Estresse e Síndrome de Burnout: é possível tratar com cannabis?
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Viver e falar sobre situações estressantes são coisas comuns para muitas pessoas. O estresse não é caracterizado como uma doença, na verdade, é um agente de defesa do organismo para situações de tensão a fatores internos ou externos.
Pensar em soluções rápidas ou lidar com situações de pressão causam reações no corpo, porém, muitas vezes elas são necessárias para o convívio humano ou para conflitos do trabalho.
O estresse se manifesta de formas diferentes, uma vez que cada pessoa enfrenta suas próprias dificuldades. Neste texto você descobrirá se a cannabis pode ser uma solução para aliviar as sensações estressantes.
Como o estresse se manifesta?
Como citado acima, o estresse é uma resposta natural a uma situação que possa causar ameaças. Quando isso acontece, o corpo produz hormônios como a adrenalina, que faz o coração acelerar e a pressão subir. Tonturas e náuseas também são manifestações comuns.
As consequências do estresse acompanham seus sintomas, podendo ocorrer em diferentes graus. Irritação, improdutividade e falta de concentração são exemplos de impactos na saúde mental; enquanto o agravamento de doenças são consequências na saúde física.
De acordo com um levantamento divulgado em 2020 pela Escola de Economia de Londres, o Brasil perde quase 80 bilhões de dólares por ano devido ao estresse, depressão e Síndrome de Burnout, que será explicada a seguir.
Segundo definição do Ministério da Saúde, a Síndrome de Burnout (ou Síndrome do Esgotamento Profissional) é um “distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade”. O excesso de trabalho é uma das principais causas dessa doença.
Essas situações foram categorizadas como condição de saúde recentemente, visto que os transtornos causados pelo trabalho sempre existiram.
Consequentemente, as pesquisas pelo termo cresceram. Neste ano, o Brasil ocupou a 7ª posição nas pesquisas pelo tema, sendo o primeiro país fora da Europa desta lista.
Sintomas do Burnout
Os principais sintomas do burnout são: cansaço excessivo, dor de cabeça, insônia, dificuldades de concentração, negatividade constante e insegurança.
Por se tratar de uma condição relacionada ao trabalho, a prevenção deve analisar também o ambiente profissional. Se a síndrome for diagnosticada na fase inicial, o tratamento pode ser feito com acompanhamento psicológico. Medicamentos para melhorar a energia e o humor também podem ser receitados caso o grau da doença esteja mais avançado.
Quando pensamos na relação da cannabis com o corpo humano, é comum pensar também no relaxamento como um dos efeitos. Essa é justamente uma das propriedades do canabidiol (CBD), um dos componentes da cannabis mais associados ao uso medicinal.
O CBD consegue reduzir a ansiedade e melhorar a qualidade do sono, que são sintomas comuns em pessoas com estresse. A interação deste fitocanabinoide é sentida pelo sistema endocanabinoide, que regula a homeostase e ajuda o organismo a repor suas necessidades, como a fome e o humor.
Saiba mais no vídeo abaixo.
Um estudo de destaque que usou essa substância foi realizado, em 2020, na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP. Os pesquisadores avaliaram se o CBD pode reduzir os sintomas de burnout aplicando o componente em 120 profissionais de saúde que atuaram no combate à pandemia de Covid-19.
Os participantes foram divididos em dois grupos: 61 receberam o tratamento com canabidiol (com orientações e combinado às atividades físicas). Outros 59 receberam o tratamento padrão de burnout.
Resultados do estudo apontaram que “houve redução de 60% dos sintomas de ansiedade, 50% da depressão e 25% de burnout” entre os pacientes que se trataram com a cannabis, comparado-os com quem fez o tratamento padrão.
Cabe destacar que de todos os voluntários, cinco apresentaram efeitos adversos, como aumento das enzimas hepáticas, mas estes foram tratados.
Quando combinado com o tetrahidrocanabinol (THC), é possível instigar efeitos antidepressivos e ansiolíticos. Essa combinação é encontrada em produtos do modelo full spectrum (ou espectro completo), nos quais são aproveitados todos os componentes da planta, permitindo alcançar o efeito entourage.
Portanto, o CBD não é a única molécula da cannabis que pode ajudar na diminuição do estresse. De acordo com um estudo científico publicado na revista Expert Review of Neurotherapeutics, o THC pode ser eficaz para pacientes com Transtorno do Estresse Pós-traumático (TEPT). Segundo os pesquisadores, os resultados foram positivos para insônia e ansiedade, que são sintomas da síndrome.
É importante destacar que neste estudo os pacientes utilizaram uma dose alta de THC e os responsáveis acompanharam os participantes durante seis meses.
Uma pesquisa da Universidade de Santa Catarina também está avaliando a relação entre os fitocanabinoides e o estresse. Os resultados ainda não foram divulgados, mas a ideia é acompanhar 300 pacientes com doses de CBD e THC.
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Andrei Semensato
Jornalista pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Produz conteúdos sobre Política, Saúde e Ciência. Também possui textos publicados nos blogs da Cannect e Dr. Cannabis.
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