A China é um dos maiores produtores de cannabis do mundo. Atualmente três das 34 regiões do país são responsáveis por metade de todo o cânhamo produzido pela indústria canábica.
Trata-se de uma subespécie da cannabis sativa com baixo teor de tetrahidrocanabinol (THC), principal componente psicotrópico da maconha. O insumo é utilizado pela indústria para a fabricação de tecidos, cordas, comestíveis, cosméticos e uma variedade de produtos.
De acordo com a Organização Mundial da Propriedade Intelectual, mais da metade das mais de 600 patentes relacionadas à planta no mundo são detidas na China.
Contudo, o uso da cannabis segue bastante restritivo no país, e segue proibido até mesmo para o uso medicinal.
O país tem uma das políticas de drogas mais rigorosas do mundo. Em casos extremos, traficantes são condenados à pena de morte. Por isso, falar de descriminalização é algo impensável.
Em dezembro do ano passado, a Comissão de Narcóticos, o órgão executivo sobre políticas de drogas das Nações Unidas, realizou uma votação para retirar a cannabis da lista de substâncias perigosas.
Um total de 53 países votaram pela retirada da cannabis e suas tinturas da lista de drogas. Contudo, assim como o Brasil, a China votou contra.
Para se ter uma ideia, as políticas de repreensão ao tráfico se tornaram mais flexíveis em 2008. Contudo, ainda há a possibilidade de internação compulsória ou trabalho forçado caso algum cidadão seja pego com drogas.
Embora os seus ancestrais cultivavam a planta há 12 mil anos, as coisas começaram a mudar no século passado, mais especificamente depois da fundação da República Popular da China na década de 1940.
Em 1985, depois da Convenção das Nações Unidas sobre Substâncias Psicotrópicas, a China proibiu qualquer cultivo de cannabis, incluindo o cânhamo. Que inclusive, era plantado há muito tempo na província de Yunnan.
O país asiático foi o pioneiro na proibição do ópio e outras drogas, além de fundar o sistema internacional proibicionista a partir do primeiro acordo internacional ocorrido na Conferência do Ópio de Xangai, em 1909.
O país só voltou a cultivar a subespécie da cannabis em 2010, quando permitiu à província de Yunnan recomeçar as colheitas para importação.
Dentro da China, até então, só era permitido a venda de óleos de cânhamo e o uso do Canabidiol (CBD) em cosméticos, vetando ainda o uso para medicamentos e alimentos.
Mas o uso tornou-se ainda mais restrito. Em maio deste ano, a Administração Nacional de Produtos Médicos (NMPA – National Medical Products Administration) proibiu ingredientes derivados da planta nos cosméticos e produtos de higiene pessoal.
Na mesma data, a China também colocou todos os canabinoides sintéticos (feitos em laboratórios) na lista de drogas controladas.
Nos últimos anos, vários países têm mudado as suas políticas tanto em relação ao uso medicinal quanto recreativo, visando principalmente o mercado. Segundo uma pesquisa da BDSA, o crescimento médio dos negócios é de 17% ao ano em todo o mundo, e pode chegar até $55 bilhões daqui a cinco anos.
No entanto, a China se mantém inflexível. Em uma conferência de imprensa feita em 2019 em Pequim, Liu Yuejin, vice-diretor da Comissão Nacional de Controle de Narcóticos, disse que a legalização em outros países significava que as autoridades chinesas “fortaleceriam ainda mais a supervisão da cannabis industrial”.
Depois da legalização do uso recreativo no Canadá em 2018, Liu Yuejin também declarou que o aumento do consumo de maconha no mundo era uma “ameaça” ao seu país.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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