Psilocibina pode ser usado no tratamento da depressão, diz estudo

Psilocibina pode ser usado no tratamento da depressão, diz estudo

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Pesquisadores publicaram recentemente as observações de um estudo que avaliou a eficácia do cogumelo e de seu componente psilocibina como método para tratar a depressão.

O estudo, intitulado “Aumento da integração global no cérebro após terapia com psilocibina para depressão”, foi publicado na Nature Medicine na última segunda-feira (11). 

A pesquisa analisou dois outros estudos para saber mais sobre como a psilocibina afeta indivíduos envolvidos. 

Estudos

O primeiro foi conduzido como um ensaio aberto com 10mg e 25mg de psilocibina, tomados com sete dias de intervalo. 

O segundo estudo foi um ensaio clínico feito de forma aleatória, que comparou a terapia com psilocibina contra os efeitos do escitalopram, que é usado para tratar depressão e transtorno de ansiedade.

“Em ambos os ensaios, a resposta antidepressiva à psilocibina foi rápida, sustentada e correlacionada com diminuições na modularidade da rede cerebral de ressonância magnética, o que significa que a ação antidepressiva da psilocibina pode depender de um aumento na integração da rede cerebral”, afirma o resumo do estudo. 

Resultados

Foi mostrado que os pacientes diagnosticados com depressão “muitas vezes exibem um viés cognitivo negativo, caracterizado por pessimismo, pouca flexibilidade de cognição, padrões de pensamento rígidos e fixações negativas em relação ao ‘eu’ e ao futuro”. 

O estudo mais recente explorou os resultados do check up cerebral e descobriu que houve aumento da atividade no cérebro durante o tratamento, bem como após três semanas do fim do tratamento (nomeado como efeito “abertura”).

Ambos os estudos revisados encontraram “modulação cerebral diminuída” e “correlacionados com melhorias na sintomatologia depressiva”. 

Explicação dos autores

O autor sênior do estudo e ex-chefe do Centro de Pesquisa Psicodélica do Imperial College London, professor Robin Carhart-Harris, explicou as descobertas dos pesquisadores. 

“O efeito observado com a psilocibina é consistente em dois estudos, relacionados à melhora das pessoas, o que não foi observado com um antidepressivo convencional”. 

Ele comentou também que, em estudos anteriores, era possível ver um efeito semelhante no cérebro de pacientes enquanto tomavam certo tipo de psicodélico. 

Porém, nessa nova pesquisa, os resultados seguem fazendo efeito mesmo após semanas do início do tratamento. 

Comparativo com antidepressivos convencionais

O atual chefe do departamento, professor David Nutt, também forneceu uma declaração sobre as evidências de como a psilocibina funciona em comparação com os antidepressivos comuns. 

“Essas descobertas são importantes porque, pela primeira vez, descobrimos que a psilocibina funciona de maneira diferente dos antidepressivos convencionais – tornando o cérebro mais flexível e fluido e menos enraizado nos padrões de pensamento negativo associados à depressão”. 

Conclusão do estudo

Os pesquisadores concluíram que esses resultados são promissores, mas são necessárias outras pesquisas para aprender mais sobre a psilocibina como um tratamento eficaz. 

“Ainda não sabemos quanto tempo duram as mudanças na atividade cerebral observadas na terapia com psilocibina, e precisamos fazer mais pesquisas para entender isso”, afirmou Cahart-Harris.  

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