O uso da cannabis medicinal tem crescido de forma considerável no Brasil. Mas quais são de fato as condições que a cannabis pode tratar?
Se você está aqui é porque já ouviu falar sobre cannabis medicinal, certo? Talvez você tenha acompanhado algumas notícias sobre os seus benefícios para tratar epilepsia, autismo e até depressão.
E parece que tem muita gente interessada no assunto. Atualmente, mais de 180 mil brasileiros já fazem algum tipo de tratamento com a cannabis, de acordo com uma pesquisa da Kaya Mind.
Ela tem sido o holofote de estudos, das páginas de jornais e até nos tribunais, com cada vez mais pacientes com decisões favoráveis ao plantio em casa. Mas quais são de fato as doenças que a cannabis pode tratar?
Contudo, para entender como a cannabis pode ser útil para tantas condições médicas, é preciso conhecer o Sistema Endocanabinoide, um sistema do organismo que funciona a nível molecular e ajuda a regular várias substâncias do corpo.
Ele trabalha através de receptores, que estão espalhados por quase todo o organismo, incluindo o Sistema Nervoso e o Sistema Imune. E isso pode modular o sono, a fome, o humor e a dor, por exemplo.
Funciona assim: o próprio organismo produz os chamados canabinoides, que sinalizam aos receptores que algo precisa ser corrigido. A cannabis também possui canabinoides, que podem trabalhar de maneira parecida com os nossos.
Se uma pessoa está com dor, por exemplo, os canabinoides da planta podem sinalizar aos receptores que algo precisa ser corrigido.
É importante ressaltar que a cannabis não cura. Ela apenas ajuda a tratar condições médicas restaurando o equilíbrio das funções do organismo, que podem se desequilibrar por uma série de razões.
A cannabis é uma planta com uma centena de canabinoides que podem interagir com receptores diferentes do corpo.
O CBD (canabidiol), por exemplo, é um canabinoide que se conecta de forma indireta aos receptores do nosso sistema endocanabinoide, aumentando os níveis de Anandamida (um dos canabinoides que o nosso próprio corpo produz), para agir nos receptores.
O CBD ainda é responsável por direcionar a libertação de vários neurotransmissores, como a serotonina, além de possuir efeitos anti-inflamatórios, analgésicos e relaxantes, que podem ser úteis em uma série de condições médicas.
Já a molécula THC (tetrahidrocanabinol), que causa os efeitos da famosa “alta” da maconha, se conecta diretamente ao receptor chamado CB1 e além de trazer a “brisa”, ele também pode ser útil para aliviar as dores, espasmos e até melhorar o apetite.
A famosa “larica” pode não ser tão ruim em determinados casos. Embora a cannabis não engorde, ela pode aumentar a vontade de comer.
Os receptores CB1 são encontrados nos neurônios pré-sinápticos do sistema nervoso central e periférico e são responsáveis por sensações de bem-estar, memória, concentração, percepção sensorial e temporal e pela coordenação de movimentos, regulação dos estímulos dolorosos e do sono.
Um fato interessante é que o canabidiol não possui efeitos psicoativos (o famoso barato) e ainda ajuda a reduzir os efeitos negativos do THC. Portanto, o CBD não vicia e os remédios com THC também não.
Epilepsia
O nosso cérebro também possui receptores canabinoides, por isso, a cannabis pode agir no corpo e no Sistema Nervoso Central modulando as funções neurológicas.
O CBD, por exemplo, é capaz de controlar as descargas dos neurotransmissores, o que consequentemente pode reduzir tanto a intensidade das crises como a frequência delas.
O que pode ser útil inclusive para Epilepsia Refratária, conhecida por ser resistente a medicamentos convencionais.
Esclerose Múltipla
Os canabinoides podem ser úteis não só para modular as dores, mas também os espasmos e regular o sistema imunológico, o que pode ser importante na Esclerose Múltipla.
Os efeitos anti-inflamatórios dos canabinoides estão relacionados às suas habilidade de ser um supressor imunológico. Essa característica se dá quando o receptor é ativado e gera um efeito estabilizador sobre os canais de voltagem que influenciam a resposta inflamatória.
No caso de transtorno autoimune, isso pode ser benéfico na diminuição da dor e até no avanço da doença.
Autismo
É importante destacar que não há remédios para autismo, o que existe são medicamentos para alguns sintomas, como medicamentos para amenizar a ansiedade, hiperatividade, os ataques de raiva, a impulsividade e as mudanças de humor.
Diversas pessoas relataram uma melhora considerável após o uso da cannabis, que se mostrou mais eficaz que os tratamentos convencionais. Alguns estudos ainda mostram a diminuição da ansiedade, irritabilidade, insônia e agressividade.
Depressão
Primeiro, lembre-se de que quase sempre a doença é multifatorial, por isso, não pode ser tratada apenas com remédios, mas se conhecendo melhor com a ajuda de um profissional.
Mas os remédios também ajudam. O sistema endocanabinoide, por exemplo, pode trabalhar como um neuromodulador para o Sistema Nervoso Central, capaz de regular aspectos emocionais, cognitivos, nervosos e processos motivacionais das pessoas.
Na depressão, há uma baixa de canabinoides no cérebro, como a serotonina ou a dopamina. Apesar de serem neurotransmissores, eles também são considerados canabinoides.
Por isso, remédios ou a reposição de canabinoides pode elevar os níveis das substâncias químicas.
Ansiedade
Ressaltamos que pequenas ações como dormir cedo, meditação, praticar atividades físicas, reduzir a cafeína, açúcar e alimentos processados, podem ser de grande ajuda para diminuir os níveis de ansiedade.
Remédios como antidepressivos e a cannabis podem ajudar a regular algumas disfunções e reduzir alguns sintomas, como pensamento acelerado, insônia e o humor. Sem contar que a planta possui propriedades relaxantes que são úteis.
Fibromialgia
Achar um tratamento que ajude a aliviar os sintomas não é fácil. Primeiro, porque a fibromialgia não tem cura. Segundo, que a fibromialgia pode estar relacionada tanto por fatores externos, ligados a infecções, fibras nervosas, alteração neuroquímica, até fatores psicológicos, como traumas, estresse, depressão, ansiedade.
A cannabis tem sido uma opção para reduzir as dores causadas pela doença. Tanto que nos Estados Unidos, a cannabis está ficando tão popular para combater a condição, que virou até produto.
Parkinson
A cannabis pode ser útil para reduzir os sintomas do Parkinson, pois ajuda a regular as alterações químicas que acontecem com a redução dos níveis da dopamina no cérebro.
A planta ainda tem uma função neuroprotetora, que auxilia tanto nas atividades motoras quanto não motoras.
Apesar da necessidade de estudos mais amplos, muita gente com a condição já aderiu ao método. Basta nos lembrarmos do famoso Larry Stmith, que viralizou no Youtube com mais de 40 bilhões de visualizações em 2016.
Insônia
Até hoje, vários estudos clínicos são realizados para reforçar os efeitos da cannabis, e as descobertas são sempre positivas. Isso porque a cannabis possui propriedades relaxantes e terapêuticas que diminuem o nível de estresse e ansiedade, causas mais frequentes da insônia.
Alzheimer
Não há cura para o Alzheimer e todos os medicamentos até agora visam amenizar os sintomas, que incluem declínio mental, esquecimento, dificuldade de raciocínio, mudanças de humor, agressividade, apatia, entre outros.
Dentre as propriedades da cannabis estão a diminuição do estresse oxidativo, retardo da neurodegeneração e das placas amiloides, que colaboram para o surgimento e agravo do Alzheimer.
Aqui, tanto o canabinoide chamado Canabidiol quanto o Tetrahidrocanabinol têm sua parcela de importância e merecem ser considerados no tratamento.
Dores Crônicas
Dores crônicas podem ser resultado de uma série de condições médicas, por isso é necessário entender primeiro a doença para começar o tratamento.
Por outro lado, os canabinoides podem ajudar a modular a dor, além de possuir propriedades anti-inflamatórias, analgésicas e relaxantes.
TDAH
Condições como TDA (Transtorno de Déficit de Atenção) e TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade) são caracterizadas pelo nível baixo de dopamina, um neurotransmissor que tem o poder de controlar o sono, as emoções e a concentração.
O CBD também ajuda a melhorar a conexão do neurotransmissor no cérebro, fator importante para melhorar o processo cognitivo, de acordo com um estudo feito na Universidade de Oxford.
Estas são apenas algumas das condições que a cannabis pode ser útil. Se o seu problema não está na lista, fale com um profissional que entenda sobre o Sistema Endocanabinoide para te ajudar a entender se a cannabis é para você!
A cannabis é conhecida por ser um tratamento com poucos efeitos colaterais. Há pacientes que relatam não sentir nada ou, no máximo, sonolência. No entanto, tudo vai depender dos canabinoides, da forma de administração e claro, do paciente.
As reações mais comuns ao CBD, por exemplo, são sono e diarreia. Já o THC pode causar tontura, boca seca e ansiedade.
Além disso, os produtos podem ser feitos com os dois ou mais canabinoides, e até com outros compostos da planta. Mas aí é outra história. É importante lembrar que os produtos feitos com cannabis também não viciam.
O preço dos produtos à base de cannabis podem variar de acordo com alguns fatores, como a condição tratada, o método de administração e até a disponibilidade do produto no Brasil.
Atualmente, é possível comprar nas farmácias, através de importações com a autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e até pelas associações. O custo pode oscilar de R$100 a até R$3mil.
Caso precise de ajuda, disponibilizamos um atendimento especializado que poderá esclarecer todas as suas dúvidas, além de auxiliar desde achar um médico prescritor até o processo de importação do produto. Clique aqui.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Fapcom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós graduanda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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