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Saúde e Ciência

Grupo de defesa da cannabis faz parceria com um dos principais centros de HIV do Canadá



02/02/2021



O universo canábico já é interessante por si só, e quando se abre para novas oportunidades e parcerias se torna mais atraente e cativante. Assim tem sido no Canadá.

No ano passado, Cristina Michael, fundadora e CEO da varejista independente Marigolds Cannabis, com sede em Vancouver, começou a fazer um plano para abordar o centro Dr.Peter sobre a formação  de uma possível parceria. 

Desde 1997, o centro Dr.Peter tem fornecido cuidados com aqueles que vivem com HIV / AIDS com uma ampla gama de apoios clínicos, iniciativas de redução de danos e outros serviços de apoio. 

Em 2002, o centro ganhou as manchetes ao se tornar a primeira unidade de saúde da América do Norte a incluir o consumo supervisionado em seu modelo de atendimento.

Foi o número um na lista de organizações que eu queria abordar, disse Michael, que abriu a Marigolds em Outubro de 2020, ao site The GrowthOp.

Eu me alinhei muito bem com a forma como eles abordam seu trabalho e defesa. acrescentou a empresária.

Então, em Agosto de 2020, Cristina Michael disse que ela enviou um e-mail para a instalação e apresentou a eles uma nova iniciativa liderada por mulheres chamada de Cannabis For Harm Reduction (CFHR).

Nós decidimos que não queremos nenhum chefe. E o que incorporamos são nossos quatro pilares: inclusão, colaboração, educação e comunidade.” disse ela.

Não demorou muito até que Scott Elliott, o diretor executivo do centro Dr.Peter, escreveu de volta. Ele estava interessado. 

Você é a primeira pessoa do universo canábico a se aproximar de nós” relatou Michael. 

O grupo começou a crescer. Sua primeira iniciativa pública foi uma campanha de roupas de inverno em dezembro. 

A CFHR conseguiu através de duas redes sociais os contatos de indústria canábica e perguntou sobre as roupas que estavam se acumulando nos depósitos em todo o país.

Vivian Dang, líder de comunicação do centro Dr.Peter , disse que ter acesso às necessidades básicas como roupas quentes, é uma parte essencial da redução de prejuízo.

Isso se estende além do uso seguro de substâncias, comidas, medicamentos, moradia, acesso a necessidades básicas como chuveiros, lençóis, meias, coisas assim”, disse Dang. 

Com as feiras em espera, Michael sabia que havia um excedente de mercadorias crescendo. 

Nós dissemos: Sabemos que você tem muitas coisas que não utiliza e que estão em boas condições,  um monte de coisas que precisa se livrar, doe isso para nós, porque não podemos aceitar roupas usadas durante a pandemia da COVID-19 e precisamos manter as pessoas aquecidas, disse Michael. 

Os caminhões de mercadoria estavam a caminho. Durante uma entrevista ao site The GrowthOp no início deste mês, Michael disse que o CFHR coletou mais de 8 mil libras de roupas, incluindo mais de 3 mil moletons da Canopy Growth.  

Ao todo, o grupo coletou cerca de 10 mil novas roupas e itens auxiliares e os distribuirá para o centro Dr.Peter e suas instituições e organizações de atendimento em todo o país.

Qual o próximo passo?

O próximo objetivo é estabelecer um programa piloto para melhorar o acesso à cannabis medicinal. Michael estima que a maioria dos participantes consomem cannabis medicinal, mas o acesso legal é um desafio. 

O CFHR está recentemente coletando doações para comprar cartões-presente que podem ser usados em varejistas de cannabis licenciados e fornecedores médicos. 

O grupo irá distribuir os cartões no centro Dr.Peter e em outros lugares do Canadá. 

Michael espera que a iniciativa possa ser lançada neste trimestre e ajudar a quebrar a dependência sobre a fonte de cannabis de fornecedores não licenciados

“O dinheiro simplesmente volta para a indústria e temos um processo cíclico de poder fornecer cannabis medicinal regulamentada e recreativa para aqueles que precisam dela diretamente, sem que tenham que gastar seu próprio dinheiro”, diz ela. 

Eventualmente, o CFHR espera ser capaz de fornecer cannabis medicinal por meio de máquinas biométricas.

Em 2019, a Dispersion Industries, com sede em Nova Scotia, lançou seu projeto piloto MySafe no Downtown Eastside de Vancouver. 

A máquina, que se parece com uma caixa eletrônico, foi o primeiro quiosque de distribuição de opióides do mundo e faz a varredura da palma da mão do usuário para registrar sua identidade.

Em agosto do ano passado, a Dispension anunciou que mais cinco máquinas estavam a caminho de Vancouver, Victoria, Dartmouth, NS e Londres, Ontário.

Outros dispositivos semelhantes que estão abastecidos com cannabis, já estão sendo usados ​​nos Estados Unidos, mas os obstáculos regulatórios permanecem no Canadá, pois dispositivos de distribuição e exibição de autoatendimento são proibidos pela Lei da Cannabis .

Cristina Michael diz que a cannabis medicinal ficou em segundo plano desde que a cannabis recreativa veio à tona, mas o CFHR é uma oportunidade para ajudar a corrigir isso e conectar os pacientes aos recursos médicos necessários e ir além.

“Há tantas pessoas sofrendo e não há educação suficiente”, disse ela. 

“Eu acho que se trouxermos esse elemento humano pro nosso meio, e as pessoas realmente virem que consumir cannabis não é tão assustador.

Essas são coisas em que realmente precisamos nos concentrar.” acrescentou a empresária. 

Referências

  • The Growth Op

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Bruno Oliveira

Tradutor e produtor de conteúdo do site Cannalize, apaixonado por música, fotografia, esportes radicais e culturas.