Universidade do Paraná fará um estudo sobre a cannabis no tratamento de Alzheimer

Universidade do Paraná fará um estudo sobre a cannabis no tratamento de Alzheimer

Sobre as colunas

As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Os voluntários irão passar por um estudo duplo-cego, onde uma parte vai receber uma dose do fitofármaco, enquanto os outros vão receber placebo.

Não é de hoje que as universidades brasileiras estão investindo em estudos científicos com a cannabis. A Universidade Pública de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, por exemplo, é conhecida por ser o centro universitário com mais pesquisas sobre canabidiol no mundo.

Apesar do conservadorismo brasileiro, algumas faculdades pelo país também estudam a planta e já aderiram até o Sistema Endocanabinóide na grade de medicina e farmácia.

Agora, a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) de Foz do Iguaçu, no Paraná está investigando as propriedades medicinais da planta para tratar Alzheimer

Os testes clínicos, que estão em fase inicial, irão avaliar cerca de 20 a 30 pessoas durante um ano, que estão com a doença em níveis leves e moderados.

Quem estará conduzindo a pesquisa, será o docente Francesney Nascimento, que garante que a pesquisa já foi aprovada pelo Comitê de Ética. 

Os pacientes serão avaliados a partir de testes, com questionários, para analisar a memória e também o aprendizado e a cognição.

Investigações bioquímicas também serão realizadas. Proteínas, enzimas e mediadores inflamatórios do corpo, ligados ao Alzheimer, serão examinados através de coleta de sangue e o de liquor, aquele líquido extraído da medula espinhal.

As doses, que serão administradas com um conta-gotas, não serão altas. De tetra-tetraidrocanabinol (THC), por exemplo, elemento que gera os efeitos alucinógenos, serão de 1 a 3 mg. 60 vezes menor que a dose mínima para causar as reações psicóticas.

Como é proibido plantar no país, as cepas serão disponibilizadas pela Associação Abrace, que até pouco tempo era a única entidade brasileira com o aval para o plantio.

Expectativas

A cannabis age através do Sistema Endocanabinóide, que ajuda a regular várias funções do corpo a nível celular, como humor, apetite, memória, aprendizado, atividade motora e sistema imunológico.

Quem trabalha neste sistema equilibrando as funções são os endocanabinóides, produzidos pelo próprio organismo. No entanto, quando envelhecemos o corpo passa a produzir menos endocanabinóides, o que nos deixa vulneráveis a doenças como o Alzheimer.

Felizmente a planta cannabis também produz canabinóides. Como uma espécie de reforço, vários tipos de canabinóides, como o canabidiol (CBD) e o THC reforçam essa capacidade regulatória do nosso Sistema Endocanabinóide. Esta é a principal razão para a cannabis já está sendo usada como tratamento para Alzheimer.

O objetivo do novo estudo é tentar entender como a cannabis pode ajudar na regressão da doença, tanto no déficit de memória quanto na recuperação da cognição.

Isso acontece com a produção de novos neurônios, o que é esperado pela equipe. Estudos clínicos anteriores e também em animais mostraram que o restabelecimento da memória é possível.

Cannabis como tratamento

Pacientes de muitos países, inclusive o Brasil, já usam a cannabis para tratar Alzheimer. Basta lembrar da famosa história de Ivo Suzin, um homem de 52 anos, precocemente diagnosticado com a doença.

Em seu canal do Youtube chamado Curando Ivo, Filipe, filho de Ivo e sua mãe Solange mostram as dificuldades da doença e a evolução de Ivo com o tratamento à base de cannabis medicinal. 

Nos vídeos, Felipe conta que o tratamento trouxe seu pai de volta, reduzindo sua agressividade, melhorando suas funções cognitivas e melhorando a qualidade do sono.

Países como Estados Unidos e Israel também já fizeram este tipo de pesquisa que será realizada no Brasil, concluindo melhoras significativas nos pacientes, como ansiedade, depressão e agressividade.

A própria UNILA já tinha realizado outro estudo nessa linha. No laboratório de Neurofarmacologia Clínica do campos, já havia sido feito um estudo com um idoso de 75 anos com Alzheimer.

Doses baixas de canabinóides o ajudaram a recuperar a sua memória prejudicada e também a sua cognição. A pesquisa acrescentou na conclusão ainda, que além da recuperação, o senhor estava semelhante a um paciente da sua idade sem a doença.

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