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Além da ansiedade e da depressão, é preciso destacar a Síndrome de Burnout como fator de risco para o suicídio
Em 2023, a Síndrome de Burnout foi incluída na lista de doenças do trabalho, junto com a ansiedade, a depressão e até tentativas de suicídio. A condição é caracterizada por uma exaustão excessiva, afetando diretamente a falta de energia em relação ao trabalho.
De acordo com a Anamt (Associação Nacional de Medicina do Trabalho), a condição já atinge 30% dos brasileiros, colocando o Brasil no topo de países mais afetados pelo Burnout. Só perde para o Japão.
Caso não tratada, a condição pode causar estresse, úlceras, diabetes, aumento do colesterol entre outros problemas de saúde, inclusive o suicídio.
As causas da síndrome estão relacionadas principalmente pela exaustão emocional, o sentimento de incapacidade e despersonalização. Por isso, será que a condição pode ser um gatilho para o suicídio?
Uma doença que acontece aos poucos
É importante lembrar que o Burnout não começa por acaso, mas existem fases que vão se agravando ao longo do tempo. Há primeiro a necessidade de mostrar o seu valor no trabalho, seguido da incapacidade de se desligar dele.
De repente, a pessoa com a síndrome, começa a negligenciar as próprias necessidades, como sono, alimentação e o tempo de lazer. Sua autoestima é medida apenas pelos resultados do trabalho.
Leia também: Depressão: o efeito do equilíbrio da mente
A sua vida social começa a desaparecer e o trabalho ocupa todo o espaço. Os colegas começam a ser vistos como preguiçosos e incompetentes e a necessidade de relaxar pode levar ao álcool e até às drogas.
A despersonalização e o vazio interno passam a ser frequentes, até desencadear em uma depressão. Aqui, o futuro é incerto e a vida já não faz mais sentido como antes. Há um colapso mental e físico e assim, os pensamentos suicídios.
Risco em todas as fases do Burnout
De acordo com a médica Jéssica Durand, o suicídio pode acontecer isoladamente, sem a influência de algum tipo de transtorno mental. Mas é muito mais frequente que o paciente tenha predisposição para algum problema psíquico.
“O Burnout é um transtorno psiquiátrico que a gente sabe que causa sobrecarga, exaustão, que pode piorar os transtornos de ansiedade depressivos existentes. Isso tudo pode afetar o desempenho funcional, psicológico e cognitivo e ser um fator de risco para a ideação suicida” esclarece.
A médica ainda complementa que não dá para falar em que estágio que o Burnout tem que estar para as pessoas começarem a pensar em suicídio, pois existem muito fatores que podem influenciar o agravamento da condição.
“Seja um Burnout leve ou mais grave, em que a pessoa já precisou ser afastada do trabalho e que está com ansiedade e depressão associada, esses dois perfis podem ser perfis que têm esse risco maior para a ideação suicida”, complementa.
Demissão
Outro ponto que também pode influenciar os pensamentos à morte em pessoas com Burnout, tem relação com a demissão. Uma vez que a pessoa perde aquilo que dedicava toda a sua atenção, o psicológico pode ficar bastante abalado.
“A pessoa já está mais suscetível, mais sensível e essa demissão pode ser um fator de piora que leve a pessoa a se sentir incapaz, ainda mais injustiçada em vários aspectos. É um gatilho”, diz.
A Dra. Jéssica Durand ainda complementa com a importância de ter um ambiente de trabalho saudável que estimule a saúde mental e emocional das pessoas. “Em diversos aspectos, seja na convivência de equipe, igualdade salarial, benefícios, respeitar a carga horária. Isso precisa ser visto e falado no ambiente de trabalho”, acrescenta.
A cannabis como tratamento medicamentoso
Assim como outras condições mentais, o tratamento de Burnout também envolve psicoterapia, técnicas de relaxamento e autoconhecimento. Se tratando do trabalho, mudanças no ambiente também são essenciais para ajudar o indivíduo.
Em alguns casos, o uso de medicações também pode ser um caminho para ajudar a controlar os sintomas. Remédios que são introduzidos normalmente quando a condição já está grave.
No geral, incluem antidepressivos, ansiolíticos, sedativos, fitoterápicos e fitocanabinoides. A cannabis se encaixa neste último grupo.
Vários estudos mostram que os produtos feitos com a cannabis podem reduzir a ansiedade, melhorar o sono e regular o humor. Tanto que o tratamento já é usado para condições como ansiedade, depressão e TEPT (Transtorno de Estresse Pós Traumático).
Mas é importante lembrar que o remédio precisa ser orientado por um médico. Além do mais, a terapia também precisa estar em dia.
Procure ajuda
Se você ou alguém que você conhece precisa de apoio emocional, procure o CVV (Centro de Valorização da Vida) pelo telefone 188. A ligação é gratuita.
O SUS (Sistema Único de Saúde) ainda tem a RAPS (Rede de Atenção Psicossocial) por meio do CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) que fazem o acolhimento para quem precisar.
Consulte um médico
No Brasil, a cannabis é aprovada apenas para fins medicinais e só pode ser comprada com receita. Atualmente, ela pode ser adquirida através de importações, nas farmácias e até por associações de pacientes.
Caso precise de ajuda, disponibilizamos um atendimento especializado que poderá esclarecer todas as suas dúvidas, além de auxiliar desde a achar um prescritor até o processo de importação do produto através da nossa parceira Cannect. Clique aqui.
https://cannalize.com.br/setembro-amarelo-o-burnout-pode-ser-um-gatilho/ Burnout: quando o esgotamento no trabalho vira doença?Especialista comenta as melhores formas de tratar o Burnout com a cannabis medicinal
Em novembro de 2023, o Ministério da Saúde atualizou a lista de doenças de trabalho depois de 24 anos. Entre os 165 novos diagnósticos, a Síndrome de Burnout entrou como uma das condições de saúde mental adquiridas no ambiente de trabalho.
Também chamada de Esgotamento, a condição é caracterizada como um sentimento de exaustão excessivo, afetando diretamente a falta de energia em relação ao trabalho.
De acordo com a Anamt (Associação Nacional de Medicina do Trabalho), a doença afeta aproximadamente 30% dos trabalhadores brasileiros, colocando o país lá em cima no ranking mundial. Para se ter uma ideia, o Brasil só perde para o Japão.
Mas quando o esgotamento do trabalho vira uma doença?
Principais sintomas do Burnout
Para falar sobre isso, conversamos com o psiquiatra especialista em traumas e memórias João Victor Lorenzetti, que nos ajudou a entender melhor.
De acordo com o médico, além do esgotamento e exaustão física e emocional, a Síndrome de Burnout é acompanhada de uma diminuição significativa do desempenho profissional. O trabalhador se sente desmotivado, ansioso e por vezes até desenvolve aversão pelo que faz.
Outros sentimentos como sensação de despersonalização ou cinismo em relação ao trabalho também podem ser sinais. Mas no geral, para saber quando a exaustão no trabalho virou uma doença, há três pontos principais:
Exaustão emocional. Sensação de sobrecarga e cansaço extremo, que não melhora com o descanso. Ou então, é necessário tempo maior para “recarregar” as forças.
Sentimento de incapacidade: Sensação de ineficácia, de culpa e aumento da cobrança pessoal. Pessoas com Burnout também não se sentem realizadas ou competentes no que fazem.
Despersonalização. Aqui, há uma atitude negativa ou um distanciamento emocional em relação às tarefas e às pessoas no ambiente de trabalho.
O psiquiatra ainda explica que, quando isso não ocorre, pode acontecer episódios de crises de pânico, ansiedade e ou ataque paroxístico.
Principais fatores para a Síndrome de Burnout
Lorenzetti explica que há vários fatores que podem contribuir para o desenvolvimento da síndrome, como por exemplo, a sobrecarga de trabalho, com excesso de tarefas e de responsabilidades.
Ou então, o sentimento de descontrole sobre o trabalho. A falta de autonomia sobre o serviço prestado pode gerar uma certa ansiedade, que quando não é tratada, pode se transformar em Burnout.
Outro fator que tem o seu peso para o desenvolvimento da condição é a falta de apoio ou suporte dos colegas e superiores. O médico ainda destaca que a questão da adaptação individual e produtividade flutuante também podem contribuir.
Outro fator destacado é a falta de recompensas suficientes. Como omissão de reconhecimento ou compensação pelo trabalho realizado, ou até mesmo a desmotivação e o propósito, que é altamente desvalorizado em um ambiente que exige produtividade constante e extrema.
Ao que parece, até os conflitos de valores também podem gerar a Síndrome de Burnout, que acontece quando o serviço exercido entra em conflito com os valores pessoais.
Por último e não menos importante, outro fator que influencia o Burnout é o ambiente de trabalho. Quando o clima ou a empresa é abusiva, tóxica ou mesmo negativa, pode levar ao desenvolvimento da doença.
Tratando o Burnout
Felizmente o Burnout é completamente tratável.Tanto através de abordagens imediatas para amenizar o problema por hora, quanto com medidas comportamentais para que a condição não se intensifique e vire uma doença crônica.
O psiquiatra Victor Lorenzetti exemplifica alguma delas:
Psicoterapia. O famoso TCC ou Terapia cognitivo comportamental é particularmente eficaz para tratar a síndrome, assim como vários problemas relacionados à saúde mental. “Ou ainda terapias de processamento de trauma, caso questões traumáticas/abusivas forem um deflagrador”, acrescenta o médico.
Mudanças no ambiente de trabalho. Ajustes nas demandas, melhoria de condições de trabalho, aumento do suporte e redes de apoio, podem ser um diferencial para amenizar o Burnout. Até a troca de emprego pode ser um fator determinante para a melhora.
Técnicas de relaxamento. Algumas atividades como meditação, exercícios físicos e técnicas de respiração podem ajudar a controlar o estresse.
Conhecimento. Entender a Síndrome de Burnout, os seus sintomas,como ela está te afetando e a responsabilidade da empresa, podem ser fatores essenciais para a melhora.
O médico ainda explica que, se necessário, é possível pedir um atestado médico para um eventual afastamento
Medicação. Assim como em outros problemas relacionados à saúde mental, em alguns casos, é necessário entrar com remédios para controlar os sintomas. A depender do caso e da intensidade, é possível introduzir fitocanabinoides ou psicotrópicos.
Tratamento com remédios
O Dr. Victor Lorenzetti explica que a medicação é normalmente introduzida quando os sintomas do Burnout já estão graves e interferindo de forma significativa na capacidade da pessoa de funcionar no dia a dia.
“Geralmente a ajuda só é procurada quando está grave. Antes disso, é comum o paciente ‘burnoutado’ ir acumulando, aguentado, até esgotar por completo”, acrescenta o médico.
Mas no geral, os medicamentos podem incluir:
Antidepressivos. Os sintomas de ansiedade e a depressão quase sempre estão acompanhados do Burnout. Dessa forma, os antidepressivos podem aumentar o recurso interno para lidar com a sensibilidade aumentada e a resiliência diminuída.
Ansiolíticos. Estes, por sua vez, assim como benzodiazepínicos podem ser um resgate para crises de ansiedade.
Sedativos. Medicações para insônia como antidepressivos com potencial sedativo ou as chamadas “drogas z” e, casos graves, podem ajudar por um tempo determinado.
Fitoterápicos. Remédios feitos com plantas, como adaptógenos, podem ajudar em casos leves.
Fitocanabinoides. Medicamentos feitos com a fitocanabinoides podem ser um importante aliado. Principalmente quando falamos do CBD (canabidiol), CBG (canabigerol), THC (tetrahidrocanabinol) e CBN (canabinol).
Eles podem ser usados em casos moderados a graves, avaliando a necessidade de tratamento coadjuvantes.
Cannabis como tratamento para Burnout
A cannabis medicinal tem sido de grande ajuda para uma série de condições médicas, o que inclui ainda, problemas como depressão, ansiedade e TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático).
O médico explica que há evidências preliminares e evidências levemente robustas que sugerem que a cannabis medicinal pode ajudar em alguns sintomas de Burnout. “Principalmente devido às suas propriedades ansiolíticas e de alívio do estresse.”, acrescenta.
Por outro lado, a eficácia e a segurança ainda são estudados. Por isso que, em muitos casos, continua sendo a última opção de tratamento. Principalmente para pacientes com má aderência ou com muitos efeitos colaterais no tratamento tradicional.
“A cannabis medicinal se alia muito bem ao descanso, e com o tratamento funcional de uma Síndrome de Burnout.”, acrescenta o Dr. Victor Lorenzetti.
O que os estudos dizem?
Até agora, as evidências científicas mostram que a cannabis pode:
Reduzir a ansiedade. Canabinoides como o CBD tem propriedades ansiolíticas que ajudam a diminuir a ansiedade.
Um estudo clínico realizado em 2004, por exemplo, mostrou que o efeito ansiolítico do canabidiol altera algumas atividades na região do cérebro que controla processos emocionais, no sistema límbico e paralímbico.
Melhora do sono. A cannabis pode ajudar a melhorar a qualidade do sono, que é frequentemente comprometida em pessoas com Burnout.
O psiquiatra explica que compostos CBD e CBN podem ajudar nisso. “Pode-se associar o THC para diminuir a latência do sono, mas sempre tomando cuidado”, acrescenta.
Em abril de 2020, uma pesquisa publicada no periódico Experimental and Clinical Psychopharmacology, mostrou que a cannabis pode ser eficaz no tratamento da insônia crônica.
O resultado foi uma melhora de 36% nos voluntários que receberam cannabis.
Regulação do humor. A cannabis trabalha através do chamado Sistema Endocanabinoide, um sistema que trabalha ajudando a regular várias funções do organismo. Entre elas o humor.
Para pacientes com Burnout, isso pode ser útil para reduzir sentimentos de desânimo e desespero.
Mas lembre-se: É importante que o uso de cannabis medicinal seja supervisionado por um profissional de saúde especializado, para garantir que seja utilizado de maneira segura e eficaz.
O médico também vai considerar os possíveis efeitos colaterais, interações com outros medicamentos, e principalmente avaliação de contra indicações.
https://cannalize.com.br/burnout-sintomas-tratamentos-trabalho-doenca/ Burnout X Canabinoides: Conheça seu inimigoQuem prescreve derivados de cannabis sente na pele como a prática clínica e o empirismo guiam o conhecimento que será sedimentado em evidência científica anos depois.
O mínimo de embasamento sobre CBD (canabidiol), já nos alivia quanto ao princípio hipocrático de primum non nocere quando se trata deste como alternativa terapêutica.
Com exceção das gestantes e crianças, pacientes acima de 21 anos de idade terão raras contraindicações à prescrição feita de maneira responsável por profissional experiente e qualificado.
Mas o que é o Burnout?
Assim como o CBD, Burnout é um assunto cada vez mais presente para quem se importa com saúde mental e neurociência. Ainda não classificado no principal manual de transtornos mentais (DSM-V), é uma doença com incidência variável, sendo mais frequente em profissionais de saúde e educadores.
Sua origem se deve a uma provável alteração no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal que acontece em um ambiente de trabalho insalubre. As manifestações clínicas mais frequentes, segundo o CID-11, se dão por exaustão emocional, despersonalização/cinismo e sentimento de baixa realização/eficácia profissional.
O tratamento para burnout com maior nível de evidência no momento é a psicoterapia (terapia cognitivo comportamental) associada a mudança do estilo de vida. Para sintomas pontuais é prática comum a prescrição de antidepressivos como a fluoxetina, sertralina e paroxetina.
Cannabis como tratamento?
Nesse contexto, um estudo recente publicado no JAMA chamou bastante atenção. Durante a pandemia, o grupo de estudos da USP Ribeirão Preto avaliou o uso de canabidiol (isolado) + abordagem tradicional vs uma abordagem tradicional, apenas.
Doses de 300 mg/dia divididas em 2 tomadas diárias se mostraram eficazes para redução de sintomas como ansiedade e depressão. Isso mostrou como uma doença com incidência tão crescente e sem tratamento medicamentoso definido, pode se beneficiar do uso de derivados de cannabis.
Ainda sobre o estudo, vale ressaltar que a dose usada foi alta (CBD isolado) e quem sabe ainda possamos usar doses menores (de CBD full spectrum) com resultados semelhantemente importantes. Ademais, outros canabinoides podem ser associados, como o THC (tetrahidrocanabinol), o CBG (canabigerol) e o CBN (canabinol).
Tratamento seguro
Voltamos aqui a um ponto importante sobre a relevância do uso de derivados de cannabis na prática médica. Para quem trabalha em ritmo intenso, o ideal é que o faça sem sofrer sedação com o uso de medicações que o acalmem.
O CBD é conhecido por não causar alteração da percepção da realidade e recentemente, tem sido associado a melhora da cognição. Por isso, torna-se imprescindível que o bom profissional médico tenha, ao menos, um conhecimento básico sobre o manejo dessa medicação a fim de poder fornecer o melhor das alternativas disponíveis ao seu paciente.
Fonte: Crippa JAS, Zuardi AW, Guimarães FS, et al. Efficacy and Safety of Cannabidiol Plus Standard Care vs Standard Care Alone for the Treatment of Emotional Exhaustion and Burnout Among Frontline Health Care Workers During the COVID-19 Pandemic: A Randomized Clinical Trial. JAMA Netw Open. 2021;4(8):e2120603. doi:10.1001/jamanetworkopen.2021.20603
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