Aulas sobre o tratamento para quatro tipos de síndromes crônicas reuniram evidências científicas e comparações com outros medicamentos
Dor crônica e canabinoides: como foi o evento do CREMERJ
Foto: Reprodução
O CREMERJ (Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro) realizou ontem (24) o evento ‘Dor crônica e o uso de canabinoides’. Foi a primeira vez que o Conselho organizou um debate sobre as aplicações da cannabis como recurso terapêutico.
“São dois temas que chamam a atenção: dor crônica, cujo debate está felizmente aumentando, e canabinoides, substâncias que estão sendo pesquisadas apropriadamente para essas condições de saúde”, destacou o conselheiro do CREMERJ, Ronaldo Vinagre, na abertura do evento.
De acordo com o conselheiro, os medicamentos usados para tratar as dores crônicas são costumeiramente criticados. Por isso, o assunto é muito complexo entre os médicos.
Vinagre explica que a ideia de realizar o evento no Conselho veio do interesse pelo potencial terapêutico dos canabinoides – sobretudo pelos estudos.
“Uma coisa que precisa estar clara é que nossa interpretação é meramente científica. Estamos pensando no conhecimento e no benefício que podemos oferecer aos pacientes”, afirmou.
O médico anestesiologista Carlos de Barros abriu os trabalhos falando sobre os benefícios da cannabis para as dores oncológicas. Ele citou os efeitos adversos dos opioides e a crise sanitária que acontece nos Estados Unidos em decorrência destes medicamentos.
Em resposta a essa realidade, Barros trouxe uma pesquisa sobre os locais onde a cannabis medicinal. Segundo ele, houve uma redução de 25% dos óbitos por overdose e diminuição do uso de opioides.
Se um paciente utiliza opioides para tratar as dores do câncer, ele não abandonará a medicação por completo. Porém a dosagem poderá diminuir com a cannabis – que é coadjuvante”, destaca o médico.
Leia mais: Cannabis é igualmente eficaz contra dor que os opioides, segundo estudo
Sequencialmente, a neurologista Camila Pupe destacou que 5% da população tem diagnóstico de dor neuropática. Deste grupo: pelo menos 30% dos casos são refratários (de difícil controle com medicações convencionais).
“Estes pacientes merecem uma tratativa com canabinoides pelo baixo risco de efeitos colaterais. É preciso atuar em várias linhas de tratamento, com psicólogos, nutricionista e fisioterapeutas, para uma mudança de vida completa”, esclarece Pupe.
Leia mais: CBD pode ajudar dores neuropáticas, segundo estudo brasileiro
Em seu painel sobre tratamento para dores nociceptivas, o médico do trabalho Alexandre Cardoso defendeu que o canabidiol isolado não é capaz de diminuir as dores. “Não há tratamento para dor sem THC [tetrahidrocanabinol]”.
Andrei Semensato
Jornalista pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Produz conteúdos sobre Política, Saúde e Ciência. Também possui textos publicados nos blogs da Cannect e Dr. Cannabis.
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