Sertralina X Cannabis: É possível substituir?

Sertralina X Cannabis: É possível substituir?

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As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

A sertralina é um dos antidepressivos mais usados no Brasil. Será que podemos substitui-lo pela cannabis? Conversamos com uma neurologista que nos ajudou a entender.

A sertralina é um dos medicamentos mais usados tanto para o tratamento da depressão quanto para ansiedade.

Ele é conhecido por aumentar a ação da serotonina, mais conhecido como “hormônio da felicidade”.

Se trata de um neurotransmissor responsável por regular o humor, o sono o apetite, e muitas outras funções.

Ela é indicada por psiquiatras até da rede pública, e distribuída nas farmácias dos postos de saúde.

O remédio só pode ser vendido com receita médica. Mesmo assim, segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de janeiro de 2020 até agora, foram mais de dois milhões de caixas vendidas no Brasil. Sobretudo em São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.

Por mexer com um neurotransmissor, a sertralina pode ter alguns efeitos colaterais, como sensação de fraqueza e cansaço, tontura, dor de cabeça, diarreia e uma série de outras reações.

No entanto, segundo a neurologista da neurologista Denise Lutfi Pedra, da Sociedade Brasileira de Estudos da Cannabis (Sbec), alguns sintomas podem ser graves, como alterações na libido ou disfunção erétil. O que faz muita gente desistir do tratamento.

Então será que compensa substituir o remédio pela cannabis? Vamos entender melhor.

Um pouco mais sobre a sertralina

O medicamento foi feito para tratar depressão com ou não sintomas de ansiedade. No entanto, ele também é usado para tratar a própria ansiedade, síndrome do pânico, transtorno de estresse pós traumático e até Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).

Ele é uma forma mais “evoluída” de antidepressivo, pois apesar de ter efeitos colaterais, são bem menores que remédios mais antigos.

Outro ponto importante é que diferente de outros antidepressivos, a sertralina não causa dependência química.

Sem contar que ele pode ser usado por grávidas e lactantes, pois a quantidade do remédio passada para o bebê é muito baixa.

O motivo da sua popularidade também pode estar na alta concentração de pessoas com alguma condição.

O Brasil é o país mais ansioso do mundo e o segundo mais estressado, perde apenas para o Japão.

É uma opção que tem dado certo para muita gente, pois aumenta a energia, o apetite, a qualidade do sono e claro, o humor.

Principalmente combinada a psicoterapia. O ideal é que seja usada junto as sessões de terapia para um melhor resultado.

Para tratar TPM

Uma curiosidade é que a sertralina também pode ser usada para tratar o transtorno pré-menstrual.

A neurologista Denise Lutfi Pedra ainda acrescenta que antigamente, o produto continha até uma cartela com um calendário menstrual.

Tanto, que outros medicamentos usados para tratar o problema, apresentam o cloridrato de sertralina na sua composição.

Efeitos colaterais

Apesar de apresentar menos efeitos adversos graves que antidepressivos comuns, a sertralina ainda apresenta algumas complicações.

Eles podem ser comuns ou raras, tudo vai depender de cada um. Há pacientes que não sentem absolutamente nada.

Além das dores de cabeça, disfunções erétil e os outros sintomas que mencionamos acima, ela também pode apresentar:

  •         Sonolência ou insônia;
  •         Boca seca;
  •         Falta de memória;
  •         Desequilíbrio;
  •         Convulsões;
  •         Pressão no peito e falta de ar;
  •         Ereções dolorosas (mesmo sem sexo);
  •         Dificuldade da concentração;
  •         Pele amarelada;
  •         Vômito escuro ou com sangue;
  •         Sangramento ao tossir ou na gengiva;
  •         Náuseas;
  •         Tremores;
  •         Palpitações;
  •         Febre.

Sertralina X Cannabis

A cannabis já se mostrou eficiente para várias doenças. Ela está cada vez mais popular pela diversidade de condições que pode tratar e também pelos seus efeitos colaterais mínimos.

Assim como a sertralina, a cannabis também pode influenciar serotonina, porém de maneira mais rápida.

Isso porque algumas substâncias presentes na cannabis são canabinoides. Estes elementos também são produzidos pelo nosso organismo.

Por isso, quando absorvemos os canabinoides da planta, eles podem fazer o mesmo trabalho que os nossos, que é regular o equilíbrio de várias funções do organismo, como fome, sono, humor sistema nervoso e sistema imunológico.

Os canabinoides funcionam a nível celular no que chamamos de Sistema Endocanabinoide. Ele possui receptores por todo o corpo que sinalizam que algo não está bem.

Dessa forma, o sistema endocanabinoide pode trabalhar como um neuromodulador para o Sistema Nervoso Central, capaz de regular aspectos emocionais, cognitivos, nervoso e processos motivacionais das pessoas.

Na depressão, há uma baixa de canabinoides no cérebro, como a serotonina ou a dopamina. Apesar de ser neurotransmissores, eles também são considerados canabinoides.

“Esse sistema vai reequilibrar outros neurotransmissores, inclusive a serotonina” acrescenta a Dra Denise Lutfi Pedra.

Por isso, remédios que fazem a reposição de canabinoides pode elevar os níveis das substâncias químicas.

CBD ou THC?

Um estudo realizado na Universidade do Novo México, nos Estados Unidos (UNM), mostrou que a cannabis pode ajudar de forma rápida no tratamento da depressão.

Ele contou com mais de duas mil pessoas, que se automedicaram com a cannabis 5.876 vezes. Os pesquisadores monitoraram os pacientes através de um aplicativo, onde o indivíduo registrava os efeitos em tempo real.

O estudo publicado em 2020 mostrou que as flores de cannabis, com uma boa concentração de tetraidrocanabinol (THC), trouxeram efeitos quase imediatos.

O THC é a substância que causa o famoso “barato” da maconha. Apesar de ajudar na depressão, o uso contínuo da maconha pode piorar a ansiedade.

Mas não precisa ser descartado. Se juntarmos o THC junto ao canabidiol (CBD) a ação da cannabis pode ser potencializada.

O efeito sinérgico dos dois pode aumentar em até 10 vezes a sua ação. Sem contar que o CBD ajuda a inibir os efeitos negativos do THC.  

Remédios à base de cannabis também não geram dependência. Eles são feitos com uma medida certa de canabinóides que não é a mesma da maconha.

A cannabis também possui efeitos colaterais, no entanto, bem menos que a sertralina. Os principais são náuseas, sonolência, fome e até diarreia. Uma lista bem menor, não?

Outra curiosidade é que estas substâncias são muito bem aceitas pelo organismo.

Então eu posso trocar?

A neurologista Denise Lutfi acrescenta que não é bem assim. Apesar dos benefícios da cannabis, a introdução precisa ser gradual e com a ajuda de um médico. De preferencia, que entenda de cannabis.

“A princípio, ele pode ser usado como tratamento coadjuvante, e dependendo da resposta do paciente, pode vir até a substituir o tratamento convencional.” Disse.

A médica acrescenta que a cannabis precisa ser introduzida aos poucos, sem tirar a sertralina. Caso o corpo responda bem ao tratamento, o antidepressivo pode ser “desmamado”, também de forma progressiva.

É importante acrescentar que cada organismo é único, por isso, a quantidade de CBD e THC que mais vai fazer efeito, pode depender de cada um.

Achar uma concentração de canabinoides e até uma dosagem correta, pode levar um tempo.

Consulte um profissional

É importante ressaltar que qualquer produto feito com a cannabis precisa ser prescrito por um profissional de saúde habilitado, que poderá te orientar de forma específica e indicar qual o melhor tratamento para a sua condição.

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