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Cerca de 219 milhões de pessoas no mundo fazem uso da planta e a tendência é que o número aumente, segundo o relatório
A maconha continua a ser a droga mais consumida em todo o mundo e seu consumo segue aumentando, segundo o último “Relatório Mundial sobre Drogas” das Nações Unidas.
O levantamento evidencia mais uma vez a ineficácia da política proibicionista, revelando níveis sem precedentes de oferta e consumo de substâncias ilícitas.
“O uso de drogas continua alto em todo o mundo. Em 2021, 1 em cada 17 pessoas com idades compreendidas entre os 15 e os 64 anos no mundo tinha consumido uma droga nos últimos 12 meses. O número estimado de usuários cresceu de 240 milhões em 2011 para 296 milhões em 2021 (5,8 por cento da população mundial com idades compreendidas entre os 15 e os 64 anos). Este é um aumento de 23 por cento, em parte devido ao crescimento populacional”, afirma o documento.
De acordo com o relatório, os dados reportados pelos próprios consumidores de substâncias sugerem uma mudança recente para plataformas de redes sociais para a compra de drogas, especialmente cannabis, cocaína e “ecstasy”.
Números em crescimento
Os dados mostram que a maconha ainda é a droga mais consumida no mundo, com uma estimativa de 219 milhões de consumidores (4,3% da população adulta mundial) em 2021. Além disso, segundo o relatório, esse número está subindo — enquanto a proporção de mulheres que consomem cannabis também está aumentando.
“O consumo da droga está a aumentar e, embora a nível mundial os consumidores de cannabis sejam maioritariamente homens (cerca de 70 por cento), a divisão entre gêneros está a diminuir em algumas sub-regiões; as mulheres representam 42% dos usuários de cannabis na América do Norte”, afirma a ONU em sua publicação.
Considerando que a maconha é uma planta com inúmeras propriedades medicinais, apontadas por estudos e relatos de caso em todo o mundo — o que ensejou inclusive sua reclassificação pela ONU para uma lista que reconhece seu valor medicinal — não é uma surpresa que ela seja muito mais consumida que outras substâncias.
Segundo o levantamento, em 2021, estima-se que 36 milhões de pessoas consumiram anfetaminas, 22 milhões consumiram cocaína e 20 milhões consumiram substâncias do tipo “ecstasy” no último ano.
Contudo, os opioides continuam a ser o grupo de substâncias que mais contribui para os danos graves relacionados às drogas, “incluindo as overdoses fatais”. “Estima-se que 60 milhões de pessoas consumiram opioides não medicinais em 2021, 31,5 milhões das quais consumiram opiáceos (principalmente heroína)”, afirma o relatório.
Opioides são a principal causa de morte
Ainda de acordo com o documento, os opioides continuam a ser a principal causa de morte por overdose. “Os opioides foram responsáveis por quase 70 por cento das 128.000 mortes atribuídas a distúrbios relacionados com o consumo de drogas em 2019”, aponta o relatório.
O documento ainda destaca que os distúrbios causados pelos opioides representaram a maioria: “71 por cento dos 18 milhões de anos saudáveis de vida perdidos devido a morte prematura e incapacidade em 2019”.
Segundo o relatório, a principal substância causadora de transtorno por uso de droga comunicada pelos usuários varia de acordo com a região, sendo que “na maior parte da Europa e na maior parte das sub-regiões da Ásia, os opiáceos são a droga principal mais frequente das pessoas em tratamento da toxicodependência, enquanto na América Latina é a cocaína, em partes de África é a cannabis, e no Leste e Sudeste Asiático é a metanfetamina”.
As estimativas da ONU também sugerem um aumento no número de pessoas que consomem substâncias injetáveis.
“Estima-se que 13,2 milhões de pessoas consumiam drogas injetáveis em 2021. Esta estimativa é 18 por cento superior à de 2020 (11,2 milhões). Este aumento deve-se às novas estimativas disponíveis nos Estados Unidos e em alguns outros países. A Europa Oriental (1,3 por cento da população adulta) e a América do Norte (1,0 por cento) continuam a ser as duas sub-regiões com a maior prevalência estimada de pessoas que injetam drogas e, em termos absolutos, a América do Norte tem agora o maior número de indivíduos que relatam injetar drogas”, diz o relatório.
A ONU alerta que o risco de contrair HIV é 35 vezes maior para quem injeta substâncias, apontando para uma estimativa global de que 12% (1,6 milhão) das pessoas que injetam drogas vivem com o vírus.
O número de portadores de HIV poderia ser muito inferior se mais países abandonassem as políticas ultrapassadas de proibição e passassem a se preocupar mais com a saúde da população, adotando a legalização das drogas e estratégias de redução de danos, como a distribuição de seringas e a disponibilização de locais para consumo seguro.
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