Desde o mês passado (junho de 2020), pelo menos 15 empresas de cannabis estão sendo notificadas em uma ação coletiva no Canadá.
O motivo foi passar informações erradas de canabidiol (CBD) e tetra-tetraidrocanabinol (THC) no rótulo.
Entre elas, estavam empresas gigantes no ramo canábico, tanto do uso recreativo quanto medicinal.
O processo defende uma reparação de mais de US$ 500 milhões, para os cidadãos que compraram a cannabis com níveis muito mais altos ou muito mais baixos de THC e CBD, o que poderiam ser prejudicadas devido ao uso das embalagens de plástico.
A autora da ação, Lisa Marie Langevin, diz que tinha feito o uso da cannabis pela primeira vez, mas não sentiu nada. Foi então que o seu médico, decidiu testar o produto e constatou que o produto comprado tinha apenas 46% de THC, bem diferente do que foi indicado na embalagem.
Desde então, mais pessoas que haviam sido lesadas começaram aparecer denunciando grandes marcas, como Tilary Aurura e Hexo.
A prática pode ser enquadrada em crimes como falsificação, estelionato e risco à saúde pública.
Segundo o médico Marcelo Iost, que conversou conosco sobre o assunto, as consequências dessa conduta podem resultar em superdosagens ou sub dosagens, o que consequentemente podem resultar em efeitos colaterais ou não ter reação nenhuma.
Um problema, principalmente para pacientes que necessitam da cannabis medicinal. “É um risco à saúde pública” complementa.
Cada corpo absorve os canabinóides de maneiras diferentes, motivo pelo qual algumas pessoas ficam “chapadas” bem rápido e outras não tem quase nenhuma reação. Por isso, a dosagem correta do produto é tão importante.
No Canadá, mesmo a cannabis sendo legalizada e tendo uma legislação, o país ainda está sujeito a problemas como este.
O que pode ser ainda mais preocupante, são países como o Brasil, que mesmo proibida, a planta é consumida por milhares de pessoas, inclusive pacientes que dependem da cannabis para fins medicinais.
Um risco não só para a saúde, mas também para o bolso. Medicamentos legais ou importados vendidos aqui não são baratos e inacessíveis para a maioria dos brasileiros. E até mesmo os artesanais, não custam menos de R$300,00 cada frasco.
Pessoas que compram o óleo artesanal por exemplo, não conseguem identificar se o produto tem a concentração certa dos canabinóides.
“Fora que você não sabe como foi plantado, se levou agrotóxico, se tem mofo, pesticida, não sabe a porcentagem de THC e CBD. A gente arrisca a dar uma coisa para o nosso filho sem saber o que tem realmente ali dentro. A gente compra no escuro.” Acrescenta Rosineide Almeida da Silva, de 54 anos que trata a sua filha Débora que tem autismo.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Fapcom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós graduanda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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