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Será a primeira vez que um Conselho médico organizará uma aula focada na terapia canabinoide. Evento acontece nesta quarta (24), às 19h
O CREMERJ (Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro) realizará um evento sobre dor e cannabis medicinal. Este encontro é considerado histórico, pois nunca antes um Conselho de Medicina (seja ele nacional ou regional) organizou uma discussão sobre estudos científicos com a cannabis.
A audiência foi anunciada pelo Grupo de Trabalho sobre Dor do Órgão, com o tema “Dor crônica e o uso de canabinoides: evidências científicas e bases”. Os painéis estão previstos para começarem às 19h desta quarta-feira (24).
Programação
Durante o evento serão abordados quatro tipos de dores crônicas que podem ser tratadas com a cannabis medicinal.
O uso da cannabis para tratar dores nociceptivas (que surgem de lesões nos tecidos, como queimaduras ou fraturas) é um dos destaques. Segundo o médico do trabalho Dr. Alexandre Cardoso, que apresentará o tema, os produtos com THC (tetrahidrocanabinol) podem responder melhor que o CBD (canabidiol) para esse tipo de desconforto. Assim, o uso dessa substância deve ser mais valorizado pela comunidade médica.
“O THC é a grande saída para o tratamento, porque sua molécula se parece muito com a anandamida que já é produzida pelo próprio corpo e está relacionada ao controle das dores. Na minha visão é preciso aumentar seu percentual nos óleos de cannabis: tem que ser 1:1 (comparado com o CBD)”.
Outro assunto que está em alta é uso dos canabinoides para dores oncológicas. O anestesiologista Dr. Carlos de Barros trará uma conexão entre os perfis de pacientes oncológicos e os possíveis usos dos produtos de cannabis no tratamento. Ele acredita que a iniciativa do CREMERJ de abrir espaço para essa discussão deveria servir de exemplo para outros Conselhos de Medicina.
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“O contexto do evento serve para quebrar paradigmas, aumentar o conhecimento da classe médica sobre a prescrição de canabinoides e levar informação sobre o uso racional da cannabis medicinal”, opina o médico.
Confira a programação completa
Como participar?
Para assistir ao evento presencialmente, será necessário fazer sua inscrição. Clique aqui para ser redirecionado ao site do CREMERJ.
Informações
Local: Auditório do CREMERJ Júlio Sanderson – Praia de Botafogo, 228 – Rio de Janeiro/RJ.
Data: 24/07, às 19h.
Importante: o evento é exclusivo a médicos e estudantes de Medicina (a partir do 9º período). Para assistir à distância, o Conselho também transmitirá o evento em seu canal do Youtube
https://cannalize.com.br/cremerj-evento-cannabis/ Cannabis na Esclerose Múltipla é mesmo uma boa opção?
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A terapia canabinoide é um tema relativamente novo que ainda está sob investigação. Mas será que já temos todas as respostas quando falamos sobre esclerose múltipla?
O uso da cannabis medicinal na esclerose múltipla é frequentemente discutido no tratamento sintomático e preventivo. Mas o que ninguém fala é que alguns cuidados devem ser tomados quanto à indicação do uso na forma oral.
Sintomas como comprometimento cognitivo, fadiga e alterações do humor, depressão e ideação suicida, por exemplo, devem sempre ser avaliados.
Mas isso não quer dizer que a cannabis não possa ser utilizada para tratar a doença. Há até remédios comercializados para tratar a condição, como o chamado Nabiximols. Trata-se de um preparado comercial utilizado em vários países com indicação específica para espasticidade na esclerose múltipla.
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O interessante é que ele contém THC e CBD, na proporção 1:1. Ou seja, tem a mesma quantidade de canabidiol quanto de tetrahidrocanabinol, a famosa substância que gera a alta da maconha.
Estudos mostraram que o Naximbols se mostrou eficaz nas escalas de auto avaliação no uso por até 15 semanas. Após um ano, os resultados ainda indicaram uma melhora nas escalas objetivas de mensuração da espasticidade.
Resultados que sugerem que essa opção terapêutica pode ser utilizada nos pacientes com esclerose múltipla.
Mas…
Por outro lado, na dor neuropática ou central, os estudos foram realizados por períodos curtos. Por isso, não há uma certeza que o remédio funcione.
Ainda assim, é importante lembrar que o Nabiximols, e outros produtos com extrato de cannabis, apresentaram resultados conflitantes.
Embora não seja possível concluir de forma definitiva quanto à sua eficácia, os dados sugerem que esta pode ser uma opção terapêutica em pacientes que não respondem aos tratamentos convencionais.
No tratamento dos tremores e da disfunção vesical, por exemplo, o uso de preparos orais de CBD THC ainda estão sendo avaliados.
Conclusão: o CBD e o THC podem ser utilizados nas espasticidade seguidor da esclerose múltipla, sempre observando riscos e benefícios da sua indicação.
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https://cannalize.com.br/cannabis-esclerose-multipla-naximbol-estudos/ Terpenos podem ser tão eficazes quanto a morfina para dorA pesquisa mostrou um alívio sem efeitos colaterais significativos, além de uma ação conjunta com a morfina para efeitos mais potentes
De acordo com um novo estudo publicado neste mês na International Association for the Study of Pain, os terpenos da cannabis tem potencial para tratar dores crônicas e podem ser tão eficazes quanto a morfina.
Trata-se das substâncias que dão o cheiro e o sabor à planta, mas que também possuem propriedades medicinais tão importantes quanto o CBD (canabidiol) e o THC (tetrahidrocanabinol).
Segundo a pesquisa feita nos Estados Unidos, os marcadores mostraram que apenas uma dose de terpenos produziu uma redução “aproximadamente igual”, quando comparadas a uma dose menor de morfina.
Os investigadores também perceberam que, quando usados juntos, os compostos parecem aumentar a eficácia da morfina. “O que descobrimos é que os terpenos são realmente bons no alívio de um tipo específico de dor crônica, com efeitos colaterais baixos e controláveis”.
Como o estudo foi feito
O objetivo da pesquisa não era apenas testar se os terpenos poderiam aliviar a dor, mas também quais são os mecanismos por trás de qualquer alívio para a dor que os terpenos possam proporcionar.
Os resultados foram medidos através da injeção de cinco tipos de terpenos presentes na cannabis em camundongos. A ideia era entender como eles podem influenciar tanto na dor neuropática periférica quanto na dor inflamatória.
Dores que foram induzidas nos roedores por meio de drogas quimioterápicas.
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Mas os terpenos não foram utilizados juntos, cada substância foi testada individualmente. Os pesquisadores também fizeram uma administração por via oral e vaporização, mas os pareceram ter pouco impacto na dor.
Dos cinco tipos das substâncias observadas, todos conseguiram reduzir a dor neuropática. Enquanto a dor inflamatória, apenas um não mostrou resultados.
Menos ou mais terpenos?
Por outro lado, as doses de morfina foram consideravelmente menores em comparação com as substâncias da cannabis. Enquanto a morfina foi testada em 10 mg/kg, os terpenos foram usados em 200 mg/kg.
Mas o interessante é que doses mais baixas das substâncias da cannabis combinadas à morfina, tiveram resultados melhores.
“Isso traz à tona a ideia de que você poderia ter uma terapia combinada, um opioide com alto nível de terpeno, que poderia realmente melhorar o alívio da dor e, ao mesmo tempo, bloquear o potencial de dependência dos opioides”, disse um dos pesquisadores. “É isso que estamos vendo agora”.
Sem viciar ninguém
Além de possuírem menos efeitos adversos em comparação com a morfina, as substâncias produzidas pela cannabis também não viciam. “Os terpenos podem ser analgésicos eficazes, sem efeitos secundários recompensadores ou disfóricos”, escreveram.
Os compostos podem ser uma alternativa ao CBD e THC, uma vez que os estudos feitos até agora mostram uma eficácia moderada. “E o THC é sobrecarregado por efeitos colaterais psicoativos indesejados” em algumas pessoas”, justificaram.