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Saúde e Ciência

Síndrome de Asperger: causas e tratamentos



27/01/2021



Estima-se que o Brasil tenha hoje cerca de 2 milhões de autistas. Aproximadamente 407 mil pessoas somente no estado de São Paulo. Mas seria a Síndrome de Asperger um tipo de autismo? Vamos entender melhor.

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), a Síndrome de Asperger é um transtorno neurobiológico que está dentro da categoria Transtornos do Neurodesenvolvimento.

Essa Síndrome afeta diretamente a forma como as pessoas percebem o mundo e interagem com outras pessoas.

Trata-se de um dos perfis ou espectro de autismo, o chamado Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Sendo assim, a síndrome passa a ser considerada, portanto, uma forma mais branda de autismo.

Com isso, os pacientes são diagnosticados apenas em graus de comprometimento, dessa forma o diagnóstico fica mais completo.

Importante ressaltar que não é uma doença e, portanto, não pode ser “curada”. Muitas vezes, as pessoas sentem que a Síndrome de Asperger é um traço fundamental da sua identidade.

Só foi reconhecida recentemente como um transtorno do espectro autista, por isso,o número exato de pessoas com essa condição ainda não é exato.

Mas o que é um espectro autista?

Todos nós sabemos que as pessoas autistas compartilham certas dificuldades, mas ser autista traz implicações particulares e únicas em cada pessoa.

Alguns também têm problemas de saúde mental ou outras condições, o que significa que as pessoas precisam de diferentes níveis e tipos de apoio.

Na maioria, pessoas com Síndrome de Asperger possuem inteligência média ou acima da média, geralmente sem dificuldades de aprendizagem que muitas pessoas autistas têm. No entanto, podem ter dificuldades específicas. 

Não apresentam muitos problemas com a fala, mas ainda podem ter dificuldades em entender e processar a linguagem.

Com um ótimo apoio e acompanhamento, todos podem ser ajudados a viver uma vida mais confortável.

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Afinal, existem causas para essa síndrome?

Quando se trata da causa exata da Síndrome de Asperger, assim como do Transtorno do Espectro do Autismo, ainda não está claro. 

Por outro lado, os cientistas acreditam que uma leve anormalidade no cérebro das crianças portadoras seja a causa mais provável.

Diferente do que algumas pessoas costumam pensar, a Síndrome de Asperger não é causada pela privação emocional ou por uma forma específica que os pais educam seus filhos. 

Outro pensamento equivocado é que vacinas causam Asperger.

Quais as principais dificuldades que uma pessoa com essa síndrome enfrenta?

Apesar dos sinais da Síndrome de Asperger não serem visivelmente  percebidos, existem sim dificuldades que pessoas com essa síndrome enfrentam no decorrer da vida. Abaixo vamos abordar os principais.   

Comunicação social

Pessoas com a síndrome apresentam dificuldades em interpretar linguagem verbal e não verbal como gestos ou tom de voz. 

A maioria têm uma compreensão muito literal da linguagem, não conseguindo compreender quando as pessoas utilizam uma palavra com segunda interpretação. 

Por exemplo, quando alguém utiliza a expressão “aquela mulher é muito gata”. É muito difícil compreender, que gata, nesse contexto, significa uma característica de beleza e não o animal. Eles podem achar difícil usar ou entender:

  • Expressões faciais;
  • Tom de voz;
  • Piadas e sarcasmo;
  • Imprecisão;
  • Conceitos abstratos.

Ou seja, é importante falar de forma clara e consistente e dar tempo às pessoas para processar o que lhes foi dito. 

Interação social

Geralmente têm dificuldades em “filtrar” outras pessoas, de reconhecer ou entender os sentimentos e intenções dos outros. 

Expressar suas próprias emoções pode ser muito difícil para eles a interação no mundo social.

Às vezes eles podem:

  • Parecer ser insensíveis;
  • Cansar das pessoas e querer um tempo sozinho;
  • Não procurar o conforto e carinho de outras pessoas;
  • Se comportar “estranhamente” ou de uma maneira considerada, por outros, como socialmente inapropriada;
  • Dificuldade de criar amizades. 

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Comportamentos repetitivos, atividades ou interesses

Repetições e rotinas

Sem dúvidas, o mundo pode parecer um lugar muito imprevisível e confuso para muitas pessoas, principalmente para aqueles com a síndrome. 

Pessoas com Asperger, muitas vezes preferem ter uma rotina diária para que saibam o que acontecerá todos os dias, sem que sejam pegos de surpresa. 

Eles costumam seguir o mesmo trajeto para a escola ou trabalho. Gostam de comer exatamente o mesmo alimento no café da manhã, por exemplo.

Podem não se sentir confortáveis ​​com a ideia de mudança, mas podem ser capazes de lidar melhor se poderem preparar as mudanças com antecedência

Interesses e foco 

Muitas dessas pessoas têm interesses intensos e altamente focados, na maioria em uma idade bastante jovem.

Podem mudar ao longo do tempo ou manter-se inalterados ao longo da vida, como artes, música, gosto por carros ou computadores.

Um interesse que às vezes pode ser incomum. Há casos onde a pessoa com a síndrome adorava colecionar lixo, por exemplo. Mas com o encorajamento, a pessoa desenvolveu interesse na reciclagem e no meio ambiente.

Sensibilidade sensorial 

Essas pessoas  também podem ter maior ou menor sensibilidade a sons, toques, gostos, cheiros,tem luz, cores, perturbações ou dor. 

Eles podem encontrar certos sons de fundo, que outras pessoas ignoram, insuportavelmente alto ou distrativo, o que pode causar ansiedade ou até mesmo dor física.

Às vezes eles também podem estar fascinados por luzes ou objetos giratórios. 

Existe um tratamento?

É importante ressaltar que a Síndrome de Asperger não é uma doença, portanto não tem cura. 

Contudo, o diagnóstico precoce e a intervenção terapêutica correta conseguem oferecer a essas pessoas chances de se desenvolverem melhor e tornarem-se mais independentes.

Assim como qualquer tratamento, o portador do asperger precisa ser compreendido e respeitado, sem  julgamentos e comparações, cada pessoa é única. 

É essencial a busca por apoio de um psicólogo para que construam juntos as melhores estratégias e proporcione melhor qualidade de vida para o paciente.

O tratamento medicamentoso com psiquiatra pode ser necessário para controlar alguns pontos desconfortáveis para a pessoa, como a agitação ou ansiedade excessivas, mas não é a única opção. 

O apoio psicológico é tão importante como para um indivíduo sem autismo e abre a possibilidade que a pessoa tem de compreender suas vivências, expor suas angústias, medos, entender melhor emoções, aprender importantes habilidades sociais e superar os diversos desafios diários, sem se preocupar em ser julgada.

Não tenha dúvidas disso, parte importante do tratamento é a educação dos pais e de pessoas próximas. 

Quando todos entendem os desafios e aprendem a se comunicar, a melhora é significativa.

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Bruno Oliveira

Tradutor e produtor de conteúdo do site Cannalize, apaixonado por música, fotografia, esportes radicais e culturas.