Uma droga nova, conhecida como K2, foi encontrada nos presídios de São Paulo em 2018 e tem se espalhado nas capitais paulistas até hoje.
A chamada “maconha sintética” ficou famosa por ser 100 vezes mais potente do que a “maconha natural”. A substância poder ser consumida não só através do fumo, mas também um “selo sublingual”.
O uso de outros tipos de maconhas sintéticas também cresceram, como a K4 ou a Spice.
De acordo com Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), da Procuradoria Geral da Justiça de SP, o número de apreensões foi de 600% no último ano.
A maconha sintética possui moléculas feitas em laboratório que interagem no mesmo sistema em que a cannabis trabalha, o SEC (Sistema Endocanabinoide).
O SEC está presente em quase todo o organismo e ajuda na homeostase, ou seja, no equilíbrio de diversas funções do corpo.
Quando algo não vai bem, o próprio sistema produz os chamados canabinoides, que, através de receptores, sinalizam que algo precisa ser ‘ajustado’.
A cannabis também possui canabinoides, que podem interagir com os nossos receptores de forma semelhante. É por isso que ela colabora no tratamento de diversas condições médicas.
Por outro lado, a ativação de alguns receptores por substâncias externas, podem gerar outros tipos de efeitos, como é o caso do THC (tetrahidrocanabinol), por exemplo. O canabinoide é conhecido por ser o principal composto que gera a famosa “alta” da maconha.
Ele age diretamente nos receptores do SEC, promovendo efeitos importantes para o tratamento de certas doenças e transtornos, como fome, analgesia e relaxamento.
De acordo com a médica e membro da Associação Brasileira de Psiquiatria Ana Hounie, o problema dos sintéticos é que eles são muito mais potentes. Logo, possuem mais efeitos adversos do que a maconha tradicional, como risco de intoxicação e até psicose.
Em 2016, os canabinoides sintéticos causaram uma overdose coletiva em mais de 70 pessoas em New Haven (EUA).
Algumas análises de maconhas sintéticas apreendidas mostram que as substâncias químicas produzem efeitos tóxicos e perigosos.
A composição química da Spice ou K2, por exemplo, ainda é um mistério.
Mas você deve estar se perguntando: mas quando as “super maconhas” surgiram?
Chamadas também de skunks, algumas variedades da planta também vêm sendo modificadas para aumentar os efeitos do THC.
Mas, na verdade, elas não passam do que chamamos de cepa ou strains. Há milhares espalhadas pelo mundo. Trata-se de plantas desenvolvidas através de cruzamentos propositais ou não. Já falamos disso aqui.
Dependendo dos cruzamentos e até do ambiente em que são plantadas, podem variar o gosto, o cheiro e a quantidade de canabinoides.
Segundo a associação inglesa DrugWise, maconhas mais comuns têm uma porcentagem do canabinoide entre 2% a 4%. Algumas cepas podem chegar até a 14%. Já as variedades híbridas de skunk têm um pouco mais. Elas variam de 15% até 30% de THC.
Portanto, isso mostra que , apesar da porcentagem maior, ela não chega a ser 20 ou 30 vezes mais forte que a maconha tradicional, como a sintética.
De acordo com o diretor médico da Cannect, Rafael Pessoa, o problema das substâncias feitas em laboratório está na ação isolada em um ponto único, característica principal dos canabinoides sintéticos.
Ao contrário do extrato da cannabis, que ativa vários pontos diferentes do Sistema Endocanabinoide, os sintéticos estimulam um ponto específico, o que pode ser um problema.
A maconha extraída da cannabis não vem apenas com o THC, mas também outras substâncias, como o CBD (canabidiol) e outros compostos, como os terpenos e flavonoides.
“Nos sintéticos, não há outros componentes para balancear os efeitos do canabinoide no ponto único”, ressalta Pessoa. “Mas também não há estudos suficientes para comprovar os seus reais efeitos”, complementa.
O diretor médico da Cannect lembra do rimonabant (Rimonabanto), um remédio para emagrecimento que chegou às farmácias do Brasil em 2008.
O medicamento era conhecido por bloquear o receptor CB1 e, com isso, reprimir a sensação de fome.
O medicamento foi aprovado tanto pelo FDA ( Food and Drug Administration), nos Estados Unidos, quanto pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), mas teve que ser vetado e proibido.
O que parecia ser uma promessa para o tratamento de obesos com diabetes tipo 2, se tornou um pesadelo. Isso porque o bloqueio do receptor resultou em transtornos psiquiátricos graves, como depressão e até tentativa de suicídio.
Embora o THC ative este receptor e provoque a fome, há também outros canabinoides naturais que inibem esse sentido sem causar efeitos graves.
Isso porque, como explica o médico, não é usado de forma isolada, mas com outras substâncias presentes na cannabis que ajudam a inibir os efeitos adversos.
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Tainara Cavalcante
Jornalista pela Fapcom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós graduanda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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