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A pesquisa feita em camundongos mostrou alterações em regiões do cérebro relacionadas às emoções, autoconhecimento, interações sociais e resposta sensitiva
De acordo com um estudo apresentado na FENS 2024 (Fórum da Federação Europeia de Sociedades de Neurociência), em Viena, na Áustria, o CBD (canabidiol) pode não ser uma boa opção para gestantes.
O uso em pessoas grávidas tem sido uma opção cada vez mais frequente para conter os sintomas, como náuseas, vômitos, dores de cabeça e até ansiedade e depressão.
Mas, segundo a pesquisa, a prática pode provocar alterações cerebrais nos feitos que podem resultar em mudanças cognitivas e comportamentais na vida adulta.
Como o estudo foi feito
O estudo foi desenvolvido em camundongos de laboratório e avaliou a exposição do CBD na prole durante a gestação. As fêmeas grávidas foram divididas em dois grupos:
O primeiro grupo recebeu doses baixas de canabidiol (três miligramas por quilo do animal) do quinto ao 18º dia de gestação (o período total de gestação de roedores é de 20 dias). Já o outro grupo recebeu placebo.
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Após o nascimento, os filhotes foram examinados por eletrodos e lâminas, que avaliaram as estruturas cerebrais de cada um deles.
A ideia era investigar o córtex insular, parte central do cérebro que se forma durante a fase embrionária. Ela é dividida em duas partes: uma processa as emoções, autoconhecimento e interações sociais. E a outra, o controle motor na resposta sensitiva.
Resultados
Os pesquisadores observaram que os camundongos que tiveram exposição de canabidiol, tiveram uma diminuição na resposta excitatória, ou seja, a comunicação rápida da resposta sináptica dos neurônios diante de uma ação. Além de uma diminuição na resposta inibitória (capaz de frear uma ação).
O estudo também mostrou que as características dessa região do cérebro, que se desenvolvem de formas diferentes em machos e fêmeas, não se desenvolveram de forma distinta como deveriam.
Por outro lado, é importante ressaltar que baixas dosagens utilizadas no experimento não significam que as mesmas mudanças seriam observadas em humanos.
Diferentes reações
Em outra pesquisa feita pela mesma equipe do Inserm (Instituto Nacional de Saúde e de Pesquisa Médica, na sigla em francês), também observou que houve variações no comportamento dos roedores que receberam CBD.
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Enquanto as fêmeas se mostravam mais curiosas e se movimentavam mais, os machos apresentaram uma redução nas interações sociais.
“Além disso, em comparação com os ratos de controle, tanto os ratos machos quanto as fêmeas tratadas com CBD estabeleceram mais contatos físicos entre si.”, disse a doutoranda Alba Caceres Rodriguez, sobre este segundo estudo.
Apesar dos resultados, ainda é necessário mais estudos para investigar a fundo o que acontece no cérebro com a exposição do canabidiol em embriões.