boa música. Axé.
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