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Saúde e Ciência

Uso medicinal da cannabis cresce entre os idosos



26/04/2022



É notável o aumento do número de pessoas com mais idade recorrendo aos tratamentos com cannabis. 

Esses pacientes variam de pessoas na faixa dos 60 anos, com insuficiência renal e que não podem mais tomar certos medicamentos, mas ainda precisam controlar a dor crônica, a pacientes na faixa dos 90 anos, que procuram uma boa noite de sono e desconfiam dos efeitos colaterais dos medicamentos convencionais.  

Alguns deles se sentem confortáveis com a ideia de fazer o uso medicinal da cannabis; outros preferem tratar em sigilo, muito por conta do estigma que a cannabis infelizmente ainda carrega. 

Estudos

De acordo com um estudo recente do Journal of the American Medical Association, o uso de cannabis entre os mais velhos (definidos como 65 anos ou mais) tem aumentado constantemente. 

Nesta pesquisa, a prevalência de uso aumentou de 2,4% para 4,2%, entre 2015 e 2018. O objeto de estudo é embasado por dados de pesquisa e relatos de médicos que prescrevem cannabis. 

Tendência? Entenda

Uma junção de fatores parece ser responsável, incluindo a diminuição do estigma associado ao uso da cannabis e o aumento do interesse no uso da maconha como tratamento por pacientes mais velhos. 

A questão do estigma ainda é muito complicada, mas é visível como esse preconceito em relação à planta vem diminuindo.

Um exemplo claro é o dos Estados Unidos, um dos países mais importantes do mundo, onde uma pesquisa recente mostrou que 94% dos norte-americanos apoiam o acesso legal para o uso medicinal da cannabis. 

Principais tratamentos entre os idosos

Estudos mostram que as pessoas mais velhas geralmente usam a cannabis para as mesma condições que pacientes mais jovens: 

Dor;

Insônia

Neuropatia;

Ansiedade;

Riscos

Esta é uma área ainda pouco explorada. Porém, pelo pouco que se sabe, tratamentos com cannabis são “bem aceitos” pelo organismo de pessoas idosas. 

Mas, claro, nem tudo são flores: como em qualquer tratamento, existem riscos e efeitos colaterais. Vejamos. 

Cárdio e Cannabis 

A cannabis é conhecida por aumentar a frequência cardíaca, podendo também aumentar a pressão arterial. 

Embora não pareça haver muitas (para não dizer nenhuma) evidências ligando diretamente o uso de cannabis com problemas cardíacos, de acordo com uma revisão recente do Journal of the American College of Cardiology, é recomendável uma triagem de pessoas com problemas no coração para o uso da cannabis. 

O cenário que mais preocupa os médicos é quando o paciente mais velho, com algum tipo de doença coronária, ingere uma dose muito alta/forte de cannabis (talvez por engano, via comestíveis), podendo causar uma arritmia ou ataque. 

Interações com outros medicamentos

Idosos tendem a ter mais comorbidades e, por consequência, estar tomando mais de um medicamento por vez. 

A cannabis possui cerca de 600 substâncias químicas e, em teoria, os dois principais compostos da planta, Tetrahidrocanabinol (THC) e Canabinol (CBD), podem aumentar ou diminuir os níveis sanguíneos de outros remédios que a pessoa estiver tomando. 

Isso pode afetar as enzimas do fígado que ajudam a metabolizar o sangue. 

É sempre importante consultar o médico sobre a conveniência, ou eventuais riscos, do uso da cannabis com medicamentos convencionais. 

Mas, e aí? 

O uso da cannabis entre os idosos está crescendo à medida que o preconceito diminui. O uso medicinal da planta é, cada vez mais, vista como uma opção eficaz para controlar a insônia e a dor crônica. 

É fundamental conversar com seu médico sobre o tratamento, justamente para que os riscos sejam avaliados, especialmente se você tiver problemas cardíacos ou estiver tomando medicamentos.

Pesquise sobre o tema antes de começar a fazer uso de medicamentos à base de cannabis. A maioria dos efeitos adversos associados ao uso de cannabis está relacionada à concentração da dose ministrada.

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Arthur Pomares

Jornalista e produtor de conteúdo da Cannalize. Apaixonado por café, futebol e boa música. Axé.