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A maior parte dos produtos e medicamentos desenvolvidos a partir da Cannabis sativa L. utilizam os fitocanabinoides, sobretudo o CBD (canabidiol), presentes nas suas resinas; apesar de estarem presentes também terpenos, flavonoides e alcaloides nessas estruturas.
As resinas são produzidas e armazenadas em células que ficam na superfície do tecido das plantas, conhecidas por tricomas; em grego significa “pelos”.
São células extremamente delicadas, que ao menor toque, ou mesmo atingidas pelo vento, podem liberar aqueles compostos químicos. A liberação dos terpenos nos oferece os diferentes aromas das milhares de variantes agronômicas dessa espécie.
Os tricomas passam por diferentes fases de maturação, do branco, quando imaturos, até a coloração dourada (âmbar), quando estão no auge da produção e devem ser colhidos para o preparo dos produtos e medicamentos.
Mas será que temos tricomas apenas nas flores femininas da planta?
A resposta é não!
Na verdade, sabemos que todas as partes da planta possuem tricomas, incluindo os pólens (Stout et al., 2012). E assim, as resinas e seus compostos terapêuticos.
Embora a maior parte da produção deles de fato ocorra nas flores femininas, observamos que na medicina tradicional, essa não é a parte utilizada com finalidades terapêuticas, na maior parte das vezes!
O Banco de Dados Etnobotânicos da C. sativa, o CANNUSE, criado por pesquisadores do Instituto Botânico de Barcelona, reúne cerca de 2.330 usos tradicionais da planta, a partir de 649 publicações, envolvendo mais de 40 países.
Análises desse Banco nos mostram que os principais relatos para a planta são: medicinal (75.41%), seguidos por narcótico (8.35%) e alimentar (7.29%), e uma pequena parte como fibras. Ainda, as partes mais utilizadas são as folhas (50.51%), sementes (15.38%) e inflorescências (11.35%); a maior parte destas últimas são utilizadas com finalidades narcóticas (Balant et al., 2021).
As raízes também possuem tricomas e a maior parte dos usos tradicionais relacionados a esta parte da planta é: inflamação e dor, incluindo gota; entre outras (Hourfane et al.,2023).
Vários estudos de farmacologia pré-clínica já comprovaram estas atividades.
Portanto: A resposta é não!
Não só as flores femininas da Cannabis sativa L. são do bem!
Se você quer saber mais sobre esse assunto, assista aos vídeos “Raízes” e “Tricomas nas Raízes?”, do canal do Youtube “CANABinALL: tudo sobre canabinoides”, pois lá explico em maior profundidade o tema abordado aqui.
Referências
Balant, M., Gras, A., Ruz, M., et al., 2021. Traditional uses of Cannabis: An analysis of the CANNUSE database. Journal of Ethnopharmacology, 279: 114362.
Hourfane, S., Mechqoq, H., Bekkali, A. Y., et al., 2023. A comprehensive review on Cannabis sativa ethnobotany, phytochemistry, molecular docking and biological activities. Plants, 12(6), 1245.
Stout, J. M., Boubakir, Z., Ambrose, S. J., et al., 2012. The hexanoyl‐CoA precursor for cannabinoid biosynthesis is formed by an acyl‐activating enzyme in Cannabis sativa trichomes. The Plant Journal, 71(3), 353-365.
https://cannalize.com.br/so-as-flores-femininas-sao-do-bem/ Outras substâncias da cannabis podem intensificar efeitosA revisão científica mostrou que o potencial máximo da cannabis pode estar na ação conjunta de terpenos e flavonoides
Uma nova pesquisa realizada na Austrália e publicada no mês passado reforçou a ideia de que outros compostos da cannabis são tão importantes quanto o CBD (canabidiol) ou o THC (tetrahidrocanabinol) nos tratamentos.
O estudo foi uma revisão da literatura que explorou os benefícios do famoso Efeito Entourage, também conhecido como Efeito Comitiva. Ele defende que a junção dos componentes da planta são mais potentes que usados separadamente.
A pesquisa explorou os efeitos não só dos canabinoides, mas também dos flavonoides e terpenos. “Evidências emergentes sugerem que estes constituintes, particularmente canabinoides e terpenos, desempenham um papel substancial na interação e colaboração”, escreveram.
Os investigadores defendem que, somente examinando as interações será possível “desbloquear todo o potencial terapêutico da planta”. Quando se dá mais atenção às proporções distintas de canabinoides, terpenos e flavonoides em variedades ou produtos específicos, é possível desenvolver intervenções medicinais mais “personalizadas”.
Melhorar e modular o efeito um do outro
Os componentes da cannabis interagem com o Sistema Endocanabinoide, um sistema que funciona em nível molecular ajudando a restaurar a homeostase, ou seja, o equilíbrio de várias funções do corpo.
Assim, podem ser úteis como analgésicos, anti-inflamatórios e possuem capacidades neuroprotetoras. Por outro lado, segundo os pesquisadores, é cada vez mais evidente que os seus efeitos não são atribuídos apenas às suas ações, mas também por outros compostos da planta.
Os terpenos, por exemplo, podem interagir com os receptores de neurotransmissores, enzimas e membranas celulares, diz o estudo. Mas também podem influenciar a farmacodinâmica dos canabinoides, melhorando e modulando os seus efeitos.
O estudo ainda fornece uma imagem complexa das redes de interações químicas que podem influenciar os efeitos da cannabis sobre as pessoas.
“Explorar a biossíntese, as bioatividades e as aplicações biotecnológicas destes compostos é fundamental para aproveitar o seu potencial terapêutico e diversificar as opções de tratamento”, acrescentaram.
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