Fumar maconha pode causar câncer?

Fumar maconha pode causar câncer?

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As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Até agora, a ciência não chegou  a uma conclusão sobre o assunto. Por outro lado, alguns estudos indicam que ela pode ajudar a matar células cancerígenas. Entenda.

Que a nicotina pode causar câncer não é nenhuma novidade. O tabagismo já é considerado uma doença crônica no mundo todo e segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), são quase 500 mortes por dia só no Brasil. 

Sem contar que o tabagismo também afeta os não fumantes. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) 1,2 milhão de pessoas morrem por ano por fumo passivo, isto é,  o contato com fumantes.

Mas e o cigarro de maconha? 

Depois que a maconha foi proibida, vários mitos sobre a planta foram construídos, como afirmações de que a cannabis queima neurônios, é porta de entrada para outras drogas e por aí vai. 

Contudo, a ideia construída sobre a maconha também dificultou muitos estudos, tanto contrários como a favor da cannabis, o que dificulta até o entendimento de questões como esta.  

O que os estudos dizem?

As pesquisas das células moleculares indicam que a cannabis fumada pode ter algum potencial cancerígeno. Mas até agora, não houve uma ligação direta entre a maconha e casos de câncer.

Houve até um estudo africano que relaciona a cannabis ao câncer de pulmão, mas críticos consideram a descoberta inconsistente. Eles argumentam que o número de pacientes foi muito pequeno, e os pesquisadores não levaram em consideração o uso combinado ao tabaco.

Inclusive, uma revisão sistemática de 19 estudos de lesões pulmonares pré-malígnas em pessoas que consumiram maconha não conseguiu associar a planta e o câncer de pulmão.

Outras pesquisas também não demonstraram um risco de desenvolvimento de câncer em pessoas que utilizam a maconha. Um estudo americano publicado na revista Urology em fevereiro de 2015, por exemplo, analisou uma possível relação entre a cannabis e o câncer de bexiga.

Depois de acompanhar os voluntários por 16 anos, apenas 0,3% dos consumidores de cannabis desenvolveram a condição. Após avaliarem o Índice de Massa Corporal (IMC) ajustes de idade e etnia, o uso da substância foi associado a uma redução de 45% no câncer de bexiga. 

Outro estudo feito pela mesma instituição, a Kaiser Permanente Los Angeles Medical Center, analisou mais de 60 mil homens de 15 a 49 anos, e perceberam que a cannabis não está associada a cânceres relacionados ao tabaco ou outros tipos de tumores. 

Os pesquisadores ainda perceberam que o risco de câncer de próstata era maior entre pessoas que nunca tinham fumado. 

Cannabis mata células cancerígenas

Por outro lado, há estudos que reforçam a ideia de que a cannabis pode servir de ajuda para pacientes com câncer. 

O assunto tomou grande repercussão nos Estados Unidos depois que o próprio Instituto Americano do Câncer admitiu que a planta pode matar as células cancerígenas, além de impedir o crescimento de novas células.

A posição veio depois de um estudo de dois anos em ratos com câncer, onde a princípio, foi percebido uma diminuição do tumor dos bichos.

Eles receberam altas doses de tetra-hidrocanabinol (THC) por meio de uma sonda, junto com alimentos. O THC é a principal substância da cannabis que gera os efeitos alucinógenos da maconha. 

A substância se mostrou eficaz tanto no combate à doença, quanto na proteção das células saudáveis.

Divulgado em maio deste ano, um estudo alemão, feito pela Ludwig Maximilians University Clinic em Munique também investigou os efeitos do canabidiol (CBD) de alta pureza em um tumor cerebral chamado glioblastoma. 

Os pesquisadores adicionaram o canabidiol com alta pureza nas células tumorais de ratos e também de humanos. A ação do CBD foi bem rápida: em apenas três dias elas morreram. 

Isso aconteceu porque o CBD bloqueou uma importante via de sinalização para o  glioblastoma. Este efeito impediu que ele crescesse de forma constante. 

Além da descoberta, os pesquisadores também perceberam espécies de “biomarcadores”, que podem identificar quais os casos de tumores podem ser tratados com a cannabis. 

Confiança no uso da cannabis para o tratamento do câncer 

Contudo, a falta de informação ainda deixa os pacientes bastante inseguros. 

Na busca por encontrar alguma relação entre a cannabis e o câncer, pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos,  analisaram informações levantadas de uma base de dados sobre drogas do país. 

A pesquisa publicada em junho coletou informações de mais de 210 mil adultos entre os anos de 2015 a 2019. Entre eles, 3,8% tinham um histórico de câncer e 1,2% um diagnóstico recente.

Àqueles que tinham um histórico antigo ou recente da doença, relataram usar a maconha com menos frequência pessoas sem o histórico de câncer. 

No entanto, o uso da maconha pelos mais jovens era maior que em pessoas mais velhas, caso tivessem um diagnóstico de câncer. Dessa forma, os pesquisadores concluíram que são necessários mais estudos por faixa etária para resultados mais precisos.  

A pesquisa serviu de reflexão para saber se as pessoas (no caso os estadunidenses), usariam cannabis para o tratamento contra o câncer.

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