Na última terça-feira (15) foi ao ar pela Trip FM, comandada pelo jornalista Paulo Lima, uma entrevista com Helena Guimarães, diretora geral do festival Lollapalooza.
Talvez você não conheça a executiva pois, apesar do cotidiano glamouroso digno do cargo que ocupa, Helena gosta de manter a discrição.
Conhecida intimamente como Leca, Helena mora sozinha e não tem filhos, mas gosta de contar que a filha do Eminem a chama de “tia”, e não gosta muito de ter título Platinum em companhias aéreas porque acha que voar muito atrapalha a regularidade do sono.
Durante a entrevista, Leca confessou: prefiro “ficar em casa fumando meu baseado do que fazendo facetime.”
Dichavando os pensamentos e o cotidiano da executiva, a entrevista foi um bate-papo frutífero e descontraído, que abordou, inclusive, seu contato com a cannabis medicinal.
“Sou a favor da cannabis porque me faz beber menos”, diz Leca, defendendo o uso adulto e medicinal da planta. A diretora conta que sua família nunca foi restritiva quanto ao tema.
Leca contou que teve uma orientação paterna muito importante para quem se interessar por cannabis.
“Meu pai falava pra eu só usar quando meu cérebro fosse formado. Então eu só comecei depois dos 18 anos. E adorei!”
E o conselho de seu pai estava certo.
Recentemente, uma pesquisa realizada na Universidade de Vermont em Burlington, nos Estados Unidos, em junho de 2021, apontou que a cannabis na adolescência pode prejudicar o desenvolvimento do cérebro, principalmente na região relacionada à orientação e tomada de decisões.
O que acontece é, basicamente, uma aceleração de desenvolvimento da área do córtex pré-frontal e, segundo os cientistas, esse amadurecimento precoce pode causar problemas duradouros na memória e no comportamento do indivíduo.
Outro estudo, publicado no Journal of the American Medical Association, em junho de 2021, os adolescentes devem esperar, pelo menos, até completarem 18 anos para utilizar a cannabis.
Isto porque a taxa de adesão à cannabis é maior entre adolescentes de 12 a 17 anos (10,7%) do que em jovens de 18 a 25 (6,4%) e a porcentagem de dependência dois anos após o uso também.
Hoje, toda a família de Leca tem contato com a cannabis. Seu pai usa para tratar a insônia, seus irmãos usam no contexto do esporte e sua mãe se aliou ao CBD para o tratamento de um câncer. Leca diz que, no caso de sua mãe, até o médico comemorou os resultados positivos.
“Ela não precisou fazer sessões de quimioterapia e radioterapia”, conta.
De fato, existem estudos que respaldam o depoimento de Leca.
A revista científica Journal of Clinical Oncology publicou, em março de 2021, um levantamento feito com 725 pacientes com câncer de mama, no qual 42% revelaram utilizar a cannabis como terapia adicional.
O uso de medicamentos à base da planta é recomendado para complementar o tratamento da quimioterapia, já que ajuda a combater os efeitos causados pelo procedimento, como dores, náuseas e inapetência, além das consequências geradas pelo próprio câncer.
Com tanto exemplo positivo, fica difícil ter um pensamento retrógrado com relação à cannabis.
Por isso, Helena é consciente.
“O preconceito existe e o problema acontece quando a política atravessa o campo da ciência e da medicina. Este preconceito é puro conservadorismo baseado numa teoria que se opõe à prática”, afirmou durante a entrevista à rádio.
“Não deixo o vício atrapalhar a minha vida, e acho que isso me permite não precisar de tanto remédio, nem criar muita ruga. E é aquela história: nunca foi provado que é possível morrer por causa de maconha – só se cair uma tonelada na sua cabeça [risos]”, completa.
É importante ressaltar que qualquer produto feito com a cannabis precisa ser prescrito por um médico, que poderá te orientar de forma específica e indicar qual o melhor tratamento para a sua condição.
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Lucas Panoni
Jornalista e produtor de conteúdo na Cannalize. Entusiasta da cultura canábica, artes gráficas, política e meio ambiente. Apaixonado por aprender.
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