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Conversamos com um psiquiatra para entender como funciona e quais os cuidados na hora de fazer essa troca
O uso de produtos feitos à base de cannabis tem crescido como uma opção efetiva para tratar várias condições médicas. Entre elas, condições da mente, como ansiedade e depressão.
Alternativa que tem crescido no país. Para se ter uma ideia, 56% das receitas emitidas entre 2015 e 2019 foram direcionadas para problemas relacionados ao cérebro, de acordo com a Kaya Mind.
Hoje, cada vez mais médicos têm substituído antidepressivos por produtos derivados da planta. Então será que é possível substituir a Amitriptilina?
Mas, o que é Amitriptilina?
O cloridrato de amitriptilina, também conhecido como Tryptanol®, é um medicamento bem antigo. Com quase 60 anos de história, é considerado um precursor dos antidepressivos.
De acordo com o psiquiatra Jairo Coutinho, o remédio atua estimulando a serotonina e noradrenalina, e pode aumentar a presença de dopamina no córtex frontal. O objetivo aqui é aumentar e normalizar a comunicação entre neurônios e células.
Como na maioria dos antidepressivos, a amitriptilina passa a fazer efeitos de duas a quatro semanas depois de começar a usar.
Outros usos
O remédio também é bastante utilizado para o tratamento de dores neuropáticas e enurese noturna (fazer xixi na cama).
Alguns estudos mostram que ainda é possível utilizá-lo para tratar outras condições em Off Label, ou seja, doenças que não estão indicadas na bula. No caso da Amitriptilina, são:
- Insônia;
- Dores crônicas;
- Fibromialgia;
- Enxaqueca;
- Síndrome do Intestino Irritável;
- Síndrome da bexiga dolorosa;
- Bulimia.
Efeitos Colaterais
Apesar da maior disponibilidade e custo baixo, a amitriptilina ainda é um medicamento com muitos efeitos adversos, o que pode ser um problema.
Embora considerados tolerados, os efeitos colaterais comuns incluem constipação, tontura, boca seca, sonolência, cansaço, fraqueza, dificuldade para urinar e boca seca.
Coutinho ainda acrescenta que, em muitas vezes, apresenta sedação, ganho de peso, arritmias e convulsões.
Sem contar que o remédio não pode ser utilizado por:
- Pessoas com doenças cardíacas;
- Pessoas com problemas no fígado ou nos rins;
- Pessoas com epilepsia ou em um tratamento eletroconvulsivo;
- Pessoas grávidas;
- Pessoas tentando engravidar;
- Pessoas com diabetes;
- Pessoas com glaucoma.
Ainda é preciso estar atento às interações medicamentosas, que podem aumentar ou diminuir a sua efetividade, além dos efeitos colaterais.
O uso da cannabis como tratamento
Como dito acima, a cannabis é cada vez mais utilizada para uma série de condições médicas, inclusive, problemas da mente como ansiedade e depressão. Porém, o fitofármaco funciona de forma diferente.
A planta trabalha através do chamado Sistema Endocanabinoide, um sistema que funciona à nível molecular ajudando a restaurar a homeostase, ou seja, o equilíbrio de várias funções do organismo, como fome, humor, sono, sistema nervoso e até sistema imunológico.
Ele possui receptores, que sinalizam quando algo está errado e precisa ser regulado.
De acordo com o psiquiatra Jairo Coutinho, a cannabis vem sendo cada vez mais utilizada em conjunto com a amitriptilina nos tratamentos psiquiátricos, além de ser um suporte para tirá-la de vez.
“A cannabis colabora para a desprescrição do remédio, dado aos efeitos colaterais da amitriptilina, e substituição por derivados da cannabis”, acrescenta.
Mas…
Contudo, o psiquiatra destaca que essa troca deve ser feita sob supervisão de um médico, uma vez que a interação medicamentosa pode trazer efeitos colaterais.
“Quando utilizada simultaneamente com os derivados da cannabis, seja de forma oral ou inalada, pode apresentar interações medicamentosas, e aumentar os efeitos colaterais, da amitriptilina como tonturas, sonolência, confusão e dificuldade de concentração.”, diz.
O médico complementa que é possível substituir a amitriptilina utilizando derivados da cannabis. Contudo, quando é necessário associar a outros antidepressivos, é preciso utilizar outros que apresentem estes problemas.
Cannabis para tratar dores neuropáticas
A plantinha também faz o seu papel muito bem no tratamento de dores neuropáticas. Alguns estudos, inclusive no Brasil, têm mostrado resultados promissores.
Como por exemplo, uma pesquisa desenvolvida na USP de Ribeirão Preto, que mostrou que a cannabis pode ser útil para o tratamento de dores crônicas, além de comorbidades associadas como a ansiedade.
O uso da cannabis reduziu a percepção da alodinia, que se refere a dores com um simples toque ou estímulo. Assim como reduziu a hiperalgesia térmica, a dor provocada quando o calor aumenta.
Outro estudo, também feito pela USP de Ribeirão Preto com um canabidiol sintético para suprimir dores neuropáticas causadas pelo placlitaxel, um quimioterápico amplamente utilizado pelo SUS (Sistema Único de Saúde) para tratar vários tipos de cânceres.
A cannabis também é usada para o tratamento de insônia, fibromialgia e enxaqueca.
Consulte um profissional
É importante ressaltar que qualquer produto feito com a cannabis precisa ser prescrito por um profissional de saúde habilitado, que poderá te orientar de forma específica e indicar qual o melhor tratamento para a sua condição.
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