Os defensores da legalização da cannabis expressaram raiva contra a primeira-ministra Jacinda Ardern, que afirmou ser apoiadora da causa somente depois do referendo, causando assim revolta na maioria.
A Nova Zelândia se juntará a um grupo pequeno de países que legalizaram a eutanásia (a garantia de uma morte mais humanizada, com menos sofrimento).
Depois que seus cidadãos votaram a favor dela em um referendo durante o mês de outubro.
Uma segunda questão na cédula durante as eleições gerais de 17 de outubro, sobre a legalização do uso recreativo de cannabis, foi definida de acordo com os resultados preliminares divulgados.
Os defensores da medida sobre a cannabis expressaram frustração com a primeira-ministra Jacinta Ardern, que se recusou a tomar posição sobre a legalização antes da eleição, mas que votou a favor dela no dia da eleição.
Sobre a eutanásia, porém a sua postura foi clara. Ardern, que manteve o cargo de primeira-ministra com uma vitória nas eleições, há muito tempo expressava seu apoio à legalização, e a medida foi aprovada com 65% dos votos.
A questão eleitoral teve apoio bipartidário, com sua principal oponente na eleição, Judith Collins, do Partido Nacional de centro-direita, que também expressou apoio.
O Parlamento aprovou um projeto de lei legalizando a eutanásia no ano passado, embora precisasse ser ratificado com pelo menos 50% de apoio em um referendo para entrar em vigor.
A partir de 6 de novembro do próximo ano, os médicos poderão prescrever legalmente uma dose letal do medicamento para pacientes que sofrem de doenças terminais com probabilidade de encerrar a vida em seis meses.
Para serem elegíveis, os pacientes devem ter um declínio significativo e contínuo na capacidade física e experimentar “sofrimento insuportável que não pode ser aliviado”.
Eles devem solicitar voluntariamente o procedimento e mostrar que são capazes de tomar uma decisão informada. Dois médicos terão que assinar a decisão
“Que grande dia para ser um Kiwi“, disse ao site New York Times, David Seymour, o legislador que patrocinou o ato, aos apoiadores reunidos para comemorar o resultado no Parlamento. Ele acrescentou que a votação fez da “ torna a Nova Zelândia uma sociedade mais gentil, mais compassiva e mais humana.“
A eutanásia é legal em outros cinco países como:
O “suicidio“ assistido por médicos, em que os profissionais dão aos pacientes os meios para que venha a óbito, é legal na Suíça. Alguns estados americanos e o estado australiano de Victoria legalizaram formas de eutanásia.
Da mesma forma, apenas alguns países legalizaram seu uso recreativo, embora vários o tenham descriminalizado.
Na Nova Zelândia, a medida eleitoral exigia que os eleitores aprovassem não somente o princípio geral de legalização, mas também regulamentos específicos para a criação de um mercado legal.
Cerca de 53% dos eleitores se opuseram à medida e 46% votaram sim.
Ao contrário da votação da eutanásia, o referendo da cannabis não foi vinculativo, mas o ministro da Justiça Andrew Little disse que o governo abandonaria os esforços para legalizar ou descriminalizar a droga.
Os defensores da legalização da cannabis disseram acreditar que o resultado poderia ter mudado se Ardern, que reconheceu durante um debate em 30 de setembro que havia usado a droga a um tempo atrás, tivesse declarado seu apoio.
Richard Shaw, professor de política da Universidade Massey, disse que a lacuna de sete pontos provavelmente teria sido muito mais apertada se a primeira-ministra tivesse assumido publicamente a posição de que agora sabemos que ela mesma teve na votação.
Principalmente online, disse ele, “há uma certa dose de descontentamento, frustração e muita raiva por ela agora ter indicado que tem esse cargo e não ter esclarecido por que não assumiu antes da eleição”.
A Nova Zelândia tem historicamente adotado uma abordagem conservadora em relação às drogas, na legislação, senão sempre na prática, disse Marta Rychert, pesquisadora de políticas de drogas da Universidade Massey.
O resultado, disse ela, “mostra que é difícil solicitar apoio público para uma reforma radical da lei sobre a cannabis”.
O Dr. Rychert acrescentou que as mensagens usadas pelos proponentes, que focam na saúde e no bem-estar dos neozelandeses, podem ter sido menos eficazes do que as propostas com foco econômico feitas por defensores em alguns estados americanos.
A New Zealand Drug Foundation disse que o país ainda deve agir para reverter uma abordagem punitiva às drogas que atinge os jovens e os indígenas Maori.
“Embora a maioria dos neozelandeses não tenha votado a favor do modelo proposto de legalização, o debate mostrou um desejo público claro de mudança legal de alguma forma”, disse o presidente do grupo, Tuari Potiki, em um comunicado a revista New York Times.
Meio milhão de “votos especiais” no referendo ainda precisam ser contados, e os resultados oficiais não serão divulgados até o final de novembro. Mas Little disse que os resultados eram “altamente improváveis” de serem anulados.
Referência
Bruno Oliveira
Tradutor e produtor de conteúdo do site Cannalize, apaixonado por música, fotografia, esportes radicais e culturas.
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