De acordo com uma nova pesquisa feita na Universidade Regional de Blumenau (Furb), em Santa Catarina, o Canabidiol (CBD) foi capaz de reduzir a ansiedade de ratos com comportamentos autistas.
Atualmente, uma em cada 110 pessoas possuem Transtorno Espectro Autista (TEA) no mundo, segundo o CDC (Center of Diseases Control and Prevention).Com isso, podemos presumir que no Brasil existam cerca de dois milhões.
Apesar da necessidade de mais estudos, o uso para tratar a condição é cada vez mais frequente no Brasil. Já contamos histórias de pacientes aqui. Muitos familiares relatam uma melhora na agressividade e até a possibilidade de escutar a voz do filho pela primeira vez.
A pesquisa ainda em fase inicial é o trabalho de conclusão de Curso (TCC) de Sheila Wayszceyk, aluna de medicina da universidade. Ela busca explorar o uso da substância extraída da cannabis para a condição.
O estudo conta ainda com a parceria das professoras Daniela Delwing de Lima, da Universidade da Região de Joinville (Univille) e Ângela Wyse, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS).
Aprovado pelo Comitê de Ética da universidade, o experimento é o primeiro do Brasil a testar o CBD para os sintomas do autismo.
Para realizar a pesquisa, foram criados 81 ratos. Desse número, 39 nasceram com comportamentos autistas. Os roedores são geneticamente modificados com uma substância chamada ácido valpróico ainda na barriga das mães, que os faz nascer com a condição.
Os testes comportamentais são feitos em campo aberto e com interações sociais. O objetivo é encontrar doses seguras do canabidiol que possam ser usadas em crianças, pré-adolescentes e adultos.
De acordo com os resultados obtidos até agora, os pequenos roedores estão menos ansiosos.
Apesar de ser a primeira pesquisa no Brasil, não é a primeira no mundo. Várias universidades já têm investido nos efeitos da cannabis para o autismo.
Como por exemplo, outro estudo realizado na Universidade da República e pelo Instituto Pasteur de Montevidéu, no Uruguai. Como resultado, a cannabis pode reverter alguns comportamentos relacionados ao autismo.
Outras duas pesquisas realizadas em setembro e outubro de 2019 relataram os mesmos resultados de melhorias, principalmente no sono, nos déficits de comunicação e convulsões.
Mas o que mais chamou atenção foi as melhoras cerebrais que antes não haviam sido exploradas. Mais um exame de ressonância magnética nos pacientes mostrou que o óleo de Canabidiol melhorou significativamente algumas atividades cerebrais em locais específicos.
O exame magnético foi feito também em pessoas sem TEA e não mostrou alterações com o uso do canabidiol. Isso prova de certa forma que o produto tem o poder de alterar atividades cerebrais em áreas afetadas do autismo.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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