Existe diferença entre cannabis, maconha e cânhamo?

Existe diferença entre cannabis, maconha e cânhamo?

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As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Entenda qual a diferença entre o uso destes três termos

Foto: Freepik

Você já parou para pensar se há alguma diferença entre cannabis, maconha e cânhamo?

A cannabis se espalhou pelo mundo e por culturas diferentes, o que a rendeu os mais variados nomes. No Brasil, por exemplo, a planta é chamada de maconha, diamba, marijuana, erva e muito mais. 

Vamos entender se há diferenças e quais são elas.

Cannabis

De forma geral, a cannabis pode ser qualquer uma das opções, pois “cannabis” é o nome da planta. 

De acordo com o químico e idealizador do Reaja (teste de canabinoide), Fabiano Soares, a erva possui três espécies: sativa, ruderalis e indica. Delas vêm várias subespécies, que são conhecidas como cepas ou strains

Segundo Soares, plantas puramente indicas ou puramente sativas são raras. “A ação humana realizou tantos cruzamentos que praticamente todas as genéticas comercializadas são frutos da mistura entre as variedades, dando origem ao que chamamos de plantas híbridas.”

Atualmente, os termos são utilizados para definir a característica predominante. O termo sativa está relacionado à descrição de plantas com maior crescimento vegetal e folhas mais finas, enquanto o termo “indica” é aplicado a plantas mais baixas, escuras e com folhas largas.

As espécies também sofrem constantemente com variações e, por isso, são diferentes umas das outras. Isso acontece de acordo com o lugar, a cultura e os cruzamentos genéticos. 

Leia também: Quais as condições a cannabis pode tratar?

Cânhamo

De acordo com o químico, o cânhamo é um “apelido” para a cannabis sativa. A sua principal característica é a abundância de CBD (canabidiol) e pouco THC (tetrahidrocanabinol).

Este tipo de cannabis é usada para a fabricação de remédios com grandes concentrações de CBD, além de cosméticos ricos em canabidiol. Também é bastante usada no meio industrial.

A fibra do cânhamo é bastante útil na fabricação de têxteis, cordas, bioplástico e até biocombustível. As suas sementes também são aproveitadas, que, embora não tenham canabinoides, são ricas em ômega 3 e gordura vegetal. 

Contudo, o químico Soares comenta que, aqui no Brasil, não temos uma definição oficial do que é o cânhamo e do que é maconha, pois os dois termos se referem à planta Cannabis sativa.

“Já nos Estados Unidos, por exemplo, a definição de cânhamo (hemp) define plantas que possuam concentração de THC menor do que 0,3% no peso seco, independente da concentração de outros canabinoides”, explica.

Maconha

A maconha pode ser extraída das três espécies, embora as cepas mais famosas sejam extraídas da cannabis sativa. A palavra é apenas um nome popular para milhares de cepas diferentes com a finalidade para o uso adulto. 

Além da aparência e do cheiro, a maconha também apresenta modificações nos níveis de canabinoides e terpenos.

Contudo, ao contrário do cânhamo, aqui o elemento principal é o THC, pois os consumidores buscam pelos efeitos específicos da substância, como os efeitos relaxantes e a famosa “alta”.

Por isso, Soares explica que as fêmeas, que produzem mais THC, são separadas dos machos.

“Em cultivos que visam obter o tetrahidrocanabinol, por exemplo, a presença de plantas machos é indesejada, pois a planta fêmea, após fecundada, deixará de estimular a produção de canabinoides, o que diminuirá o rendimento final”, afirma Soares.

A ideia oposta pode ser aplicada quando há um cultivo de cannabis para produção de sementes, onde é preciso que o maior número de flores possível sejam fecundadas para que assim obtenha-se o maior quantidade de sementes.

Haxixe 

Até a forma de extração pode alterar a cannabis, como no caso do haxixe que tende a ser “mais forte” do que a maconha tradicional.

Enquanto o THC da maconha é retirado das flores secas, o do haxixe é extraído dos chamados tricomas, aquela pequena cobertura branca da planta que tem aparência de penugem.

Na verdade, elas são pequenas glândulas, que também são conhecidas como “keifs” ou “hash”. E é onde está a maior concentração do canabinoide, promovendo um produto final com grande de THC.

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Aparência

Quando comparamos a maconha e o cânhamo, os tipos também são fisicamente diferentes.

As variações da cannabis podem alternar não só nos efeitos, mas também no formato e até no cheiro. 

Enquanto o cânhamo costuma ter plantas que chegam a dois metros de altura, as maconhas são de menor estatura e com mais folhas. 

O formato das folhas também é diferente entre as espécies indica, sativa e ruderalis. 

O químico explica que essa diferença só foi percebida há pouco tempo.

Em 1785, a cannabis indica é descrita como uma nova variedade a partir de suas observações de plantas do sul da Índia, indicando que havia oito grandes diferenças nas ramificações, no caule, nos folíolos e nas flores das espécies”, afirma o químico.

Isso porque as formas de cultivo também não são as mesmas. Enquanto o cânhamo é cultivado por muitas vezes ao ar livre, a maconha geralmente precisa ser cultivada em ambientes controlados para não “perder” os canabinoides. 

“Para produção de fibras, por exemplo, é necessário promover o maior crescimento vertical da planta para obter fibras mais longas, para isso é preciso diminuir o espaçamento entre as plantas, forçando-as a buscar pela luz, estimulando o crescimento vertical e aumentando o rendimento da colheita por metro quadrado”, acrescenta Soares.

Foto: Freepik

Alguma delas é legal no Brasil?

A cannabis ainda segue proibida no país conforme a Lei de Drogas de 2006

Atualmente, quantidades pequenas da erva são despenalizadas, ou seja, a maconha continua criminalizada, mas, uma vez comprovado o uso individual, as penas se resumem a advertências, à prestação de serviços ou a medidas educativas. 

O que foi regulamentado até agora são os produtos derivados da cannabis para uso exclusivamente medicinal com até 0,3% de THC, que podem ser adquiridos nas farmácias ou através da importação por meio de uma autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Consulte um médico 

É importante ressaltar que qualquer produto feito com a cannabis precisa ser prescrito por um médico, que poderá te orientar de forma específica e indicar qual o melhor tratamento para a sua condição.

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