Que a cannabis é usada há milhares de anos, isso é um fato conhecido. Porém o que nem todo mundo sabe é que o Egito também tinha uma cultura canábica e possivelmente uma deusa da cannabis chamada Seshat, que representava o conhecimento.
Responsável por dar vida às construções sagradas, a deusa egípcia Seshat foi uma divindade protetora de registros reais.
A deusa também aparece como uma espécie de padroeira das chamadas “Casas da Vida”, onde os escribas eram iniciados e onde eram guardados os conhecimentos antigos.
Há algumas controvérsias em relação ao símbolo que ela possuía em cima da cabeça. Até hoje, mesmo os pesquisadores não entram em consenso sobre isso.
Muitos dizem ser uma folha de cannabis, enquanto outros consideram folhas usadas na confecção dos papiros. Há até quem diga que era apenas uma estrela de sete pontas, que representa o conhecimento e nada mais.
Mas seria possível ser uma folha de cannabis?
Testes de carbono sugerem que a sua história começou há mais de 10 mil anos. Ela foi usada de formas diferentes por cada cultura.
Romanos, africanos, indianos, gregos e chineses tiraram proveito da planta. Até meados do século XIX a cannabis foi a primeira, a segunda ou a terceira medicina mais usada, em muitos países.
A Índia também tem uma longa história com a cannabis. Conhecida como “bhang” é sagrada e está relacionada com o deus Shiva. Os antigos Hindus já adoravam espíritos de plantas e animais. Nem preciso dizer que a cannabis era uma destas plantas.
A subespécie da cannabis, o cânhamo, também fez parte da história. As suas fibras foram bastante usadas na confecção principalmente de tecidos e cordas utilizados até hoje.
No antigo Egito, a cannabis pode ser encontrada em pergaminhos de 2.000 anos A.C. como remédio. Foi documentada pela primeira vez para tratar catarata e dor nos olhos.
As mulheres egípcias também usavam para tratar a tristeza e o mau humor, o que sugere que fosse uma espécie de tratamento para TPM.
Outro fato curiosíssimo é que o pólen da cannabis foi encontrado em todas as múmias reais conhecidas, não só no Egito, mas também na China e Peru e México, o que indica que a planta era conhecida e cultivada.
Ao que parece, as suas primeiras aparições foram feitas no reinado de Akhenaton, faraó da 18º dinastia do Egito. Possivelmente Seshat apareceu pela primeira vez na fundação de um templo e é uma das deusas mais antigas.
Ela era considerada uma guardiã dos registros reais e genealogistas e sempre era representada com vestes de pele de leopardo que indicavam ofício sacerdotal.
Segundo o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ela também era conhecida como deusa da biblioteca e dos estudos, protetora do conhecimento. Seu nome significa “Aquela que Escreve” e preside a “Casa da Vida”, com uma referência bem forte à arquitetura.
Em alguns registros ela aparece auxiliando na construção dos templos e aliando-os com as estrelas e planetas.
A deusa serviu de inspiração para o nome do grupo de pesquisas brasileiras dedicado à Arqueologia do antigo Egito.
Em um dos rituais envolvendo a deusa, eram usadas cordas para partilhar os campos de cultivo. O rito também passou a ser utilizado na inauguração de templos e lugares místicos.
Há fontes que também indicam que ela estava ligada intimamente às dançarinas do reino, que segundo a tradição, eram um elo para a conexão com o mundo espiritual. Tanto que no famoso livro “Textos dos Sarcófragos”, escrito há mais de dois mil anos A.C., está escrito: “Seshat abre a porta do céu para você”.
Ela era responsável pela abertura da “abóbada celeste”. A hipótese da deusa Seshat estar relacionada à cannabis também aumenta quando muitos defendem que este conhecimento transcendente, voltado para o “acesso ao céu”, era adquirido através dos efeitos da maconha.
Outros ainda reforçam a ligação por causa de outros deuses do antigo Egito, que misturavam a cannabis e o sexo em seus ritos religiosos.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Fapcom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós graduanda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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