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Saúde e Ciência

Maconha e direção combinam?



16/07/2021



De acordo com a lei, dirigir depois de utilizar substâncias psicoativas é proibido. Mas quais são os efeitos que a cannabis pode causar? Entenda

Todo mundo sabe que beber e dirigir é um erro gravíssimo. As consequências podem resultar em suspensão da carteira de habilitação, multa e até detenção de seis meses a três anos. 

Mas o maior perigo é colocar a vida do condutor e dos outros em perigo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), não há um nível seguro para o consumo de bebidas alcóolicas. 

Mas e a cannabis? Será que é a mesma coisa?

Lei

Antes de tudo vale ressaltar que o Artigo da Lei 165 do código de trânsito também inclui drogas e substâncias psicotrópicas. Por isso, a maconha está inclusa também. 

Ela diz que é PROIBIDO dirigir após consumir, além de bebidas alcoólicas, qualquer outra substância psicoativa que cause dependência. Então, fica a dica para não ser multado e dizer que não sabia.

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Cannabis VS Direção

Agora vamos entender se a lei é realmente coerente se tratando da maconha. Segundo um estudo feito nos Estados Unidos, metade dos consumidores acha que é seguro dirigir após fumar a erva. 14% das pessoas que não fumam também consideram o mesmo. E o que você acha?

Mas vamos entender um pouco melhor. A substância psicoativa mais presente na cannabis é o famoso tetraidrocanabinol (THC). 

É ele que dá a sensação de “barato”, fazendo com que o cérebro libere dopamina, o hormônio que dá a sensação de bem-estar. Ele é parecido com a anandamida, que regula o nosso humor, sono, memória e apetite.

Como nem tudo são flores, essa alteração no cérebro afeta também o equilíbrio, a coordenação motora, a postura e a noção do tempo por um certo período.

Em uma análise feita pela Highway Loss Data Institute mostrou que houve um aumento na taxa de acidentes ao volante de 5,2% em estados onde a erva foi legalizada.  

Estudos com resultados diferentes 

Por outro lado, uma análise publicada no American Journal of Addiction descobriu que, embora a maconha e o álcool prejudiquem as habilidades necessárias para a direção, os consumidores da erva tendem a “compensar” essa dificuldade com outras estratégias comportamentais. 

Isso resulta em um efeito oposto, pois a maior atenção ao volante faz com que o indivíduo tenha ainda mais cuidado ao dirigir.

Em um relatório da National Highway Traffic Safety Administration feito em 2017, os pesquisadores chegaram a conclusões bastante parecidas. 

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A partir de um teste feito em um simulador de direção, foram avaliados voluntários com maconha, álcool ou ambos no organismo. Os condutores sob o efeito da erva eram mais cautelosos.

Eles permaneciam com a velocidade média reduzida, maior tempo guiando abaixo do limite de velocidade e mantendo uma distância maior entre os carros. 

Embora a cautela, eles confessaram que foi mais difícil manter a posição dentro da pista. Ao jornal The Guardian os pesquisadores ainda acrescentaram que a quantidade de THC e a tolerância do organismo à maconha também impactaram os resultados. 

CBD

A cannabis também possui outras substâncias, como o canabidiol (CBD). Contudo, essa molécula é um pouco diferente do THC. 

Segundo um estudo feito pela Universidade de Maastricht, na Holanda, o composto não altera as percepções do motorista. Os estudos testaram voluntários com diferentes níveis de CBD, THC e placebo. 

Antes do teste, o nível de canabinoides no sangue, assim como as habilidades motoras dos voluntários também foram avaliadas para um resultado mais assertivo.

Acompanhados de um instrutor, todos realizaram um circuito de 100 quilômetros quarenta minutos após o consumo. Quatro horas depois, os condutores fizeram novamente o teste. 

Resultados

No fim, não houve diferença nos resultados entre quem inalou canabidiol e placebo, o que evidencia a segurança do composto. Por outro lado, os condutores com THC nas veias mostraram um comportamento semelhante à motoristas com  concentrações de 0,05% de álcool. 

Àqueles que consumiram o THC junto a outros canabinoides, como o CBD, mostraram um resultado semelhante aos estudos citados acima. Eles disseram ter dificuldade para dirigir, mas mostraram cautela no volante.

Entretanto, no segundo teste feito quatro horas depois, os pesquisadores descobriram que os efeitos da substância psicoativa haviam desaparecido.  

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Tainara Cavalcante

Jornalista pela Fapcom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós graduanda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.