Segundo o Fundo Mundial para a Natureza (WWF, sigla em inglês), o Brasil é o 4º país que mais gera lixo plástico do mundo, só está atrás dos Estados Unidos, China e índia. São mais de 11 milhões de toneladas com uma reciclagem baixíssima, de apenas 1,28%.
O que acaba gerando um prejuízo de US$ 8 bilhões para a economia mundial. Por isso, pensar em uma indústria sustentável é uma questão urgente. Então como fazer isso?
Uma das alternativas que tem se destacado cada vez mais é o cânhamo. A derivação da cannabis sativa tem no máximo, 0,3% de tetra-tetraidrocanabinol (THC), substância que gera os efeitos alucinógenos da maconha.
Ele é conhecido por ter uma alta concentração de fibras, que são usadas para vários materiais, como tecidos, cordas e claro, o plástico. É também uma solução biodegradável, que poderia ser substituída pelo plástico na fabricação de sacolas, canudos e embalagens.
Suas fibras podem substituir também o algodão, na fabricação de roupas, cordas e lonas. No entanto, a troca do petróleo na fabricação de plástico pelo cânhamo, ainda é novidade no mundo e precisa de legislações precisas.
Porém isso não impediu as iniciativas, já é possível ver lá fora sacolas e roupas feitas com a planta.
No Brasil, uma empresa resolveu criar relógios com as fibras da planta. Segundo o representante da empresa no Brasil, o produto, em uma cadeia 100% reciclável, desde o cultivo até a produção.
O cânhamo já era usado no país na era colonial, mas com as proibições de drogas acontecendo no mundo na década de 1930, as medidas também influenciaram o país, sem deixar distinção entre maconha e cânhamo.
Mesmo depois de muitos anos, quando a Lei 11343, de 2006 foi feita, também não fez a separação. Por isso, no Brasil ainda é proibido.
Uma empresa do Grupo Terra Viva até entrou com um pedido para importar sementes de cânhamo e plantar em território nacional. A empresa até conseguiu uma liminar em 2019, mas foi suspensa pelo Tribunal Regional Federal (TRF-1).
A opção alternativa já está sendo utilizada em países como Reino Unido, Estados Unidos, França e Uruguai, e outra dezena de países o que também acaba sendo uma nova fonte de renda no agronegócio. Até mesmo países conservadores como o Líbano adotaram o cânhamo para salvar a economia.
A nova opção criaria um novo segmento no Brasil, que já tem experiência com o agronegócio. Isso poderia criar novos empregos e impostos sobre a produção. Sem contar que o plantio de cânhamo leva menos água e agrotóxico, comparado ao eucalipto e o algodão.
Como dito acima, é uma opção biodegradável, por isso, se decompõe mais rápido. Sem contar, que gera menos lixo que as demais opções.
O cânhamo também tem o poder de limpar o solo depois de colhido. O serviço é tão eficiente que foi usado em Chernobyl, para descontaminar as terras afetadas pelo acidente nuclear.
O cânhamo possui cerca de 25 mil utilidades, desde os caules até as flores, que são usados na área farmacêutica, alimentícia e é claro: industrial.
Os benefícios do cânhamo já foram notados lá fora, a estimativa é que o mercado global da derivação da cannabis, chegue a 15 bilhões em 2027.
Por causa da sua grande concentração de canabidiol (CBD), componente que não gera nenhum efeito psicológico, é bastante usada na fabricação de medicamentos que tratam as mais variadas condições, desde epilepsia refratária a ansiedade.
Assim também como na produção têxtil, de papel e até alimentício. Em alguns países, é comum comer sementes de cânhamo ou temperar saladas com o óleo da planta.
Depois de cinco anos, o Projeto de Lei 399/15, que pede o cultivo de cânhamo e da cannabis industrial, finalmente foi parar a câmara. No entanto, já está sofrendo ataques de políticos contrários.
Porém, autor da proposta, Paulo Teixeira, está confiante. Se passar, ela ainda precisa ir para o Senado.
O Brasil é uma das referências do agronegócio no mundo, segundo o relatório da startup ADWA Cannabis, os insumos da produção no Brasil poderiam chegar a 2,4 bilhões.
Se passar, a imaginação empreendedora do brasileiro poderá movimentar bilhões de reais aqui e até exportar.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Fapcom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós graduanda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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