Cannabis no tratamento de epilepsia e convulsões

Cannabis no tratamento de epilepsia e convulsões

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As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Como a cannabis medicinal se tornou uma alternativa comum para uma lista de doenças, os pacientes têm encontrado um lugar para ela próximo ao lado de medicamentos como advil e tums.

Mas ao contrário de muitas outras dores crônicas que podem ser controladas com suplementos sem receita, a epilepsia precisa de produtos específicos que não estão disponíveis em qualquer lugar.

É por isso que a cannabis e especificamente seu composto químico CBD (canabidiol), se tornou tao importante para as famílias que lutam para tratar seus entes quereres epiléticos.

A cannabis demonstrou tantas promessas em tratamentos de epilepsia que os ensaios químicos aprovados pela FDA (Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos), estão em andamento.

Mas, por que a cannabis é tão eficaz no tratamento de convulsões e por que é fundamental que as investigações clínicas continuem?

O que é epilepsia e o que ela causa?

A epilepsia é caraterizada por crises recorrentes de convulsões intensas e efeitos variáveis.

Essas convulsões são geralmente causadas por distúrbios em regiões especificas do cérebro que criam tempestades de atividades elétricas extras.

Aproximadamente 1 em cada 6 americanos desenvolvem epilepsia durante o decorrer da vida e dois terços deles diagnosticados não tem nenhuma origem especifica de distúrbio.

Mas talvez o fato mais angustiante é que 34% das mortes infantis são devidas a epilepsia ou acidente que ocorrem durante as convulsões.

Esses casos ilustram o ”pouco caso” diante da epilepsia e a incrível necessidade não atendida do desenvolvimento de novos mediamentos para o tratamento de convulsões.

Enquanto um distúrbio convulsivo pode ser perturbador no estilo de vida de alguém e pode até ser mortal, muitos pacientes conseguem adquirir tratamentos e remédios enquanto outros simplesmente crescem com isso.

Convulsões e distúrbios são tão únicos quanto a pessoa atingida por eles, o que pode dificultar o tratamento.

Recentemente, epilepsia e cannabis foi destacada nas notícias, especialmente historias de sucessos sobre crianças com epilepsia que estão tratando com cannabis medicinal. Alguns exemplos incluem Charlotte Figi, Renee e Brandon Preto.

Esses casos e outros, destacaram os usos medicinais da cannabis

Estado atual sobre a cannabis e a epilepsia.

Essas historias inspiradoras ajudam a iluminar a eficácia medicinal da cannabis enquanto e suas possibilidade de tratamentos, desde idosos até os mais jovens.

Apesar da capacidade de CBD e cannabis medicinal  parecer evidente, o DEA (órgão de polícia federal do Departamento de Justiça dos Estados Unidos) permitiu recentemente que as instituições acadêmicas explorassem os efeitos, efeitos colaterais e a utilidade da cannabis como uma planta medicinal.

Essa mudança é um enorme salto para os pesquisadores, empresas farmacêuticas, criadores e a comunidade da cannabis, em geral.

“Com base nesses estudos pré-clínicos, alguém ficaria entusiasmado com o poder terapêutico dos canabinoides, mas a complexa regulamentação que envolve essas substâncias impediram a investigação científica de seu potencial terapêutico.” escreveu o Dr. Francis M. Filloux na revista Translational Pediatrics.

Não existe outro medicamento na história que tenha sido tão consumido e aplicado para uso medicinal sem a permissão institucional simbolizada por ensaios clínicos em humanos.

Atualmente, porém, pacientes em todo o país tem acesso às versões “genéricas” de produtos de cannabis ricos em CBD que salvam vidas e estão crescendo além do alcance regulatório da FDA.

Ao conduzir ensaios clínicos com CBD puro, evidências científicas testadas podem revelar o caminho em direção a uma variedade de produtos com relação CBD / THC.

Os ensaios clínicos se tornam mais rigorosos à medida que avançam em cada estágio.

Atualmente, a GW Pharmaceuticals (empresa biofarmacêutica britânica) está passando por testes clínicos de estágio 3 em Epidiolex, uma preparação quase pura de CBD (98% +), para confirmar o nível terapêutico desse canabinoide.

Este é também um salto impressionante para a cannabis e os remédios.

Embora essa história de sucesso científico não seja aparentemente grandioso como o de Brandon ou Charlotte, ela é necessária para provar a eficácia das terapias à base de cannabis e sua receita medicinal.

Por que a Cannabis funciona para epilepsia e convulsões?

O sistema canabinoide endógeno é onipresente em nossos corpos e é regulado pelos canabinoides encontrados na cannabis.

Com uma utilidade biológica tão poderosa em todo o corpo humano, é óbvio que quanto mais estudos científicos da cannabis forem feitos e a mais produtos criados, mais o consumidor será beneficiado.

Catherine Jacobson, diretora de pesquisa clínica da produtora canadense Tilray, avalia o futuro da cannabis medicinal e o progresso científico que precisa ser feito:

“Uma fórmula pura de CBD foi a maneira mais segura de iniciar testes em pacientes com epilepsia por não ser psicoativo. O problema com o desenvolvimento de uma única fórmula pura de CBD é que a epilepsia nunca foi um distúrbio único.”


Das 200.000 crianças que vivem com epilepsia resistente ao tratamento, apenas algumas têm acesso a ensaios clínicos que estudam o CBD.

Isso leva a maioria dos pais e pacientes adquirirem sua própria cannabis rica em CBD, que sempre contém uma porcentagem de THC.

É importante aprender com esses casos para entender quais tipos de epilepsias podem responder a um produto combinado e para informar futuros ensaios clínicos.

Os primeiros resultados de estudos clínicos sobre o Epidiolex da GW mostram claramente um efeito benéfico do CBD em alguns tipos de convulsões.

A epilepsia é surpreendentemente comum, perturbadora e até mortal. Mas a incerteza por trás do poder da cannabis e do CBD para o tratamento da epilepsia está diminuindo.

Esta “substância controlada” está finalmente recebendo sua devida atenção da comunidade científica.

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