Nos últimos anos, a cannabis tem sido um importante aliado para o tratamento de uma série de condições médicas, entre elas, a ansiedade e a depressão, mesmo ainda precisando de mais estudos para entender como a substância age no organismo. O antidepressivo mirtazapina é bastante usados pelos pacientes, mas será que é possível substituir esse alopático pela cannabis? Qual a interação medicamentosa entre essas substâncias?
Antes de tudo, é importante entender o que é mirtazapina. O remédio é um antidepressivo que age aumentando a quantidade de serotonina e noradrenalina nos neurônios, substâncias importantes para o organismo, pois elas atuam diretamente na regulação do humor.
A mirtazapina é considerada um medicamento de alta eficácia, como a fluoxetina, citalopram e paroxetina. Por isso, muitas vezes é recomendada quando os pacientes não respondem a outros remédios.
É importante ressaltar que a mirtazapina é indicada para o tratamento da chamada depressão maior, ou seja, um distúrbio mental em que o paciente perde o interesse por atividades que gostava, melancolia, pouca energia e dores sem causas definidas.
O remédio tem efeitos colaterais bastante comuns, sobretudo quando falamos sobre antidepressivos, como sonolência, dor de cabeça e aumento do apetite, o que consequentemente, também pode colaborar com o aumento do peso.
De acordo com a bula, a mirtazapina pode causar reações como:
Embora raro, ainda é possível que os pacientes também tenham pesadelos, alucinações, inquietações, mania, hipotensão e formigamento em alguma parte do corpo.
Apesar da eficácia do alopático, também há contraindicações para o uso do remédio, como pacientes com hipersensibilidade ou qualquer ingrediente da fórmula. Ou então, estejam usando outros remédios que também estimulam a produção de serotonina.
Também não é indicado para ser usado junto com antidepressivos inibidores de IMAO (monoaminoxidase), ou seja, que aumentam a concentração de neurotransmissores na fenda sináptica.
Caso ainda precise substituir, é necessário que a medicação de IMAO seja interrompida pelo menos por sete dias antes.
A bula também não recomenda o uso da mirtazapina com antidepressivos do tipo inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), como a fluoxetina, por exemplo. O seja, ele deve ser utilizado sozinho.
A interação medicamentosa pode causar a chamada síndrome serotoninérgica, isto é, o estímulo exagerado da serotonina.
Consequentemente, isso pode resultar em rigidez, hipertermia, tremor ou espasmos involuntários, confusão mental, irritabilidade, confusão e agitação extrema que pode evoluir para delírio.
De acordo com o médico-cirurgião Rafael Pessoa, prescritor de cannabis medicinal e diretor médico da Cannect, o uso da mirtazapina junto à cannabis pode resultar no aumento de alguns efeitos colaterais como tontura, sonolência, confusão e dificuldade de concentração.
Em alguns pacientes, especialmente os idosos, também podem apresentar confusões e problemas na coordenação motora.
O médico complementa que isso acontece porque ambos os remédios são metabolizados pelo fígado. Mas como o órgão é um só, há uma competição de quem será metabolizado primeiro, o que prejudica ambos os efeitos.
Uma vez que o corpo não metaboliza de forma correta, a substância permanece no organismo por mais tempo. Consequentemente, isso pode potencializar os efeitos colaterais, tanto de um quanto do outro.
Isso vale tanto para o óleo de CBD (Canabidiol) quanto para outros medicamentos e produtos ingeridos à base de cannabis.
A cannabis também pode ser usada para tratar alguns tipos de depressão. Os canabinoides trabalham através do chamado SEC (Sistema Endocanabinoide), um sistema molecular presente em praticamente todo o corpo.
Ele auxilia na manutenção da homeostase, ou seja, em manter o equilíbrio de várias funções do organismo através dos chamados canabinoides produzidos pelo próprio corpo.
A cannabis também tem canabinoides, que atuam de forma semelhante aos nossos. No caso da depressão, o SEC pode trabalhar como um neuromodulador para o Sistema Nervoso Central, capaz de regular aspectos emocionais, cognitivos, nervosos e processos motivacionais das pessoas.
Na depressão, há uma baixa de canabinoides no cérebro, como a serotonina ou a dopamina. Apesar de neurotransmissores, eles também são considerados canabinoides. Por isso, a reposição pode elevar os níveis das substâncias químicas.
A cannabis também pode atuar ativando estes receptores para a elevação dos hormônios de humor. E o melhor: com efeitos colaterais mínimos, como sonolência e diarreia.
Por outro lado, é de extrema importância consultar um médico, que vai orientar da melhor forma para cada caso.
O médico Rafael Pessoa acrescenta que alguns estudos têm demonstrado que a cannabis pode reduzir as medicações convencionais. Há casos também em que pacientes utilizam apenas a cannabis, porém isso deve ser monitorado por um especialista.
É importante ressaltar que qualquer produto feito com a cannabis precisa ser prescrito por um médico, que poderá indicar qual o melhor tratamento para a sua condição.
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Tainara Cavalcante
Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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