A dor é um problema de saúde que pode ser dimensionado de diversas formas. Durante sua palestra na Conferência Internacional da Cannabis Medicinal (CICMED), o neurocirurgião e especialista em dor, Dr. Pedro Pierro, explicou que não é possível medir o tamanho das dores, uma vez que estamos falando sobre um testemunho, e não sobre uma patologia. Dores em diferentes graus, inclusive crônicas, quando persistem por mais de três meses, podem ser tratadas com canabinoides.
Mais de 30% da população mundial possui alguma dor crônica. Segundo a Sociedade Brasileira de Estudos da Dor (SBED), desconfortos crônicos podem estar presentes na vida de quase 40% dos brasileiros. Esses números vão mais além: 70% dos relatos de dor são de mulheres; e de 33% a 40% de pacientes com câncer (ou curados) apresentam algum incômodo crônico.
A forma pela qual a do se manifesta não ocorre da mesma forma para todos os pacientes, e de acordo com a médica e professora do Hospital Albert Einstein, Dra. Amelie Falconi, os sintomas são subestimados até pelos profissionais de saúde. Porém, alguns tipos de dores crônicas podem ser considerados os mais recorrentes:
Inflamatórias: ocorre quando o corpo gera uma resposta inflamatória a um dano causado em algum tecido ou órgão, e a consequência é o aumento de sensibilidade na região. Pode causar vermelhidão, inchaço, latejamento e sensação de calor.
Nociplásticas: acontece quando não há lesão ou ferimento evidentes, mas sabe-se que os tecidos estão mais sensíveis. A fibromialgia é um exemplo claro, pois é uma dor “invisível” que pode piorar se não for tratada.
Neuropáticas: causadas geralmente por alguma lesão no Sistema Nervoso Central ou periférico. As dores costumam se manifestar em forma de pontadas, ardências e espasmos.
Geralmente, os opioides são indicados por profissionais de saúde para diminuir os sintomas das dores crônicas, especialmente em pessoas que têm grandes danos estruturais em alguma parte do corpo, devido a um histórico de doenças. Contudo, o uso recorrente desse tipo de medicação pode levar ao vício, sem contar que eles não são indicados para todos os tipos de dores e pacientes.
A evolução de pesquisas sobre cannabis medicinal e Sistema Endocanabinoide vêm acontecendo em diversas áreas da Saúde. O tratamento para dores está sendo estudado. Embora ainda não exista ligação comprovada entre dor crônica e a terapêutica, algumas evidências encontradas até o momento são animadoras.
É possível dizer que canabidiol (CBD) é o canabinoide da planta com maior quantidade de estudos para fins medicinais. Sabe-se que ele atua diretamente no Sistema Endocanabinoide e funciona como antioxidante, anti-inflamatório e analgésico.
De acordo com resultados publicados na revista científica JAMA Network Open, quase um terço dos pacientes com dor crônica nos Estados Unidos usam o canabidiol para diminuir a frequência do incômodo. Metade do grupo entrevistado relatou que o tratamento com cannabis em geral diminuiu o uso dos analgésicos, incluindo os opioides.
Os potenciais do CBD podem ser capazes de diminuir os sintomas da artrose, sobretudo na forma tópica, que são os produtos aplicados na parte exterior do corpo. Estes produtos não penetram na corrente sanguínea, portanto, os resultados serão sentidos exatamente na região da dor.
Também segundo um estudo divulgado pela “UK Cannabis Medical Registry “, do Reino Unido, derivados da planta são capazes de diminuir a intensidade da dor de pacientes, além de reduzir os sintomas da ansiedade e melhorar o sono e os desconfortos. O objetivo dos pesquisadores foi levantar os registros médicos de 200 pacientes que já usavam a terapêutica, e com isso, comparar os resultados. Os resultados mais positivos foram notados nas pessoas que fizeram o tratamento durante um mês, três e seis meses.
Outra pesquisa publicada na revista “National Library of Medicine” indicou que a cannabis pode ser benéfica para algumas condições de dor crônica, como fibromialgia, dor neuropática, hérnia de disco e artrite.
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Porém, alertamos que a automedicação não é permitida! O primeiro passo sempre será consultar um profissional de saúde que avalie sua condição e receite o melhor medicamento para seu organismo.
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