A senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) encaminhou um ofício ao Instituto de Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) pedindo a anulação da patente da farmacêutica Prati-Donaduzzi, que registrou uma fórmula com o canabidiol (CBD), principal componente utilizado para a fabricação de remédios.
Junto ao deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), eles pedem rapidez na análise de um processo que pode anular o registro. O pedido de anulação foi feito pelos próprios técnicos do INPI após três petições que contestam o invento do óleo.
O parecer final pode ser dado pelo presidente da instituição desde o dia sete do mês passado.
Ao Jornal Folha de S. Paulo, a senadora disse que o óleo feito com o canabidiol tem ajudado milhares de pessoas no Brasil e para algumas, é a única opção.
“A existência da referida patente tem inviabilizado a concorrência no setor e, consequentemente, diminuído a oferta e o acesso para aqueles pacientes que mais necessitam”, afirma Gabrilli.
A patente vigente refere-se ao óleo de 20 a 250 mg/mL de canabidiol puro, diluído em óleo de milho, que será propriedade exclusiva da farmacêutica pelos próximos 20 anos. Segundo o neurocientista Fabio Pamplona, isso cobre a maioria das doses conhecidas de CBD.
O que não só ele, mas vários outros especialistas dizem é que a mistura declarada pela Prati-Donaduzzi é ampla demais para ser uma invenção. Tanto que alternativas como esta foram rejeitadas nos Estados Unidos e na Europa.
A fórmula da farmacêutica é como uma massa de bolo, que pode ser feita em casa. Tanto é que é usada como justificativa para o aval de vários habeas corpus para o cultivo no país, que dá o direito de produzir o óleo em casa.
Em dezembro do ano passado, três processos administrativos foram abertos contra a farmacêutica por causa disso.
O primeiro foi feito pelo deputado Luciano Ducci (PT-SP), relator da comissão de cannabis na Câmara dos Deputados em parceria com outras figuras públicas, como o Padre Ticão.
Os outros dois foram feitos por um laboratório botânico. Mariane Zukauskas, que participou do caso, ainda complementou: “A Prati estava tentando patentear algo que é uma invenção, mas não cumpre com os requisitos necessários para que seja uma patente.”
No começo de abril o colegiado da 2º Instância do órgão pediu a anulação da patente, que aconteceu após uma reavaliação do caso por um pedido externo.
Uma das justificativas feitas em um dos processos administrativos foi a de que a empresa busca monopolizar este novo mercado. Em 2018 a farmacêutica Prati-Donaduzzi anunciou um novo medicamento à base de canabidiol chamado Myalo.
O remédio seria indicado para tratar epilepsia de difícil controle, que é resistente a medicamentos comuns. Segundo a assessoria de imprensa da marca, o Canabidiol hoje nas farmácias é uma versão do Myalo, que ainda precisa passar por mais testes.
A intenção da empresa era patentear o canabidiol como sintético.
No entanto, a fórmula “em um solvente oleoso”, que Osmar Terra tentou patentear em 2016 como invenção própria junto a farmacêutica, não poderia ser classificado como canabidiol sintético.
O pedido da patente foi negado pelo INPI e pela Anvisa, mas a empresa ainda poderia recorrer.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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