Dia Mundial do Orgulho Autista: A cannabis como alternativa

Dia Mundial do Orgulho Autista: A cannabis como alternativa

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As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

No dia Mundial do Orgulho Autista, vale lembrar que a cannabis tem servido de alternativa para controlar os sintomas do autismo. Confira os relatos.

Hoje, dia 18 de junho, é o dia mundial do orgulho autista. Em uma data para celebrar a neurodiversidade, é claro que não poderíamos deixar de lembrar que várias crianças com a síndrome e as suas experiências com a cannabis.  

Histórias que passaram pela Cannalize

Além das crises convulsivas, o filho da pernambucana Eliane Cristina da Silva, por exemplo, também tinha autismo. O óleo da planta foi a chave não só para tratar as crises, mas também para ajudá-lo a emitir sons. 

Por causa do espectro autista, Pedro da Silva não se comunicava e os médicos acreditavam que ele não passaria disso. 

Embora distintas, as duas condições podem estar relacionadas. Estima-se que 30% dos autistas também sofram com epilepsia de difícil controle.

Miguel Vogt tem autismo severo. A condição o deixava agitado e agressivo. Mas o maior problema estava no tratamento. Os remédios para tratar a condição não podiam ser usados, pois a criança também tem cirrose hepática. 

A mãe, Giziane Vogt, conta que após três dias de uso da cannabis, ela já percebeu uma leve melhora. E agora, a criança não pode ficar sem. 

Gabrielle Moura Júnior, filha do coronel Israel Moura Júnior também se beneficiou com o óleo da planta. Como no primeiro caso, o fitofármaco era usado para tratar a epilepsia refratária, contudo, os benefícios foram além. 

A cannabis ajudou na qualidade do sono, atenção, capacidade cognitiva, psicomotora e também um pouco do seu autismo. “Me considero uma ativista da cannabis medicinal e pra mim deveria ser uma das primeiras opções” ressalta Dayane, mãe da menina.

Outra família que encontrou alívio na cannabis foi a família da Bruna Fernanda Dias. Mãe de três crianças autistas, a carioca afirma que hoje, Mateus, Isaque e Rebeca passaram a ter uma vida normal.

Embora os estudos sobre o autismo e a cannabis não sejam suficientes, estas e outras histórias mostram que a cannabis pode ser um grande aliado no tratamento não da síndrome, mas dos seus sintomas.

Há estudos sobre isso?

De maneira simples, o autismo é um transtorno neurológico que causa déficit na comunicação social, que pode envolver dificuldades com a socialização, conversa e comunicação não verbal. 

E ou também um déficit no comportamento, como movimentos repetitivos e interesses restritivos. Na maioria das vezes, autistas que têm certa deficiência intelectual podem não ter comportamentos repetitivos e vice-versa.

O Brasil não possui um número exato, nem dados oficiais de crianças e adultos com autismo. Segundo o CDC (Center of Deseases Control and Prevention) uma em cada 110 pessoas é autista no mundo. Com isso, podemos presumir que no Brasil existam cerca de dois milhões.

A condição só passou a ser considerada pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como uma síndrome em 1993. E só em 2013 o termo “Espectro Autista” foi incorporado, visto que há uma variedade de autismos. 

Illustração: Laurène Boglio

Diversas pessoas relataram uma melhora considerável após o uso do óleo, que se mostrou mais eficaz que muitos tratamentos convencionais. 

As mães perceberam a diminuição da ansiedade, irritabilidade, insônia e agressividade. O que despertou a curiosidade de pesquisadores para entender a fundo.

Estudos pré-clínicos e clínicos já estão sendo realizados. Uma pesquisa da Elsevier, por exemplo, mostrou que o óleo ajudou a controlar sintomas como distúrbios do sono, ansiedade e convulsões. 

Outras duas pesquisas realizadas em setembro e outubro  de 2019 relataram os mesmos resultados de melhorias, principalmente no sono, nos déficits  de comunicação e convulsões. 

Mas o que mais chamou atenção foi as melhoras cerebrais que antes não haviam sido exploradas. Mais um exame de ressonância magnética nos pacientes mostrou que o óleo de CBD melhorou significativamente algumas atividades cerebrais em locais específicos. 

O exame magnético foi feito também em pessoas sem TEA e não mostrou alterações com o uso do canabidiol. Isso prova de certa forma que o produto tem o poder de alterar atividades cerebrais em áreas afetadas do autismo.

Estes e outros estudos vêm sendo explorados atualmente.

 

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