Desde que o processo de legalização da cannabis começou a ganhar força global, muito se falou sobre seu potencial terapêutico, bem como sobre o enorme mercado que aguarda atrás das portas da regulamentação do uso adulto.
No entanto, a planta de cannabis tem um potencial ainda maior. O que vemos hoje é apenas a ponta do iceberg. O cânhamo é uma subespécie da planta de cannabis que não promove a maioria dos efeitos psicoativos da maconha, mas pode ser usado como matéria-prima para diversas indústrias – como têxtil e construção .
De fato, as vendas industriais devem triplicar nos próximos 7 anos, passando de US$4,71 bilhões, em 2019, para US$15,26 bilhões, em 2027.
Steve DeAngelo, um dos ativistas da cannabis mais reconhecidos das últimas décadas, diz que o cânhamo tem a capacidade de substituir praticamente qualquer produto petrolífero.
“O cânhamo pode ser cultivado sem pesticidas. Captura 22 toneladas de carbono atmosférico por hectare. É um poderoso fitorremediador que extrai venenos industriais do solo contaminado. E, da mesma forma, é uma ferramenta poderosa para controlar a erosão e remediar terras improdutivas ou marginalmente produtivas”, diz DeAngelo ao El Planteo. “Só agora estamos aproveitando o potencial da planta industrial de cânhamo como uma cultura rotativa com qualidades de agricultura regenerativa.”
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O tecido de cânhamo existe há muito tempo, das telas de Rembrandt às velas das caravelas de Cabral. Agora, a indústria têxtil está experimentando fortemente o cânhamo, especialmente como substituto do algodão.
O material pode ser processado por ser leve, macio, respirável e durável, substituindo a maioria das aplicações de algodão na indústria têxtil. Considerando que o algodão representa 43% de todas as fibras usadas para vestuário e têxteis em todo o mundo , o cânhamo tem grandes possibilidades pela frente.
Por exemplo, a icônica empresa de jeans Levi’s anunciou recentemente um projeto piloto para substituir 27% do algodão de seu jeans por cânhamo como parte de um esforço geral de sustentabilidade. Por quê? O algodão requer muito mais água, pesticidas e solo para ser cultivado do que o cânhamo.
Estima-se que o algodão seja responsável por 10% do uso de pesticidas e 25% dos inseticidas em todo o mundo, enquanto o cânhamo, devido à sua resiliência, requer poucos produtos químicos para crescer.
Por exemplo, um hectare de cânhamo pode produzir três vezes mais roupas do que um de algodão. Isso porque as fibras de uso industrial são extraídas do caule da planta de cânhamo, que é fino e cresce alto, permitindo que os produtores tenham cerca de 15 plantas por metro quadrado.
Inúmeras cadeias de hotéis de luxo também se juntaram ao frenesi do cânhamo, e as marcas de moda de cânhamo fizeram parceria com influenciadores, como Bella Thorne, para divulgar ainda mais sua visão.
Patagônia, a marca de roupas de montanha premium, lançou uma linha de roupas feitas de cânhamo como parte de seus esforços de sustentabilidade.
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Hempcrete, concreto feito com cânhamo e cal, é mais leve e mais resistente ao fogo, mofo e umidade do que o concreto comum. “Ele pode ser tão resistente quanto o concreto comum e captura o carbono atmosférico enquanto seca”, acrescenta DeAngelo. Além disso, pode ser utilizado sem fins estruturais, como isolante térmico e acústico.
O cânhamo não é apenas útil, mas também forte. “Suas fibras são mais fortes que o aço”, diz Bruce Linton, cofundador e ex-CEO da gigante canadense de cannabis Canopy. O executivo criou recentemente a Collective Growth, uma “empresa de cheques em branco” que levantou US $150 milhões em menos de dois meses e estreou na Nasdaq em maio com o objetivo de criar um hempério industrial global.
A BMW também usa plásticos de cânhamo em vários de seus modelos de carros elétricos, incluindo o i3 e o i8, mas eles não são pioneiros: em 1941, Henry Ford apresentou um modelo de carro cujo corpo foi construído inteiramente com bioplástico de cânhamo e funcionava com biocombustível de cannabis.
O bioplástico de cânhamo tem infinitas utilizações, incluindo sacos, caixas e, ao contrário dos plásticos sintéticos, é produzido a partir de materiais renováveis e biodegradáveis. Gigantes da indústria de embalagens como Sonoco Products, Constantia Flexibles, O. Berk, Klöckner Pentaplast e MG America já declararam seu interesse no material.
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Na década de 1930, a Ford tinha toda uma instalação destinada a extrair biodiesel da biomassa de cânhamo. A razão? O biocombustível feito de sementes de cânhamo prensadas pode ser usado em qualquer motor diesel convencional. Usando esse método, o cânhamo pode produzir aproximadamente 780 litros de óleo por hectare, cerca de 4 vezes mais que a soja.
Além disso, o restante da biomassa do cânhamo pode ser usado para produzir etanol, um álcool fundamental na criação de biocombustíveis, que é tradicionalmente extraído do milho ou da cana-de-açúcar. Um estudo de 2010 da Universidade de Connecticut mostrou que o óleo de cânhamo tem uma taxa de conversão de 97% em diesel.
Embora seja necessário aproximadamente 50% a mais de biocombustível para gerar a mesma energia produzida pelo petróleo, o combustível de cânhamo é uma alternativa renovável e não agride o meio ambiente. Assim, com o desenvolvimento de uma cadeia produtiva em larga escala, os custos de produção do biocombustível de cânhamo serão definitivamente superiores aos do petróleo. No entanto, a disponibilidade deste último tende inevitavelmente a ser escassa.
É importante ressaltar que qualquer produto feito com a cannabis precisa ser prescrito por um médico, que poderá indicar qual o melhor tratamento para o seu caso.
Se precisar de ajuda, disponibilizamos um atendimento especializado que poderá esclarecer todas as suas dúvidas, além de auxiliar desde a prescrição até a importação do produto. Tire suas dúvidas.
Arthur Pomares
Jornalista e produtor de conteúdo da Cannalize. Apaixonado por café, futebol e boa música. Axé.
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