Conversamos com um especialista para entender se há riscos na interação ou se é seguro usar canabidiol e antiepilépticos juntos
CBD X antiepilépticos Há interação medicamentosa
O CBD (canabidiol) se popularizou no Brasil por ajudar a tratar epilepsia, principalmente aquelas resistentes a medicamentos convencionais. A sua regulamentação em 2015 foi fortemente pressionada por mães de pacientes que precisavam importar o óleo de cannabis, mas não podiam.
Desde então, o uso do CBD tem crescido anualmente, assim como a ampliação das suas aplicações. Segundo a Kaya Mind, só em 2024, mais de 600 mil pessoas já aderiram a algum tipo de tratamento com produtos à base de cannabis.
Contudo, como ocorre com qualquer medicamento, as interações medicamentosas com a cannabis podem potencializar ou reduzir os seus efeitos. E isso acontece também quando falamos de antiepilépticos.
Para entender mais, conversamos com o neurologista André Millet que nos ajudou a entender mais sobre isso:
Para entender quais são as interações medicamentosas com a cannabis, é importante compreender como a planta trabalha no corpo. Diferente dos medicamentos tradicionais, o mecanismo de ação do canabidiol na epilepsia ocorre pelo chamado Sistema Endocanabinoide.
Ele está presente em boa parte do organismo e pode influenciar outros sistemas, como o sistema imune e claro, o sistema nervoso central, modulando as funções neurológicas. Além de atuar em outros sistemas, como a regulação de canais iônicos e processos anti-inflamatórios.
Basicamente, o CBD é capaz de modular a atividade elétrica do cérebro, ajudando a reduzir a frequência e a intensidade das crises de convulsão, especialmente em casos de epilepsia refratária, ou seja, resistente a remédios.
Segundo o médico, o CBD interage com alguns antiepilépticos ao inibir as enzimas hepáticas (CYP3A4 e CYP2C19), responsáveis por metabolizar esses medicamentos.
Isso pode aumentar os níveis dos remédios no organismo, potencializando seus efeitos e, em alguns casos, até os efeitos colaterais. Porém, o neurologista destaca que isso nem sempre é negativo:
“É possível, com supervisão, usar o aumento da concentração de outro medicamento para melhorar o controle das convulsões.’ Ainda assim, essas interações variam conforme o antiepiléptico e exigem monitoramento cuidadoso.”
O Dr. André Millet elenca alguns antiepilépticos que podem interagir com o CBD e que possuem evidências científicas, como:
Utilizado principalmente para ansiedade aguda e crônica, o medicamento também é aprovado como um tratamento complementar para convulsões em crianças com 2 anos de idade ou mais. Além de adultos com tipos de convulsões que podem estar associadas à Síndrome Lennox-Gastaut.
Contudo, se for utilizar a cannabis em conjunto, é preciso entender que pode existir uma interação. Isso porque revisões sistemáticas confirmam que o CBD eleva os níveis de clobazam em 60 e 300% a inibição das enzimas hepáticas CYP3A4 e CYP2C19.
Isso quer dizer que o CBD pode aumentar bastante a quantidade de clobazam no corpo e pode chegar a 300% a mais do que o normal. Ainda assim, os profissionais consideram seguro o uso do canabidiol junto com a medicação. É até recomendado.
Também conhecido como Depakene ou Depakote, os pacientes utilizam o medicamento principalmente para epilepsia, embora também seja útil em condições como transtorno bipolar e prevenção de enxaquecas.
Contudo, alguns estudos observacionais, já associam a combinação ao risco de hepatoxicidade. Dessa forma, por falta de estudos mais robustos, a recomendação de utilizar os dois juntos é de cautela e monitoramento hepático
A Carbamazepina é outro medicamento utilizado para tratar tanto a epilepsia quanto dores neuropáticas. Com uma ação bastante parecida ao Valproato, a interação com o CBD é ainda menos explorada.
Da mesma forma, os registros sobre a interação com a Fenitoína, um dos antiepilépticos mais antigos que existem, também foi pouco investigado.
Até agora, o que se tem são relatos de casos e modelos pré-clínicos, que sugerem alguma influência. Dessa forma, a recomendação para o uso dos dois remédios juntos é menor ainda.
É importante ressaltar que a introdução ou o desmame de remédios como anticonvulsivantes precisa ser orientado e acompanhado de perto por um médico, que poderá entender se esse é o melhor caso.
Portanto, antes de perguntar o que não se pode tomar com canabidiol, é necessário avaliar com o profissional para entender até se a cannabis é o melhor caminho para o caso em questão.
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Tainara Cavalcante
Jornalista pela Fapcom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós graduada na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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