Bactericida e anti-inflamatório, spray de cannabis destaca cuidados com a boca

Bactericida e anti-inflamatório, spray de cannabis destaca cuidados com a boca

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As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Composto de CBG (canabigerol) e sem THC, o produto de cannabis é indicado para tratar gengivite e evitar a placa bacteriana

Quando pensamos em consumo de cannabis, a via de administração mais comum é a boca. Seja através do uso inalado ou comestível, a cavidade bucal é a primeira parte do corpo a ter contato com os canabinoides.

A mucosa bucal é muito rica em absorção de qualquer composto. Exemplo disso é o conhecido anestésico aplicado na gengiva, que tem efeito imediato quando entra em contato com a superfície. Os fitocanabinoides tem as mesmas propriedades, e também aderem com firmeza à superficie da cavidade bucal.

Segundo uma revisão sistemática que relaciona a cannabis com a saúde da boca, existem receptores canabinoides nas glândulas salivares, na língua e na mucosa bucal, o que pode inclusive justificar porque o óleo é melhor consumido quando depositado embaixo da língua.

A revisão também aponta o hábito de fumar como prejudicial ao tecido periodontal, ou seja, as camadas dentais. Para os pesquisadores, fumar cannabis estava correlacionado com risco de periodontite grave, muito provavelmente devido à exposição à fumaça..

No entanto, o estudo admite o papel dos fitocanabinoides como uma ferramenta de controle da dor para a analgesia cirúrgica, no lugar dos já conhecidos opioides, que têm alto potencial de abuso e riscos fatais.

Spray de cannabis

Reunindo estes conhecimentos surge o Volcanic Spray, um spray de cannabis contendo 150mg de CBD (canabidiol) e 150mg de CBG (canabigerol), além de terpenos e extratos de camomila e erva-doce em um frasco de 14ml.

Livre de THC, o Volcanic Spray oferece aproximadamente 0,625mg de CBG e 0,625mg de CBD por borrifada, e cerca de 240 borrifadas por frasco. O intuito do uso é tratar diversas condições odontológicas, como mucosite, afta e gengivite.

Isto porque, o canabigerol tem efeitos anti-inflamatórios e bactericidas, o que, segundo o cirurgião-dentista e periodontista Guilherme Martins é eficaz para a cavidade oral tanto de maneira preventiva quanto de maneira curativa.

“A nível curativo, pacientes com uma mucosite instalada ou uma periodontite refratária, que não respondem a um tratamento convencional, podem encontrar solução nestes canabinoides.”

Destaque contra a placa bacteriana e gengivite 

De forma preventiva, o CBG se alia à escovação para evitar a placa bacteriana, que causa a gengivite. “A escovação é uma forma mecânica de prevenir a formação de placas bacterianas. Já a aplicação de canabigerol pode contribuir para a simbiose das bactérias presentes na boca”, explica o dentista. 

A simbiose é o equilíbrio entre as bactérias comensais, que são as boas, e as patológicas, que são as ruins. “Sem uma boa simbiose das bactérias da boca, vamos gerar um problema sério a longo prazo, porque a cavidade oral é o início de todo o trato gastro-instestinal”.

Outra vantagem do spray de canabigerol é em comparação com a colexidina, frequentemente prescrita contra a gengivite e a placa bacteriana. Guilherme defende o canabigerol por não ter os mesmos efeitos colaterais, como mancha nos dentes, alteração de paladar e formação de tártaro.

Dentistas podem prescrever?

Produtos de cannabis para uso odontológico são reconhecidos pela Anvisa desde 2022. A agência, inclusive, autoriza que cirurgiões-dentistas prescrevam a terapia canabinoide, admitindo, no documento de autorização de importação, os códigos de registro dos profissionais em seus respectivos conselhos regionais.

Guilherme Martins defende que a vantagem de prescrever cannabis é aumentar o leque de possibilidades de tratamentos, o que pode beneficiar tanto os dentistas quanto os pacientes.

“Já temos a capacidade técnica e também temos o apoio do conselho. Os cirurgiões e os pacientes só tem a ganhar. É um tratamento que tende a trazer cada vez mais pacientes ao consultório. O paciente procura, chega perguntando, e tudo isso traz novas armas terapêuticas, diferencial de mercado e um amparo adicional com consagração científica.”

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