O universo canábico já é interessante por si só, e quando se abre para novas oportunidades e parcerias se torna mais atraente e cativante. Assim tem sido no Canadá.
No ano passado, Cristina Michael, fundadora e CEO da varejista independente Marigolds Cannabis, com sede em Vancouver, começou a fazer um plano para abordar o centro Dr.Peter sobre a formação de uma possível parceria.
Desde 1997, o centro Dr.Peter tem fornecido cuidados com aqueles que vivem com HIV / AIDS com uma ampla gama de apoios clínicos, iniciativas de redução de danos e outros serviços de apoio.
Em 2002, o centro ganhou as manchetes ao se tornar a primeira unidade de saúde da América do Norte a incluir o consumo supervisionado em seu modelo de atendimento.
”Foi o número um na lista de organizações que eu queria abordar,” disse Michael, que abriu a Marigolds em Outubro de 2020, ao site The GrowthOp.
”Eu me alinhei muito bem com a forma como eles abordam seu trabalho e defesa.” acrescentou a empresária.
Então, em Agosto de 2020, Cristina Michael disse que ela enviou um e-mail para a instalação e apresentou a eles uma nova iniciativa liderada por mulheres chamada de Cannabis For Harm Reduction (CFHR).
”Nós decidimos que não queremos nenhum chefe. E o que incorporamos são nossos quatro pilares: inclusão, colaboração, educação e comunidade.” disse ela.
Não demorou muito até que Scott Elliott, o diretor executivo do centro Dr.Peter, escreveu de volta. Ele estava interessado.
”Você é a primeira pessoa do universo canábico a se aproximar de nós” relatou Michael.
O grupo começou a crescer. Sua primeira iniciativa pública foi uma campanha de roupas de inverno em dezembro.
A CFHR conseguiu através de duas redes sociais os contatos de indústria canábica e perguntou sobre as roupas que estavam se acumulando nos depósitos em todo o país.
Vivian Dang, líder de comunicação do centro Dr.Peter , disse que ter acesso às necessidades básicas como roupas quentes, é uma parte essencial da redução de prejuízo.
”Isso se estende além do uso seguro de substâncias, comidas, medicamentos, moradia, acesso a necessidades básicas como chuveiros, lençóis, meias, coisas assim”, disse Dang.
Com as feiras em espera, Michael sabia que havia um excedente de mercadorias crescendo.
”Nós dissemos: Sabemos que você tem muitas coisas que não utiliza e que estão em boas condições, um monte de coisas que precisa se livrar, doe isso para nós, porque não podemos aceitar roupas usadas durante a pandemia da COVID-19 e precisamos manter as pessoas aquecidas,” disse Michael.
Os caminhões de mercadoria estavam a caminho. Durante uma entrevista ao site The GrowthOp no início deste mês, Michael disse que o CFHR coletou mais de 8 mil libras de roupas, incluindo mais de 3 mil moletons da Canopy Growth.
Ao todo, o grupo coletou cerca de 10 mil novas roupas e itens auxiliares e os distribuirá para o centro Dr.Peter e suas instituições e organizações de atendimento em todo o país.
O próximo objetivo é estabelecer um programa piloto para melhorar o acesso à cannabis medicinal. Michael estima que a maioria dos participantes consomem cannabis medicinal, mas o acesso legal é um desafio.
O CFHR está recentemente coletando doações para comprar cartões-presente que podem ser usados em varejistas de cannabis licenciados e fornecedores médicos.
O grupo irá distribuir os cartões no centro Dr.Peter e em outros lugares do Canadá.
Michael espera que a iniciativa possa ser lançada neste trimestre e ajudar a quebrar a dependência sobre a fonte de cannabis de fornecedores não licenciados
“O dinheiro simplesmente volta para a indústria e temos um processo cíclico de poder fornecer cannabis medicinal regulamentada e recreativa para aqueles que precisam dela diretamente, sem que tenham que gastar seu próprio dinheiro”, diz ela.
Eventualmente, o CFHR espera ser capaz de fornecer cannabis medicinal por meio de máquinas biométricas.
Em 2019, a Dispersion Industries, com sede em Nova Scotia, lançou seu projeto piloto MySafe no Downtown Eastside de Vancouver.
A máquina, que se parece com uma caixa eletrônico, foi o primeiro quiosque de distribuição de opióides do mundo e faz a varredura da palma da mão do usuário para registrar sua identidade.
Em agosto do ano passado, a Dispension anunciou que mais cinco máquinas estavam a caminho de Vancouver, Victoria, Dartmouth, NS e Londres, Ontário.
Outros dispositivos semelhantes que estão abastecidos com cannabis, já estão sendo usados nos Estados Unidos, mas os obstáculos regulatórios permanecem no Canadá, pois dispositivos de distribuição e exibição de autoatendimento são proibidos pela Lei da Cannabis .
Cristina Michael diz que a cannabis medicinal ficou em segundo plano desde que a cannabis recreativa veio à tona, mas o CFHR é uma oportunidade para ajudar a corrigir isso e conectar os pacientes aos recursos médicos necessários e ir além.
“Há tantas pessoas sofrendo e não há educação suficiente”, disse ela.
“Eu acho que se trouxermos esse elemento humano pro nosso meio, e as pessoas realmente virem que consumir cannabis não é tão assustador.
Essas são coisas em que realmente precisamos nos concentrar.” acrescentou a empresária.
Referências
Bruno Oliveira
Tradutor e produtor de conteúdo do site Cannalize, apaixonado por música, fotografia, esportes radicais e culturas.
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