Quando se trata de tratamentos, já sabemos que o canabidiol tem certos benefícios por si só. Mas será que outras substâncias encontradas na planta cannabis podem ajudar a tratar pacientes com Covid-19? Vamos entender melhor sobre isso.
Durante um estudo realizado em Israel, surgiram alguns resultados mostrando que terpenos, combinados com canabidiol, podem ser duas vezes mais eficaz do que o uso de CBD isoladamente.
O mais interessante e curioso é que em condições inflamatórias teve alguns resultados positivos no tratamento da COVID-19, supostamente causada pela síndrome de tempestade de citocinas.
A tempestade de citocinas é uma resposta imunológica excessiva. Quando ocorre, pode causar danos ao corpo humano. A doença, que evolui rapidamente e tem alta mortalidade, atualmente tem sido associada como uma das causas da síndrome respiratória e da falência múltipla de órgãos que ocorre em alguns casos de COVID-19.
A grande quantidade de citocinas atrai muitas células inflamatórias para dentro do tecido pulmonar, causando sérios danos aos pulmões. Apesar disso, a produção exagerada de citocinas através de células infectadas pelo vírus é uma parte importante da patogênese (modo como os agentes etiopatogênicos agridem o nosso organismo e os sistemas naturais de defesa reagem).
Em pessoas mais idosas, essa tempestade têm maior probabilidade de desenvolver problemas no sistema imunológico do que em pessoas mais jovens, tornando a manifestação da doença mais grave.
A principal causa de morte em pacientes infectados pelo novo coronavírus é a síndrome da deficiência respiratória grave. Inúmeras citocinas contribuem para levar até essa síndrome.
Após a infecção pelo vírus e o aumento desses microrganismos, há uma tempestade de citocinas, fazendo com que a situação do paciente fique mais grave.
São compostos químicos produzidos por uma variedade de plantas, através de suas raízes, folhas, frutos, flores, sementes, entre outras, e existem em abundância na natureza.
São responsáveis pelo cheiro que sentimos. Os terpenos são óleos aromáticos que dão cor as variedades da cannabis e podem ser encontrados nas mesmas glândulas que produzem canabinóides como THC e CBD,
No entanto, também possuem propriedades medicinais que ajudam no relaxamento, alívio e antidepressivo. A cannabis é cheia deles, com propriedades anti-inflamatórias e anticancerígenas.
Existem mais de 30 mil terpenos descobertos na natureza e mais de 100 terpenos diferentes foram identificados na planta cannabis, e cada cepa tem um tipo de composição de terpenos.
Voltando ao estudo de Israel, os primeiros resultados, além de mostrarem que os terpenos combinados com CBD são duas vezes mais eficazes , foi comprovado também que os terpenos em geral podem ter um efeito maior do que apenas o sabor.
Os terpenos usados no estudo foram selecionados principalmente por suas propriedades antivirais e anti inflamatórias.
São preparados especificamente para serem usados através de inalação, em vez de na forma de comprimido ou comestível.
“Com esse método de entrega é possível alcançar qualidades terapêuticas a partir desses fitoquímicos únicos como nunca antes”, disse o CEO da Eybna, Nadav Eya, principal responsável pelo estudo, em um comunicado ao site Health Europa.
Para realizar o estudo, o canabidiol e os terpenos foram primeiro testados individualmente e em seguida em conjunto. Vale ressaltar que o estudo israelense não é o único que analisa o poder da cannabis para ajudar a aliviar os sintomas do COVID-19, como também prevenir que alguém contraia o vírus.
No mês de junho, dois pesquisadores canadenses disseram que acreditavam que uma cepa específica de cannabis (que contém terpenos) poderia ser útil na luta contra o coronavírus, devido à sua capacidade de bloquear a entrada do vírus no corpo através dos receptores ACE2.
“Semelhante a outros patógenos respiratórios, o COVID-19 é transmitido por meio de gotículas respiratórias, tendo sua disseminação por contato. Ele usa a entrada mediada por receptor no hospedeiro humano através de uma enzima conversora chamada de angiotensina II (ACE2) que tem acesso ao tecido pulmonar, bem como na mucosa oral e nasal, rins, testículos e no trato gastrointestinal ”, diz o estudo. “A modulação dos níveis de ACE2 nesses tecidos de entrada pode ser uma boa estratégia para diminuir a gravidade da doença, e a cannabis já provou que pode causar essa modulação”
Referências
Bruno Oliveira
Tradutor e produtor de conteúdo do site Cannalize, apaixonado por música, fotografia, esportes radicais e culturas.
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