Veja como a cannabis pode ajudar no bruxismo e o que diz a dentista Rafaela de Rosa, especizada em bruxismo e cannabis medicinal
Mulher com dor de dente se olhando no espelho
O bruxismo, movimento repetitivo dos músculos da mastigação, e também conhecido como hábito inconsciente de apertar ou ranger os dentes, afeta milhões de brasileiros e muitas vezes passa despercebido — até que começa a causar dor, desgaste dentário e noites mal dormidas.
Embora o uso de dispositivo interoclusal rígido (as famosas placas) e técnicas de relaxamento sejam comuns no controle, novas abordagens vêm ganhando espaço na odontologia integrativa.
Uma delas é o uso da cannabis medicinal para tratar não apenas os sintomas, mas também os fatores neurobiológicos e emocionais que alimentam o bruxismo. Para entender melhor esse cenário, a Cannalize conversou com a cirurgiã-dentista Dra. Rafaela de Rosa, especializada em dor orofacial e terapias canabinoides.
Ela esteve presente na última audiência pública da Frente Parlamentar da Cannabis Medicinal, realizada na Assembleia Legislativa de São Paulo, onde discutiu os avanços da regulamentação e o papel da odontologia nesse campo.
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A cirurgiã-dentista explica que o bruxismo é a atividade repetitiva dos músculos da mastigação, caracterizada por ranger, apertar ou encostar os dentes de forma involuntária. Pode acontecer durante o sono (bruxismo do sono) ou enquanto a pessoa está acordada (bruxismo em vigília).
Segundo o Consenso Internacional de 2025, ele não é considerado uma doença, mas sim um comportamento motor com impactos clínicos importantes, como dor muscular, desgaste dentário e disfunções na articulação temporomandibular (ATM).
“O bruxismo pode sinalizar um organismo em estado de alerta, tensão ou privação. Não é apenas o causador do problema — muitas vezes, é um reflexo dele”, explica a cirurgiã-dentista.
Dra. Rafaela da Rosa, cirurgiã-dentista especializada em bruxismo e cannabis medicinal
A origem do bruxismo é multifatorial. No caso do bruxismo do sono, ele costuma estar relacionado a microdespertares e oscilações do sistema nervoso autônomo. Já o bruxismo em vigília está ligado a estresse, ansiedade e sobrecarga emocional.
Também há fatores secundários, como o uso de estimulantes (cafeína, nicotina, medicamentos), distúrbios respiratórios do sono e histórico de experiências adversas.
Os sintomas variam de pessoa para pessoa, mas alguns sinais são frequentes:
Dor ou rigidez na mandíbula ao acordar
Dores de cabeça tensionais
Desgaste ou fraturas nos dentes
Estalos ou travamentos na ATM
Tensão mandibular ao longo do dia
Muitos só percebem o problema após avaliação odontológica ou pelo relato de parceiros que escutam o ranger noturno dos dentes.
Sim. A longo prazo, o bruxismo pode causar fraturas dentárias, retração gengival, mobilidade dos dentes e até perda de elementos. Além disso, ele sobrecarrega o sistema mastigatório, podendo gerar dor crônica e disfunções musculares e articulares.
Mas, segundo a Dra. Rafaela, é importante ir além da superfície:
“O bruxismo nem sempre é o vilão. Em muitos casos, ele é um marcador clínico — um sinal de que o corpo está lidando com sobrecarga emocional ou fragmentação do sono.”
Para a cirurgiã-dentista, sim — especialmente nos casos em que há dor muscular, ansiedade, distúrbios do sono ou hiperatividade neuromuscular.
A cannabis atua no sistema endocanabinoide, responsável por regular o sono, o humor, o estresse e o controle motor. Os principais compostos utilizados são:
CBD: ansiolítico e anti-inflamatório, promove sono reparador
CBN: auxilia na indução do sono profundo
D9THC (em doses baixas): pode modular dor e reduzir tensão
CBG: atua no reequilíbrio emocional e fadiga
“A Cannabis reorganiza circuitos centrais que mantêm a atividade muscular e o estado de alerta. É uma das únicas terapias que atuam na origem do bruxismo, e não apenas nos seus efeitos periféricos”, explica a dentista.
De acordo com a expert, os principais benefícios observados são:
Redução da dor orofacial e cefaleias
Menor rigidez mandibular ao acordar
Menos episódios de bruxismo em vigília
Melhor qualidade do sono e redução da ansiedade
Além disso, em alguns casos, foi possível reduzir ou suspender o uso de ansiolíticos e hipnóticos.
Exemplo de recurso para evitar o desgaste dentário severo.
Não totalmente. A placa interoclusal rígida ainda é importante em casos com desgaste dentário severo. Mas a cannabis atua onde a placa não alcança: nos sistemas neurológico e emocional que perpetuam o bruxismo. Como exemplifica a doutora:
“Já acompanhei casos em que, após melhora clínica com cannabis, o uso contínuo da placa deixou de ser necessário.”
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O tratamento do bruxismo não deve se limitar ao controle de danos nos dentes. É preciso olhar para o corpo como um todo — especialmente o sono, o estresse e o equilíbrio neuromuscular.
A cannabis medicinal surge como uma alternativa segura, regulada e potencialmente transformadora, que pode ser usada com ou sem dor evidente.
“Tratar o bruxismo com cannabis não é só aliviar sintomas — é oferecer uma chance real de reorganização fisiológica e emocional para quem vive em estado de tensão constante”, conclui a cirurgiã-dentista.
Lucas Panoni
Jornalista e produtor de conteúdo na Cannalize. Entusiasta da cultura canábica, artes gráficas, política e meio ambiente. Apaixonado por aprender.
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