Alguns fitoterápicos são conhecidos por interferir e até cortar o efeito da pílula. Mas e quando falamos sobre cannabis medicinal?
O uso da cannabis medicinal é cada vez mais frequente no Brasil para o tratamento de uma série de condições médicas. Principalmente por ser um remédio mais natural e com poucos efeitos colaterais.
Por outro lado, assim como medicamentos convencionais, não está isento de interação medicamentosa. Já falamos aqui sobre a influência da planta com anticoagulantes, antibióticos, opioides e até antidepressivos. Mas e quando falamos sobre anticoncepcionais?
Para falar sobre isso, conversamos com a médica ginecologista Mariana Prado para entender melhor se a cannabis pode ou não interferir no método contraceptivo.
Os fitoterápicos são remédios feitos integralmente a partir das plantas para tratar uma série de condições médicas. Extraído de raízes, caules, sementes, flores e folhas, eles são uma evolução das plantas medicinais, usadas há milhares de anos.
Por outro lado, assim como medicamentos produzidos em laboratório, também possuem interações com outros tratamentos, o que pode potencializar ou até cortar o efeito de outras medicações.
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Quando falamos métodos contraceptivos, por exemplo, a ginecologista explica que alguns remédios feitos a partir de plantas podem ser um problema para quem não quer engravidar.
“Via de regra, quando a pessoa menstruante usa algum fitoterápico que simule a ação de algum hormônio, isso pode inferir na ação anticoncepcional”, explica.
Por isso, a médica reforça que é extremamente importante abordar o tema em consulta, pois o profissional irá pesquisar os compostos e entender quais são as possíveis reações com o remédio que se está tomando.
De acordo com a ginecologista, há alguns remédios feitos com plantas que podem sim cortar o efeito da pílula, pois podem interferir na absorção hormonal e bloquear o efeito do método contraceptivo, como:
Erva de São João. A Hypericum perforatum, também conhecida como hipericão ou hipérico, é conhecida por tratar depressão, ansiedade, tensão muscular entre outras condições. Isso porque ela possui propriedades antibacterianas, antifúngicas, antioxidantes e, claro, antidepressivas.
Saw Palmetto. A Serenoa repens ou Palmeira da Serra, é um fitoterápico bastante conhecido para a saúde capilar. Há até estudos que mostram uma melhora significativa na prevenção da queda capilar. A planta também ajuda em problemas urinários, regula os níveis de testosterona e ainda possui propriedades anti-inflamatórias que ajudam a reduzir dores.
Erva de São Cristóvão. A Cimicifuga racemosa é um fitoterápico bastante utilizado para o alívio dos sintomas pré e pós-menopausa, como ondas de calor, suor excessivo, palpitações, alterações de humor e de sono.
Espinheira Santa. A Maytenus Ilicifolia é uma planta brasileira com propriedades cicatrizantes, anti sépticas e antiácidas. Popularmente é usada para tratar gastrite, úlcera, queimação, azia e indigestão.
A cannabis atua no chamado Sistema Endocanabinoide, um sistema presente em quase todo organismo ajudando a restaurar a homeostase, ou seja, o equilíbrio de várias funções do corpo.
Se algo não está funcionando corretamente, ele envia canabinoides, moléculas que sinalizam que algo está errado e que precisa ser corrigido. E é aí que a cannabis pode atuar.
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Ela também possui canabinoides, que funcionam de forma parecida com os nossos. Por isso que a planta é eficaz em tantas condições médicas.
Dessa forma, a planta também pode influenciar o sistema reprodutivo da mulher, reduzindo dores, inflamações, células desreguladas e pode auxiliar até na regulação dos hormônios.
Se a cannabis pode influenciar em tudo isso, ela pode cortar ou potencializar o efeito da pílula?
De acordo com a Dra Mariana Prado, as informações que temos até agora são insuficientes para fazer declarações definitivas. “As evidências atuais sugerem que o uso de CBD pode diminuir o desempenho do contraceptivo mas sem informações acerca da magnitude”, acrescenta.
Então, a recomendação será sempre consumir o medicamento canábico afastado de outras medicações. A médica indica um período de até duas horas entre um remédio e o outro e até quando falamos de refeições.
Mas ainda assim é importante que você fale com o seu ginecologista antes de começar o tratamento canábico.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Fapcom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós graduanda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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